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29 de outubro de 2024

Uma paisagem de amor

Série Filhos Perversos

Um homem motivado para o sucesso…Hartley De Beauvoir nasceu na pobreza, passando pelos primeiros anos no asilo, experiência que deixou marcas indeléveis em seu caráter. Adotado por Minerva e Inigo De Beauvoir aos seis anos, Hart sabe que deve tudo a eles. Todo o seu foco gira em torno do desejo de ser digno do nome que lhe deram e se tornar um sucesso por seus próprios méritos. Já tendo construído seu próprio império com a De Beauvoir Viveiros e Paisagismo, seu objetivo é se tornar um dos principais paisagistas do país. Quando o duque de Beresford o contrata para redesenhar os jardins de Hardacre Hall, Hart sabe que é uma oportunidade única na vida, e ele não quer interrupções para atingir seu objetivo.
Uma distração adorável…Lady Fidelia Ponsonby é linda, intocável e envolta em tristeza. Enquanto Hart a observa caminhar pelos jardins diariamente, seu coração se parte pela adorável jovem que parece não encontrar prazer no ambiente, nenhuma alegria no mundo ao seu redor. Apesar de saber que não deve se envolver com a filha de um duque, Hart encontra-se atraído involuntariamente para o mundo dela e o destinatário de suas confidências.
Uma segunda chance…Enganada por um homem que ela pensava que a amava, Fidelia se sente atraída por Hart, um homem rude e de fala franca que prefere plantas a pessoas. Quando ele a resgata de um acidente que quase ceifou sua vida, ele quebra o feitiço de melancolia que manteve Fidelia sob seu controle por tanto tempo e lhe dá a confiança para viver novamente e a esperança de mais do que ela acreditava ser possível.
Alcançando a lua…No final Hart sabe que não há futuro para o bastardo do asilo e para a filha do duque, mas não pode abandonar Fidelia quando ela não tem mais ninguém para mantê-la a salvo do escândalo e do desespero. No final, Hart pode ter que sacrificar tudo para salvar a mulher que ama, mas alguns sacrifícios são mais fáceis que outros.

Capítulo Um

— Você aí… Harris, não é?
O jovem assentiu e correu até Hart. — Sim, senhor?
— Diga aos homens para fazerem uma pausa, mas quero todo esse trecho marcado, e os níveis registrados até o final do dia. Isso está entendido? Começaremos a limpar a grama amanhã e quero que ela esteja pronta para começar logo.
— Certamente, senhor — disse Harris, acenando com a cabeça.
Hart tirou o chapéu e enxugou a testa na manga da camisa. Essa era a parte mais tediosa para ele, medir e medir níveis, traçar onde iriam os caminhos e as dificuldades, mas também era a mais importante. Se ele cometesse um erro agora, isso poderia ter consequências desastrosas. Portanto, embora estivesse ansioso, desesperado para mandar os homens cavarem e mudar a paisagem à sua frente, ele tinha que se conter. Meça duas vezes, corte uma vez, seu pai sempre lhe dissera, e sua paciência e maneira metódica de trabalhar eram algo que Hart aspirava reproduzir.
Um movimento à distância chamou sua atenção e ele se virou, vendo uma jovem caminhando à beira do lago. Ela fazia uma imagem adorável, embora melancólica, sua figura delicada e suas saias flutuando ao seu redor enquanto ela se movia. 
Ele já a tinha visto antes, sempre à beira do lago, andando de cabeça baixa. Seu cabelo louro, preso sob uma touca simples, tinha se soltado em alguns lugares, escapando dos grampos, e voava sobre seu rosto quando a brisa o soprava. Uma das filhas do duque, pelo que lhe disseram. Hart parou o que estava fazendo e observou enquanto ela se movia ao longo da costa. Harris disse que ela era Lady Fidelia, que adorava os jardins e passeava por eles todos os dias, mas Hart duvidava disso. Ele não achava que ela tivesse visto os jardins. 
Ela podia colocar um pé na frente do outro e passar por eles, mas não se envolvia com o ambiente. Como ela poderia se ela raramente olhava para cima? Uma alma perturbada, pensou Hart, sentindo uma onda de pena por alguém tão jovem e adorável ser tão melancólica. Ele se perguntou o que a levava a caminhar sozinha por horas seguidas. Provavelmente um caso de amor condenado, supôs. Ela ainda era jovem, então voltaria com o tempo. 
Ele duvidava que uma mulher assim tivesse problemas para atrair um companheiro adequado, e imaginava como os homens deviam ter se esforçado para chegar perto dela durante a temporada. Talvez não tenha sido tão fácil. Ele mesmo sabia quantos homens da alta sociedade viam as mulheres como propriedade e as tratavam como tal. Era isso que a deixava tão infeliz – a perspectiva de um casamento como aquele?
5- Uma paisagem de amor

