Série Cabo Hatteras
Esse insensato amor é um pecado...a perdição!
Uma paixão profunda e traiçoeira ameaçava destruir a honra de um homem do mar!
De seu esconderijo, Prudence observou o homem loiro, com uma marca inconfundível na face. Seu coração disparou de ódio e revolta. Arrumou rapidamente as roupas masculinas de seu disfarce e preparou-se para atacar o infame pirata que matara seu pai.
Quando o "rapaz" surgiu à sua frente, Gideon McNair estalou o chicote, fazendo a arma cair das mãos de seu agressor. Depois, para castigar o jovem assaltante, obrigou-o a trabalhar em seu navio. Arrependeu-se imediatamente! A proximidade do corpo frágil provocava-lhe um calor estranho... o calor das profundezas do inferno e da perdição!
Capítulo Um
Novembro de 1728
Prudence contemplou mais uma vez a saia-balão cor de pêssego, o peitilho rendado e as anquinhas suspirando com desgosto. O vestido pertencera à mãe, e a avó ordenara-lhe que o usasse nessa noite, gostasse ou não. Desobedecer, nem pensar. E isso significava espartilho, meias, ligas e toda aquela parafernália de badulaques necessária para brincar de dama.
— Prudenceee! Ainda não se vestiu, menina?
— Quase, vó — gritou, voando para a penteadeira e torcendo rapidamente a trança vasta e castanha numa coroa no alto da cabeça. — Estou me penteando!
— Quer que Lillah suba para ajudar?
— Não, obrigada, já estou terminando!
Tomada de pânico, Prudence livrou-se das botas — herança de Pride, que crescera demais — e atirou longe as calças velhas e surradas, de que tanto gostava. Céus, se Lillah a visse de calças, certamente iria correndo contar para a velha Hosana. E se isso acontecesse, a avó não só a prenderia no quarto de castigo um dia inteiro, como ainda não a deixaria pôr o nariz para fora da casa o resto do ano!
Tudo indicava que seria obrigada a aturar Albert Thurston mais uma vez; pouco antes de trepar pelos ramos do grande carvalho e se esgueirar para o quarto, vislumbrara pela janela da sala de jantar mais um talher na mesa caprichada. Um sorriso travesso desenhou-se em seus lábios enquanto lançava um olhar cúmplice para o velho carvalho, que lhe servia de entrada e saída nas excursões de caça e pesca, bem como nas atividades noturnas de Haskell e Nye.
Haskell e Nye... Teriam existido mesmo ou eram apenas personagens lendárias das histórias fantásticas que seu pai costumava contar? Enquanto se enfiava dentro da incômoda camiseta de renda bordada, sua mente divagou por alguns momentos, e Prudence visualizou o pai com o cachimbo favorito na mão, embalando-a com relatos arrepiantes e inverossímeis sobre os dois destemidos marujos...
Bem, história verdadeira ou não, ambos agora existiam. Nos últimos três anos, desde que os malvados piratas franceses haviam assassinado Urias e afundado a escuna nova carregada de peles, tabaco, especiarias e madeiras preciosas, Prudence e Pride tinham resolvido se vingar. Disfarçados como dois marujos malandros chamados Haskell e Nye, costumavam sair à noite em busca de qualquer pirata que se aventurasse a aportar na pequena ilha atrás de bebida, mulheres e jogos.
Com um grunhido contrariado, Prudence enfiou as longas pernas dentro das meias de seda branca, prendendo-as com trapos velhos na altura das coxas. O elegante par de ligas que a avó lhe dera sumira como por encanto na perene bagunça que era seu quarto. Agora o execrável espartilho, maldito fosse! Se os homens tivessem de passar por essa mumificação toda para freqüentar a sociedade, o mundo deixaria de existir, sem sombra de dúvida.
Apanhando uma das botas, Prudence atirou-a com força contra o tabique que dividia o quarto em dois.
— Psiu, Pride! Você está aí?
Série Cabo Hatteras
1 - Feitiço Branco
2 - Anjo Apaixonado
3 - Mar de Desejo
Série Concluída
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27 de fevereiro de 2011
26 de fevereiro de 2011
Anjo Apaixonado
Série Cabo Hatteras
Cabel Rawson nunca precisou pagar para receber a atenção de uma mulher. Por isso, ao ver a jovem frágil e bela se oferecendo no cais, odiou-se pelo súbito desejo que o consumiu.