1 de outubro de 2024

O Espinho e a Rosa

Série Filhos Perversos
Quando Lorde Thomas Barrington, conhecido universalmente como “Thorn” é vítima do homem que tenta destruir o clube de jogo do cavalheiro. Os Filhos de Hades, ele é espancado e deixado para morrer. 
Entra em cena uma bela e misteriosa mulher que resgata Thorn e cuida dele para recuperá-lo, escondida no porão da casa em que mora. Mas a senhora que ele conhece apenas como “Marie” recusa-se a contar-lhe mais sobre si mesma, sob o argumento de que ele deve permanecer fora de vista, e parece viver com medo do seu irmão dominador.
Uma linda lembrança…
Com medo de que seu irmão descubra que ela abrigou um homem ferido debaixo de seu nariz, Marie força Thorn a ir embora, implorando que ele a esqueça e nunca mais pense nela. Isso é algo que Thorn não pode fazer, seus instintos cavalheirescos lhe dizem que a mulher está em sérios apuros e a memória de sua bela salvadora não sairá de sua mente.

Capítulo Um

Em algum lugar de Londres.
Thorn não sabia quanto tempo dormiu. Quando estava um pouco consciente, tinha apenas uma vaga consciência de mãos gentis banhando seu rosto com um pano frio, alimentando-o com colheradas de sopa e láudano e aplicando pomadas em seus cortes e hematomas. Ele acordou e apagou, atormentado por sonhos estranhos. Frequentemente, ele perseguia uma mulher que estava sempre fora de alcance. Ele a via de relance, mas toda vez que ele a chamava para esperar por ele, sua voz não funcionava, o som que saía de sua boca era apenas um sussurro, e então ela desaparecia. A frustração o consumiu, mas então ele foi empurrado de volta para o beco, com o homem que o espancou com tanto prazer enquanto seus capangas contratados o mantinham imóvel.
Quando acordou, achou que os sonhos eram preferíveis. Dor e desorientação foram os únicos benefícios de abrir os olhos. Ele nunca se considerou especialmente vaidoso, talvez porque havia muitas mulheres prontas e dispostas a mostrar-lhe o quão bonito o consideravam, sem necessidade de mais provas. Ao acordar agora, porém, a estranha sensação de sua cabeça ser muito maior do que o normal foi suficiente para fazê-lo estremecer ao pensar em se deparar com um espelho. Não que ele fosse ver muita coisa se olhasse; seus olhos estavam tão inchados que parecia que ele estava espiando o mundo através de uma fresta estreita.
— Ah, você está acordado!
Cautelosamente, Thorn virou a cabeça em direção à voz suave que reconheceu. Ele tentou sorrir, rapidamente se arrependendo do impulso ao perceber que tinha um lábio cortado. Ele estremeceu e levou a mão à boca, arrependendo-se disso também, enquanto os músculos das laterais e das costas gritavam em protesto. Decidindo que era melhor não se mover, ele tentou falar, piscando sob o brilho da única vela que a mulher segurava.
— Estou, embora esteja lamentando esse fato, atualmente. — Sua voz soava um pouco estranha, ele supôs, porque seus lábios estavam inchados e sua mandíbula muito machucada.
— Imagino que sim — disse ela com tristeza.
Thorn tentou focar no rosto dela, mas ela segurou a vela diante dela e ele não conseguiu ver.
— Você foi muito gentil em me ajudar.
Houve uma leve hesitação antes de ela responder. — Ah, n-não. Na verdade. Eu… eu gostaria de ter feito mais. Eu desejo… bem, não importa. Não fiz mais do que qualquer um teria feito.
Ela parecia inquieta e Thorn apressou-se em tranquilizá-la.
— Não, eles não fariam isso, e eu provavelmente teria sido roubado ainda por cima. — Ele olhou para suas mãos machucadas, aliviado ao ver que o pesado sinete de ouro que seu pai lhe dera em seu aniversário de 21 anos ainda estava no lugar. Ela se aproximou dele, mantendo a chama da vela diante dela. Thorn semicerrou os olhos, tentando distingui-la. — A propósito, onde estou? Há quanto tempo estou aqui? Preciso avisar minha família, sabe, e…
— Aqui. Você deve estar com sede. Já faz horas que você não bebe nada.
Cuidadosamente, ela largou a vela e se aproximou, levando um copo para ele e levando-o aos lábios.
Thorn tomou um gole agradecido, desejando ter trazido a vela, pois agora ela estava envolta em sombras.
— Pronto. Agora você deve descansar. — Ela largou o copo e saiu correndo novamente, pegando a vela como se fosse sair do quarto.
— Espere. Por favor. Devo…
— Shhh! — A mulher olhou para o teto enquanto uma tábua do piso rangia no alto. Os passos pesados de alguém se movendo acima deles a estimularam a entrar em ação. Ela correu para a cama e pressionou o dedo nos lábios dele. — Meu irmão. Ele chegou em casa mais cedo. Por favor, não faça barulho. Ele não deve encontrar você aqui! — Thorn parou, surpreso. Sua mente estava lenta, seus pensamentos turvos demais para pensar com clareza, mas mesmo em seu estado confuso a situação parecia bizarra. O irmão dela não sabia que ele estava aqui? Isso não parecia possível. Um estranho cansaço tomou conta dele. Ele balançou a cabeça, como se pudesse dissipar a sensação estranha, mas sua mente estava cada vez mais nebulosa. Sua atenção se concentrou na única coisa de que tinha certeza, seu olhar fixo na mulher diante dele. Agora a vela não o estava cegando, ele podia vê-la claramente. Ele olhou, descaradamente fascinado, pelo lindo rosto iluminado diante dele. Talvez tenha sido o brilho da luz das velas, ou a sensação estranhamente eufórica de bem-estar que o invadiu, fazendo com que ele se importasse pouco com qualquer outra coisa, mas o rosto dela tocou dentro dele.
Seu cabelo era de um castanho suave, espesso e encaracolado, seus olhos eram de um castanho brilhante, cintilando na luz bruxuleante, brilhando com faíscas de âmbar e bronze. Ela tirou o dedo dos lábios dele e lançou-lhe um último olhar ansioso antes de desaparecer do quarto e fechar a porta silenciosamente atrás dela. Tal era o seu estado de espírito que ele se perguntou se a teria sonhado.
Thorn dormiu novamente, profundamente, morto para o mundo e sem perceber a passagem do tempo. Ocasionalmente, ele acordava com uma sensação de desconforto, lutando através da neblina para se perguntar como foi parar na casa daquela mulher com o irmão dela inconsciente de sua presença. Como diabos ele se meteu em tal situação?
4- O Espinho e a Rosa