A moça era Maggie McNair, fugindo de um passado que quase a destruíra. Assim, quando um bondoso viúvo pediu-a em casamento, Maggie aceitou cheia de gratidão. Como poderia adivinhar que o irrascível capitão de profundos olhos castanhos, que a aterrorizara e a atraíra na noite que antecedera a grande mudança de sua vida, era Cabel Rawson, filho de seu marido?
Antes do casamento, uma ligação entre ela e Cabel já teria sido difícil. Agora tornava-se impossível!
Capítulo Um
Cabo Hatteras, 1718
Cabel não sabia se ria ou chorava. Não fosse a frustração, principalmente a física, podia até achar graça. O contraste entre a exuberante Letícia e o marido era qualquer coisa de hilariante. Com aquela compleição, o pobre Gcorge teria de engolir um litro de afrodisíaco por dia se esperava satisfazer a noiva, pensou com cinismo enquanto ganhava a rua. Amenos que sua examante tivesse mudado muito desde a última vez. Pelo que se lembrava, Letícia era capaz de esgotar um homem antes mesmo que ele tirasse os sapatos.
O Gato do Mato, um cabaré barulhento que fazia as vezes de restaurante, pub, salão de jogos e foro de debates políticos estava, como sempre, superlotado. A fumaça pairava sob o teto baixo, envolvendo o salão com seu manto sufocante. O cheiro de rum misturado ao dos corpos suados penetroulhe as narinas e Cabel Rawson, mais afeito ao ar puro do alto-mar, fez uma careta de desgosto. Recusou a série de convites para sentar-se à mesa de amigos, preferindo o balcão do bar. Não estava disposto a jogar conversa fora, embora conhecesse a grande maioria dos presentes — marinheiros e prostitutas, além de um ou dois políticos locais. Desses, em especial, queria distância. Qualquer um que fosse visto bebendo em companhia de políticos era olhado com total desconfiança, e não sem razão.
Enxugando o suor da testa com a manga da camisa, Cabe jogou uma moeda de cobre no balcão e pediu uma dose dupla de rum. Talvez não fosse má idéia se embriagar naquela noite… Maldição. Letícia podia ao menos ter tido a decência de avisar que havia se casado!
Série Cabo Hatteras
1 - Feitiço Branco
2 - Anjo Apaixonado
3 - Mar de Desejo
Série Concluída
Cabel Rawson nunca precisou pagar para receber a atenção de uma mulher. Por isso, ao ver a jovem frágil e bela se oferecendo no cais, odiou-se pelo súbito desejo que o consumiu.
A moça era Maggie McNair, fugindo de um passado que quase a destruíra. Assim, quando um bondoso viúvo pediu-a em casamento, Maggie aceitou cheia de gratidão. Como poderia adivinhar que o irrascível capitão de profundos olhos castanhos, que a aterrorizara e a atraíra na noite que antecedera a grande mudança de sua vida, era Cabel Rawson, filho de seu marido?
Antes do casamento, uma ligação entre ela e Cabel já teria sido difícil. Agora tornava-se impossível!
Capítulo Um
Cabo Hatteras, 1718
Cabel não sabia se ria ou chorava. Não fosse a frustração, principalmente a física, podia até achar graça. O contraste entre a exuberante Letícia e o marido era qualquer coisa de hilariante. Com aquela compleição, o pobre Gcorge teria de engolir um litro de afrodisíaco por dia se esperava satisfazer a noiva, pensou com cinismo enquanto ganhava a rua. Amenos que sua examante tivesse mudado muito desde a última vez. Pelo que se lembrava, Letícia era capaz de esgotar um homem antes mesmo que ele tirasse os sapatos.
O Gato do Mato, um cabaré barulhento que fazia as vezes de restaurante, pub, salão de jogos e foro de debates políticos estava, como sempre, superlotado. A fumaça pairava sob o teto baixo, envolvendo o salão com seu manto sufocante. O cheiro de rum misturado ao dos corpos suados penetroulhe as narinas e Cabel Rawson, mais afeito ao ar puro do alto-mar, fez uma careta de desgosto. Recusou a série de convites para sentar-se à mesa de amigos, preferindo o balcão do bar. Não estava disposto a jogar conversa fora, embora conhecesse a grande maioria dos presentes — marinheiros e prostitutas, além de um ou dois políticos locais. Desses, em especial, queria distância. Qualquer um que fosse visto bebendo em companhia de políticos era olhado com total desconfiança, e não sem razão.
Enxugando o suor da testa com a manga da camisa, Cabe jogou uma moeda de cobre no balcão e pediu uma dose dupla de rum. Talvez não fosse má idéia se embriagar naquela noite… Maldição. Letícia podia ao menos ter tido a decência de avisar que havia se casado!
Correu os olhos pela taverna enfumaçada. Nada naquela cidade o atraía, exceto os baixos impostos que lhe permitiam fechar negócios de vulto num abrir e piscar de olhos. Não fosse por isso, há muito teria deixado Bath Tovvne.
Ao menos o Bridget achava-se no porto, pronto para zarpar para as Antilhas na primeira maré, os porões carregados até o teto. E, graças ao bom Deus, dessa vez o pai dele ficaria em casa para cuidar dos pequenos, tarefa na qual se revezavam regularmente.
Nem mesmo a idéia do embarque, porém, melhorou o mau humor de Cabel. Era uma viagem longa e mais do que nunca precisava aliviar a tensão…
A medida que a caneca se esvaziava, sentia a raiva aumentar. Por que diabos Letícia não esperara pelo menos até que ele partisse? Poderia até tê-la pedido em casamento, se ela houvesse tido o mínimo de paciência.
Uma voz inoportuna se fez ouvir dentro dele. Mentira. Jamais se casaria com Letícia. Definitivamente, ela não era o tipo capaz de aceitar de bom grado uma família já formada, composta de um velho birrento, um rapazola desengonçado de dezessete anos, um moleque de oito e um bebe de colo.
Ainda assim, ruminou Cabe, ela poderia ter ao menos lhe dado tempo de encontrar outra… Sobretudo, uma que não sonhasse com matrimônio.
Série Cabo Hatteras
1 - Feitiço Branco
2 - Anjo Apaixonado
3 - Mar de Desejo
Série Concluída
25 de fevereiro de 2011
Feitiço Branco
Série Cabo Hatteras
Kinnahauk fitava incrédulo a criatura pálida e frágil deitada na areia. Então era aquela a virgem que o grande Espírito lhe prometera trazer do outro lado das águas?
A marca feita a fogo na testa da moça branca confirmava a profecia.
Temerosa, Bridget examinou o magnífico selvagem seminu que tinha diante de si.
Com certeza ela estava longe das colônias inglesas e do fazendeiro com quem prometera se casar.
Seria possível que tivesse escapado de morrer queimada como feiticeira na Inglaterra apenas para cair prisioneira de um índio de olhos dourados?
Fugir era o único pensamento claro na mente atordoada de Bridget enquanto Kinnahauk apertava os punhos com força e erguia os olhos para o céu que começava a escurecer. Só podia ser um castigo dos Deuses!
Capítulo Um
Inglaterra, 1681
Os trovões rugiam no céu, enquanto Bridget, apressada, cruzava a cerca em direção ao seu chalé.
Ela franziu a testa, olhando as nuvens escuras. Promessas vazias. Segurando três ovos em seu avental, ela saltou o leito seco de um riacho, marcado pelos cascos do gado sedento.
Se não tivesse tanta coisa a fazer, iria até a fonte de água para molhar os pés.
Mas levara mais tempo do que esperava, aplicando o cataplasma ao pé inflamado de Sarah Humphrey.
A velha cacarejava como uma galinha e era capaz de inventar um semnúmero de motivos para ter sua companhia.
Tanto ela quanto sua mãe, Anne, tinham avisado a mulher para não andar descalça nos lugares onde os animais defecavam, mas Sarah estava ficando cada vez mais esquecida.
Não que Bridget se importasse de parar na casa de Sarah por alguns instantes, quando ia alimentar os gatos e galinhas.
Fizera isso todos os dias, durante a última semana, sempre levando comida e o cataplasma. Mas havia outros que precisavam de sua ajuda.
Ela estava se aproximando do chalé de dois cômodos, que dividia com a mãe, quando ouviu as vozes.
De início, pensou que fossem apenas os trovões que rugiam há tanto tempo, enquanto as plantações morriam de sede nos campos e as folhas tornavam-se marrons antes da hora. Mas o tom agudo de Dodie Crankshaw era mais parecido com os gritos de um galo do que com um trovão.
— É ela, eu já disse! Vi tudo com esse zólho meu!
— Ela é uma bruxa, eu juro! O leite da vaca de John não secou? E a minha mãe não ficou manca?