17 de setembro de 2024

Retorno a Wildsyde

Série Filhos Perversos
Quando Lorde Lyall Anderson, Visconde de Bucharon, inicia um caso apaixonado com a Srta. Lilith Fulbright, ele percebe tarde demais que está brincando com fogo, caiu no mais antigo golpe dado por mulheres à caça de dinheiro, posição e títulos.
Apanhado numa posição comprometedora pelos pais, é demasiado óbvio que a bela e amoral jovem só tem fome de riqueza e de um título e não tem qualquer consideração por ele. Humilhado e furioso, Lyall cumpre seu dever de homem honrado, sabendo que seu futuro com tal mulher será de miséria.
Mas o destino deu-lhe uma mãozinha…Enquanto fugia com um amigo de infância de Bucharon, Rory Stewart, Lilith morreu num acidente de barco quando ambos tentavam cruzar para o continente. Como resultado a família Fulbright perdeu sua galinha de ovos de ouro. Mas o destino quis que o tio de Lilith ao falecer deixasse a guarda dos filhos dele para Bucharon. O inferno de Lyall nunca vai acabar ou o destino resolveu brincar com os erros dele?

Capítulo Um

Lyall registrou a batida na porta, mas não respondeu, o fogo que ele encarava havia morrido há algumas horas, mas não foi percebido. Estava entorpecido. Choque e muitas outras emoções dominando seus sentidos até que ele sentiu a necessidade de se desligar. O uísque tinha feito o trabalho corretamente, e agora ele estava pagando o preço por isso também. Sempre houve consequências para as ações, algumas mais dolorosas que outras.
— Lyall?
A voz suave de sua mãe o alcançou através da névoa de dor e confusão, virou a cabeça, sentindo-se como se estivesse dormindo há mil anos enquanto piscava para ela.
— Mãe?
— Oh, Lyall, olhe o seu estado, amor. A Sra. Baillie está trazendo café e o dejejum.
— Ah, mãe, pare de se preocupar — disse ele, esfregando a mão cansada no rosto e descobrindo que já fazia algum tempo que não se barbeava. Quanto tempo? Ele não conseguia se lembrar.
— Não diga coisas tão idiotas — respondeu sua mãe com uma expressão de impaciência. — Eu sou sua mãe, é meu trabalho me preocupar com você. Isso faz você se sentir melhor? — Ela perguntou, pegando a garrafa vazia que havia rolado pelo chão e descansado diante do fogo apagado. Ela ergueu uma sobrancelha para ele e ele grunhiu.
— Sim, por uma ou duas horas.
— E agora você está com dor de cabeça e enjoo por mais alguns anos — disse ela com um suspiro.
— Mãe, não me importune, eu suplico — ele implorou, massageando as têmporas doloridas.
Ela suspirou e não disse mais nada e ele sentiu uma mão gentil acariciar seus cabelos. O toque terno fez sua garganta apertar, e ele engoliu em seco, determinado a não fazer mais papel de bobo do que tinha sido feito ultimamente.
— Papai já chegou? — ele perguntou, sem saber se temia a resposta ou não.
— Ainda não. Espero que ele chegue logo e não pareça tão infeliz. Ele está do seu lado, Lyall, você certamente sabe disso?
— Sim, mas isso não significa que ele esteja orgulhoso da bagunça em que estou.
— Aquela mulher… — começou sua mãe, e então respirou fundo pois sempre que falava da esposa dele – sua falecida esposa – ela ficava um pouco irritada. — Lilith fez essa bagunça, Lyall, e uma mulher assim poderia virar qualquer homem do avesso. Quando penso nas coisas que ela poderia ter alcançado se não tivesse sido tão superficial e rancorosa, fico furiosa. Suponho que deveria ter pena dela, pois seus pais a criaram à sua própria imagem e ela tinha poucas chances de ser outra coisa senão o que era. Admito que estou lutando para fazê-lo, embora agora que ela teve um fim tão triste, seja um pouco mais fácil, suponho — acrescentou ela com sua habitual honestidade.
Ela então se virou e olhou diretamente para ele e ele sabia que ela iria perguntar como ele se sentia, o que se passava em sua cabeça, mas não sabia como responder às perguntas dela. O alívio era uma grande parte disso, e o fato de ele ter sentido tal coisa quando uma linda jovem perdeu a vida, sem mencionar um homem que ele conhecia desde que era menino, bem, isso certamente não refletia bem sobre ele. Mais do que isso, porém, ele estava com raiva. Ele estava com raiva por ter sido preso e manipulado e por ela ter continuado a fazer isso ou tentado. 
Os pais dela também tentaram, constantemente criticando-o pela crueldade com a filha. Aparentemente, dar-lhe uma bela casa e uma mesada generosa não era suficiente. Ela deveria ter uma casa em Londres e uma carruagem própria e dinheiro suficiente para entreter e… a lista era interminável. 
Como se acreditassem que Lyall era tolo o suficiente para permitir que ela corresse solta entre a sociedade enquanto levava seu nome, tendo amantes como bem entendesse e fazendo dele motivo de chacota. Não nesta vida.
Ele supôs que sua mãe estava certa. Lilith tinha sido tão vítima das ambições de seus pais quanto ele. Foram eles que o escolheram como seu alvo – como ela o informou amargamente quando percebeu que havia encontrado um objeto imóvel que não podia ser torcido em seu dedo.
Toda a família era um bando ignominioso de trapaceiros, mentirosos e aventureiros. Ele só podia agradecer a Deus por ter terminado com eles agora, embora não duvidasse que os pais dela tentariam culpá-lo por isso e exigiriam uma compensação. Embora isso o deixasse mal do estômago, Lyall sabia que lhes pagaria uma quantia, apenas para fazê-los ir embora e mantê-los fora de sua vida.
Ele só queria ficar quieto por um tempo, voltar à vida que vivia antes de Lilith arruinar tudo. Fazia apenas cinco meses que ela e os pais haviam encenado a pequena cena que o surpreendera tão bem, e mesmo assim ele sentia que havia envelhecido cinquenta anos nesse ínterim.





Série Filhos Perversos
3- Retorno a Wildsyde

3 de setembro de 2024

Bela Demolidora

Série Filhos Perversos

Lorde Conor Baxter, Visconde Harleston, descobriu após um grave acidente que gostava de construir coisas. 
Depois de passar meses de cama se recuperando de uma queda de cavalo ele passou a dedicar seu tempo livre a inventar ferramentas mais precisas para qualquer coisa que fosse necessário. Metódico, organizado e acima de tudo meticuloso com sua pessoa e seu entorno ele se vê envolvido com uma senhorita muito desajeitada.
Uma Bela Desajeitada…
Lucy Carleton, filha do dono de um clube de jogo, é uma moça muito ansiosa que não gosta de ambientes cheios de pessoas, menos ainda quando ela não é uma convidada. Sua ansiedade sempre a leva a cometer algum desastre que a coloca em situações constrangedoras. Agora seu pai decidiu que ela deve se apresentar à sociedade e casar-se, tanto melhor se o marido for titulado. E Brian Carleton, pai de Lucy, não tem nenhum escrúpulo para conseguir isso.

Capítulo Um

11 de março de 1845, Berkeley Square, Mayfair, Londres
.
Conor observou ansiosamente enquanto seu criado, Murphy, examinava a mancha em seu casaco.
— Chocolate, você diz, milorde?
— Temo que sim. Alguma mulher ridícula decidiu jogar isso em cima de mim — disse ele, irritado.
As sobrancelhas grisalhas do homem ergueram-se um pouco e Conor pensou que talvez seus lábios se contraíssem, mas por outro lado ele se conteve para não comentar. Isso era preocupante. Murphy nunca tinha falta de opiniões ou comentários.
— Ela teria um bom motivo para fazer isso? — Murphy perguntou, a imagem da inocência.
Bem, isso era melhor. Mesmo assim, Conor estreitou os olhos. — Não.
— Uma pena — Murphy respondeu com um suspiro. — Já era hora de você fazer algo para que uma xícara de chocolate fosse jogada na sua cara, eu acho.
— Que coisa vil de se dizer — respondeu Conor, irritado. — Como se algum dia eu fosse…
— Ah, só estou brincando com você — disse o sujeito com uma risada suave. — Só quero dizer que você deveria ir e agitar um pouco as coisas. Você ainda não está morto, você sabe. Você costumava ser cheio de brincadeiras. Quando você começou aquele clube com seus amigos, por exemplo, e…
— E isso foi há muito tempo. Não sou mais um garoto inexperiente disposto a fazer travessuras.
— Sim, é uma pena — Murphy murmurou baixinho antes de acrescentar. — Bem, uma pasta de bicarbonato de sódio deve resolver isso, mas é melhor eu cuidar disso antes que endureça.
— Muito bem, Murphy, obrigado.
Conor desceu até o escritório e sentou-se à escrivaninha. Tudo estava exatamente como ele gostava: arrumado, ordenado, limpo. Cuidadosamente, ele removeu o pano branco que cobria o último projeto que havia começado. Dispostos com precisão em uma bandeja fina sobre sua mesa estavam pedaços de um relógio. As minúsculas peças prateadas brilhavam à luz e Conor sorriu ao pegar a pinça e selecionar uma minúscula engrenagem. Ele sempre adorava quebra-cabeças e descobrir como as coisas funcionavam, mas só há alguns anos redescobriu sua paixão por fazer coisas.