Bridget começou a correr, suando só de pensar em sua tímida mãe sozinha e incapaz de se defender da geniosa megera.
Anne tivera, recentemente, uma infecção da garganta, que a privara da voz e, até o momento, o chá de casca de elmo pouco alívio lhe trouxera.
A atmosfera estava se tornando mais opressiva, a cada momento. Nem o mais leve sopro de vento agitava as folhas murchas das árvores próximas.
O céu acinzentado lançava uma luz fantasmagórica sobre o canteiro de ervas bem cuidado, que era o domínio de Bridget, e o ar pesado intensificava seu aroma pungente. Bridget deixou cair os ovos que carregava, sem pensar em suas cascas frágeis. A toda velocidade, passou pelo pé de malvarosa e dobrou o canto do minúsculo chalé.
— Mãe? Cheguei! Vim... Não! Por favor, meu Deus, não!
Série Cabo Hatteras
1 - Feitiço Branco
2 - Anjo Apaixonado
3 - Mar de Desejo
Série Concluída
Kinnahauk fitava incrédulo a criatura pálida e frágil deitada na areia. Então era aquela a virgem que o grande Espírito lhe prometera trazer do outro lado das águas?
A marca feita a fogo na testa da moça branca confirmava a profecia.
Temerosa, Bridget examinou o magnífico selvagem seminu que tinha diante de si.
Com certeza ela estava longe das colônias inglesas e do fazendeiro com quem prometera se casar.
Seria possível que tivesse escapado de morrer queimada como feiticeira na Inglaterra apenas para cair prisioneira de um índio de olhos dourados?
Fugir era o único pensamento claro na mente atordoada de Bridget enquanto Kinnahauk apertava os punhos com força e erguia os olhos para o céu que começava a escurecer. Só podia ser um castigo dos Deuses!
Capítulo Um
Inglaterra, 1681
Os trovões rugiam no céu, enquanto Bridget, apressada, cruzava a cerca em direção ao seu chalé.
Ela franziu a testa, olhando as nuvens escuras. Promessas vazias. Segurando três ovos em seu avental, ela saltou o leito seco de um riacho, marcado pelos cascos do gado sedento.
Se não tivesse tanta coisa a fazer, iria até a fonte de água para molhar os pés.
Mas levara mais tempo do que esperava, aplicando o cataplasma ao pé inflamado de Sarah Humphrey.
A velha cacarejava como uma galinha e era capaz de inventar um semnúmero de motivos para ter sua companhia.
Tanto ela quanto sua mãe, Anne, tinham avisado a mulher para não andar descalça nos lugares onde os animais defecavam, mas Sarah estava ficando cada vez mais esquecida.
Não que Bridget se importasse de parar na casa de Sarah por alguns instantes, quando ia alimentar os gatos e galinhas.
Fizera isso todos os dias, durante a última semana, sempre levando comida e o cataplasma. Mas havia outros que precisavam de sua ajuda.
Ela estava se aproximando do chalé de dois cômodos, que dividia com a mãe, quando ouviu as vozes.
De início, pensou que fossem apenas os trovões que rugiam há tanto tempo, enquanto as plantações morriam de sede nos campos e as folhas tornavam-se marrons antes da hora. Mas o tom agudo de Dodie Crankshaw era mais parecido com os gritos de um galo do que com um trovão.
— É ela, eu já disse! Vi tudo com esse zólho meu!
— Ela é uma bruxa, eu juro! O leite da vaca de John não secou? E a minha mãe não ficou manca?
Bridget começou a correr, suando só de pensar em sua tímida mãe sozinha e incapaz de se defender da geniosa megera.
Anne tivera, recentemente, uma infecção da garganta, que a privara da voz e, até o momento, o chá de casca de elmo pouco alívio lhe trouxera.
A atmosfera estava se tornando mais opressiva, a cada momento. Nem o mais leve sopro de vento agitava as folhas murchas das árvores próximas.
O céu acinzentado lançava uma luz fantasmagórica sobre o canteiro de ervas bem cuidado, que era o domínio de Bridget, e o ar pesado intensificava seu aroma pungente. Bridget deixou cair os ovos que carregava, sem pensar em suas cascas frágeis. A toda velocidade, passou pelo pé de malvarosa e dobrou o canto do minúsculo chalé.
— Mãe? Cheguei! Vim... Não! Por favor, meu Deus, não!
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