A lesão foi grave. Tanto que o cirurgião quis arrancar-lhe a perna. Graças a Deus mamãe e Aisling não permitiriam que isso acontecesse. Sua irmã tinha talento para curar e ela assumiu o comando. Juntas, sua mãe e sua irmã cuidaram dele, mas a dor foi de um tipo que ele não acreditava ser possível sobreviver. Mas ele sobreviveu, e ele estava bem novamente. Então era isso. Tudo foi bem.
O marido de Aisling, Sylvester Cootes, era um sujeito decente e parecia fazer a irmã feliz. Ele também era o novo administrador do Castelo Trevick. Conor foi criado sabendo que um dia seria o Conde de Trevick, e por isso aprendeu tudo o que havia para saber sobre o castelo e o negócio de administrá-lo nas mãos de seu pai — e de sua mãe. Cootes, no entanto, era cheio de novas ideias e inovações, e foi um enorme alívio para Conor saber que a propriedade estava em boas mãos e que parte do fardo foi tirado de seu pai. Se não fosse esse o caso, ele próprio teria intervindo, mas apenas porque era seu dever fazê-lo.
Por mais que amasse o campo e a sua casa ancestral, sentia-se feliz por se manter afastado dela desde o acidente, pois havia muitas recordações de dor e arrependimento. Ele também era fascinado pelo progresso e Conor passou muito tempo com o industrial Gabriel Knight, que fomentou seu interesse pelas ferrovias e o colocou no caminho de alguns investimentos sólidos. Ele devia muito ao homem e o admirava tremendamente.
Conor olhou para cima quando o relógio sobre a lareira tocou, um som preciso e brilhante para anunciar uma hora. Por toda a casa havia o eco daquele som e Conor sorriu. Ele observou a porta e, alguns segundos depois, ela se abriu, revelando sua governanta, a Sra. O'Brien. Ela acenou com a cabeça para o lacaio que segurava a porta e trouxe uma bandeja de chá, colocando-a cuidadosamente na borda da mesa.
— Boa tarde, milorde. Você teve uma manhã agradável?
Conor olhou para ela, divertido. — Tenho certeza de que Murphy lhe disse que não.
— Ah bem. Acidentes acontecem — disse ela suavemente, colocando a delicada xícara de porcelana com a posição correta para cima no pires e acrescentando um cubo de açúcar cortado com precisão.
A precisão do corte ficou por conta de Conor. Ele havia projetado e fabricado uma serra de açúcar, para que seus lacaios pudessem quebrar melhor a casquinha de açúcar. Anteriormente, usando a tesoura de açúcar, os caroços tinham formatos e tamanhos diferentes, então o chá dele era um pouco doce demais ou não doce o suficiente. Isso não o incomodava, mas ultimamente esses detalhes pareciam distraí-lo.
A Sra. O'Brien serviu o chá e tirou a tampa de um prato, revelando uma generosa fatia de torta de caça, uma maçã cortada em fatias cuidadosas e um grande pedaço de queijo. — Tem uma linda esponja de geleia também. Vou buscar algumas para você agora mesmo.
— Excelente, obrigado






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar
2- Bela Demolidora

20 de agosto de 2024

O Diabo a Pagar

Série Filhos Perversos

Alto, moreno e bonito, ridiculamente rico e herdeiro de um título. 
Com tantas bênçãos em sua vida, para este Filho Maligno há muito pouco sentido em ser algo mais do que ornamental. Ou pelo menos… é nisso que todos acreditam, mas esse homem tem um segredo. Para um homem em sua posição, se alguém descobrisse que ele é o misterioso autor de “Os Fantasmas do Castelo Madruzzo”, isso o tornaria uma figura ridícula. Seu primeiro romance foi um tremendo sucesso e, embora suas vendas sejam excelentes, ele sabe que nunca recuperou o dinamismo daquele primeiro livro. Seus leitores não parecem se importar e clamar por mais, mas uma certa crítica feminina continua atormentando-o com críticas negativas. De alguma forma, ela adivinhou que ele é um nobre e se deleita em encontrar falhas em seus personagens menos elevados.
Um pouco de tempo disfarçado deve resolver o problema, para provar a si mesmo e à dama que ele não é nada se não estiver comprometido com sua arte.
Uma senhora a ter em conta… Como a mais velha – e única irmã sensata – em uma família sobrecarregada, Selina Davenport está segurando a sanidade por um fio. A última coisa que ela precisa é a presença em sua vida de um nobre privilegiado fingindo ser algo que não é. Como se ela não pudesse dizer de relance que ele não é o jardineiro humilde que pretende ser. O idiota. Isso não quer dizer que ela não esteja preparada para se divertir um pouco às custas dele. Um jogo que sai do controle…Mas quando um objeto imóvel encontra um desafio irresistível, as faíscas devem voar, mas elas queimarão tudo ao seu redor?

Capítulo Um

15 de fevereiro de 1845, Goshen Court, Monmouthshire.
Jules Adolphus, Marquês de Blackstone, espiou pela janela enquanto a carruagem subia pela calçada esburacada e fez uma careta.
— Você cometeu um erro, meu velho. Não pode ser esta pilha de pedras mofadas.
Briggs, um valete muito superior e invejado por todos os homens elegantes da alta sociedade, olhou com seu nariz comprido para seu mestre e deu uma pequena fungada. — Aqui é Goshen Court, garanto-lhe, milorde, e devo lembrá-lo que o avisei sobre como você viveria para se arrepender deste pequeno passeio.
Jules descartou essa observação com irritação.
— Ninguém gosta de um sabe-tudo, Briggs — Jules murmurou sombriamente, olhando pela janela com crescente apreensão. — Inferno e o diabo! Sei que ele disse que o lugar estava uma bagunça, mas achei que estava exagerando.
— Parece que não. Ele provavelmente nem está aqui. — Briggs respondeu, em tom semelhante ao de Cassandra.
Jules olhou para ele. — Pare de ficar de mau humor. Tenho certeza de que sim, e mais especificamente, estamos aqui agora. O interior não pode ser tão sombrio quanto o exterior. Pip nunca suportaria isso. Ashburton gosta de seu conforto.
— É o que você diz, milorde. — Briggs soltou um suspiro pesado, resignado com seu destino, e esperou que um lacaio descesse os degraus.
Como não havia sinais óbvios de vida na casa, Jules abriu a porta, saltou e esticou seus longos membros, que não eram adequados para o confinamento de uma carruagem. Briggs dirigiu-se para a porta da frente com o ar de alguém que sobe os degraus de Tyburn. Batendo os pés, que haviam perdido toda a sensibilidade cerca de dezesseis quilômetros antes, Jules olhou em volta com desagrado. Goshen Court, vista numa tarde gelada de inverno, com o sol já decidindo que era melhor terminar o dia, não era uma perspectiva convidativa.
Briggs parecia não ter sorte na porta da frente, as fortes batidas da aldrava apenas perturbavam os corvos que haviam se empoleirado em um carvalho próximo. Eles subiram ao céu com um grande bater de asas e grasnidos ameaçadores de irritação que provocaram arrepios de mau pressentimento na espinha de Jules.
— O que, em nome de tudo o que é sagrado, Ashburton estaria fazendo, se escondendo aqui nesta velha pilha de merda em ruínas…
Jules parou quando uma figura alta contornou o prédio, seu cabelo loiro platinado se destacando na escuridão crepuscular. Não poderia ser outro senão Ashburton. Se o cabelo não fosse uma revelação absoluta, a altura, os ombros largos e aquele rosto incrivelmente bonito e aristocrático teriam resolvido tudo. Mesmo assim, Jules ainda piscava e olhava, pois nunca em sua vida ele tinha visto o arrogante Conde de Ashburton com um menino louro e sujo empoleirado nos ombros. As botas enlameadas da criança balançavam descuidadamente contra um casaco impecavelmente cortado de uma forma que teria feito Briggs se atirar nas águas mais próximas com gritos de angústia. O que realmente deu uma reviravolta em Jules, porém, e o fez se perguntar se sua última bebedeira movida a conhaque lhe causou mais danos do que ele imaginava foi o canto. Ashburton estava cantando.
Jules ouvira Pip cantar em algumas ocasiões memoráveis, mas apenas quando o sujeito estava bêbado como um imperador, e essas canções certamente não eram adequadas aos ouvidos de bebês inocentes. Mas agora… agora ele não estava gritando uma cantiga obscena para o entretenimento de seus amigos, mas cantando canções infantis.
O que diabos estava acontecendo?
— Pip? — Jules gritou através da considerável extensão de cascalho cheio de ervas daninhas que um dia pode ter sido uma entrada de carruagens.
Ashburton congelou, seus olhos se arregalando de uma maneira que poderia ter sido divertida se o sol poente não tivesse lançado um último raio dourado de luz sobre a paisagem escura antes de desaparecer durante o dia. Brilhava no cabelo louro-claro do Conde e na criança. Jules via agora que era uma menina, encantadoramente bonita, com olhos prateados e brilhantes, a pele mais clara e a extraordinária estrutura óssea que Pip, seu irmão e sua irmã herdaram de seu pai, o Marquês de Montagu.
Jules respirou fundo em choque e falou antes que pudesse pensar. — Cristo todo-poderoso.
Que a criança era de Pip era óbvio demais para ser negado, e não que ele tenha tentado fazê-lo. Ele apenas olhou para Jules com indignação brilhando em seus olhos.
— O que diabos… O que você está fazendo aqui? — Pip exigiu, seu tom longe de ser acolhedor.
Jules ergueu uma sobrancelha. — Vim fazer uma visita ao meu velho amigo e descobrir por que ele ficou tanto tempo enterrado no meio do nada. Mas suponho que tenho uma resposta para essa pergunta.
— Quem é, papai? — falou a menininha, que segurava os cabelos loiros de Pip com mãos pequenas e gordinhas.
— Meu nome é Jules — disse Jules alegremente, aproximando-se e executando uma reverência muito formal para a garotinha. — Estou encantado em conhecê-la, senhorita…?
— Tilly — disse a garota com um sorriso tímido.
— Ah, como sua avó — Jules respondeu, lançando um olhar para Pip, que parecia bastante verde.
Oh, havia uma história aqui e não há erro. O pobre Ashburton foi pego em flagrante e, se Jules pudesse julgar, não contou aos pais. Não que ele pudesse culpar o sujeito; a ideia de contar a Montagu que ele gerou um filho fora do casamento fez Jules suar por Pip. Pobre diabo.
— Abaixo! — exigiu a criança, e então Pip a tirou dos ombros. Ela ficou parada, olhando para Jules, suas pequenas sobrancelhas loiras franzidas. — Jules?
— Sim, sou eu.






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar