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6 de novembro de 2011

A Partir Deste Momento

Série Viúvas Alegres
Aconteceu uma noite... E nada voltou a ser igual depois!

Wilhelmina, Duquesa viúva de Hertford, tinha sido uma cortesã de alto nível, e embora ela fosse agora uma viúva razoavelmente respeitável, nunca pode escapar de todo seu notório passado.
Sua escandalosa carreira a tinha arrancado dos braços de seu primeiro amor, Sam Pellow, e ainda ocupa um lugar preponderante entre eles quando, por acaso, encontram-se pela primeira vez em muitos anos.
Agora Sam, um Capitão da Marinha Real Britânica, está disposto a perdoar e esquecer o passado.
Mas, pode Wilhelmina perdoar a si mesma por ter partido o coração de Sam?
Era uma vez quatro novelistas incríveis, Stephanie Laurens, Mary Balogh, Jacquie D’Alessandre e Candice Hern, ocorreu-lhes uma deliciosa ideia.
E se cada uma escrevesse uma história sobre uma jovem decente que ficasse presa em uma estalagem longe das restrições da sociedade?
O que aconteceria?
E quanto demoraria em sucumbir ao desejo?


Capítulo Um

Outubro 1814
Buckinghamshire.

O rangido das rodas sobre o cascalho e o clip-clop de lentos cavalos anunciou a chegada de outra carruagem. O Capitão Samuel Pellow, ex da Marinha Real de Sua Majestade, tomava uma jarra de cerveja no salão público do Javali Azul, e observou da pequena janela da sala com vista para o pátio da estalagem como a nova carruagem se detinha. O hospedeiro se apressou a dar as boas vindas a outro inesperado grupo, obrigado a deter sua viagem devido ao aguaceiro.
Sam tinha chegado ao pátio conduzindo sua própria carruagem de dois cavalos meia hora antes. Depois de tantos anos no mar não se importava em se molhar, mas era muito mais cômodo em uma ponte balançante em uma forte tormenta em que ele tinha navegado golpeando fortemente, do que por caminhos inseguros com irritáveis cavalos. Havia decido aguentar o vendaval em uma estalagem seca, com vinte ou trinta viajantes de gostos similares.
Grisson, o hospedeiro, estava evidentemente encantado em ter tantos clientes, como o povoado de Upper Hampden estava entre as paradas regulares nos caminhos das carruagens, e Sam adivinhou que o Javali Azul não tinha frequentemente a casa cheia.
Era uma velha estalagem, provavelmente tinha sido construída por volta de mais de duzentos anos, de madeira negra e branca, empenadas e inclinadas paredes, com salientes pisos inclinados incertamente sobre o pátio da estalagem. Ainda assim, era uma estalagem surpreendentemente elegante e confortável para um pequeno povoado.
Os estábulos, entretanto, estavam tão lotados com carruagens e coches e calesas e mais cavalos do que podiam albergar neles. A situação não atenuava o mercenário sorriso do hospedeiro, enquanto permanecia em pé sustentando um grande guarda-chuva, preparado para escoltar aos recém-chegados ao interior.
Através das brechas de chuva da veneziana da janela, Sam podia ver que havia na realidade duas carruagens no pátio, cada uma delas grande e elegantemente equipada, com um emblema nas portas. Não podia distinguir o emblema, não que encontrasse alguma diferença se pudesse, parecia-se muito a um brasão na mais próxima a ele, mas estava claro desde sua respeitosa atitude, que Grissom era consciente de que tinha a um membro da aristocracia no pátio de sua estalagem.
Um lacaio de libré, empapado até os ossos, saltou de sua elevada posição na parte detrás da primeira carruagem, desceu umas escadas portáteis, e abriu a porta.
Protegida pelo enorme guarda-chuva do hospedeiro, uma mulher desceu e correu para o interior da estalagem.
Outra mulher a seguiu, obviamente uma criada com ela não se justificava a cortesia de um guarda-chuva. Tomando um manto sobre sua cabeça, fez seu caminho para o interior, levando uma caixa de couro apertada contra seu peito.
Um touro de homem desceu da segunda carruagem, reuniu-se com os outros lacaios e cavalariços que estavam vendo os cavalos, depois se precipitou para o interior.
Sam se acomodou em sua cadeira e passou a desfrutar sua cerveja em paz, enquanto o hall de entrada se converteu em um frenesi de atividade.
Podia ouvir à Senhora Grissom, um pouco menos contente com o desfile de clientes de hoje que seu marido, gritando ordens a seus poucos empregados. Sua voz soava com uma autoridade que fez Sam sorrir, pensando que ela poderia ter sido bastante boa como oficial de artilharia durante uma ação naval.
No meio do bulício e da gritaria apanhou as palavras "melhor sala" e "sua Graça", portanto a recém-chegada era uma Duquesa.
Uma pequena pontada de ansiedade se apoderou dos músculos de seu abdômen. Tinha conhecido poucas Duquesas em sua vida, mas havia uma, a quem ainda guardava em um pequeno canto de seu coração, embora ele não tivesse posto seus olhos nela há muitos anos. E seu último encontro não fora um de seus melhores momentos.
Era um idiota por pensar que essa Duquesa em particular fosse a sua Duquesa.
Ela era uma criatura de Londres, o esta era a razão dele evitar ir à Cidade sempre que estivesse na Inglaterra. Não queria se reunir com ela de novo. Seu último encontro fora muito desconfortável. Nunca sabia bem o que sentia por ela, e essa incerteza sempre o atava em nós.
Não, estava longe de Londres, seria alguma outra Duquesa. Inglaterra estava cheia de Duquesas.
Mas ele não podia afastar os olhos da porta que dava para o hall de entrada. Várias figuras se amontoavam nesse pequeno espaço. Era bastante fácil distinguir à Duquesa. Era o centro de atenção.
A esposa do hospedeiro estava subindo e se abaixando como uma ancorada boia em frente da dama, quando não estava afugentando uma criada em uma direção ou outra para acondicionar a sua grande hóspede. E o elevado membro da segunda carruagem estava rondando perto e mantinha as pessoas à distância.
A dama parecia impassível pelo alvoroço e perturbação. Estava de costas para Sam, mas havia algo indescritível sobre seu porte que a marcava como alguém de qualidade. Usava um casaco de veludo azul escuro com várias capas curtas nas costas, em imitação ao casaco de um homem, e um gorro a combinar.

Série Viúvas Alegres
1 - Na Paixão da Noite
2 - Tão Somente uma Aventura
3 - Se Deixe Levar
4 - A Partir Deste Momento
Série Concluída

Se Deixe Levar

Série Viúvas Alegres
Viúva de um famoso bispo, Grace Marlowe está escandalizada e intrigada pelas aventuras amorosas de suas amigas as Viúvas Alegres. 

Apesar de ter aceitado o pacto, não pode imaginar entregando-se à paixão até que o libertino mais célebre de Londres põe os olhos nela.
John Grayston, sétimo visconde Rochdale, nunca rechaçou uma aposta, sobre tudo quando esta implica seduzir a uma mulher formosa para levá-la à cama.
John está disposto a apostar sua mais apreciada posse de que não há uma só mulher em toda a Inglaterra que seja imune a seus encantos.
Mas quando o objeto da aposta é a afetada e decente Grace Marlowe, tem que empregar-se a fundo e lançar mão de todo seu atrativo sedutor.
A inquebrável virtude de Grace é posta a prova quando o infame cafajeste mostra um inesperado interesse nela.
Indignada, adulada, e reticentemente atraída, não demora em começar a sucumbir ao feitiço do homem que se oculta atrás de sua escandalosa reputação, Rochdale, pelo contrário, sente-se contente ao descobrir a ardente paixão que esconde a devota fachada de Grace. 
Mas quando os corações e as vidas se misturam no jogo, os verdadeiros motivos de sua sedução pôr tudo a perder.

Capítulo Um

Londres, maio de 1813.

—Não há uma só mulher em Londres que não possa levar a cama sem muito esforço.
John Grayston, sétimo visconde do Rochdale, estava um pouco embriagado por causa dos eflúvios do álcool depois de ter passado a última hora e meia na sala de cartas da casa dos Oscott. Os serviçais lacaios se encarregavam de que sua taça estivesse sempre cheia. Mas a afirmação que acabava de fazer não era um frívolo alarde avivado por uma excessiva quantidade de bordeaux. Era um fato, simples e sinceramente.
Seu acompanhante, lorde Sheane, tinha comentado que algumas mulheres jamais se deixariam convencer para iniciar uma aventura amorosa e Rochdale não podia consentir que tal afirmação ficasse sem rebater. As mulheres, todas as mulheres, ardiam no desejo de serem seduzidas, algumas abertamente, outras sem ser conscientes disso. Não era necessário levar nenhuma delas à cama. Só era necessário fazer uma rápida valorização da partida para determinar se desejavam ao grande amante ou, pelo contrário, ao conhecido libertino. Sua considerável experiência no tema lhe dizia que a maioria das mulheres da alta sociedade se viam intrigadas pela escandalosa natureza de sua reputação, pelas sujas e desagradáveis historia a ele associadas, grande parte das quais eram verdadeiras. Inclusive as damas de maior posição da aristocracia desfrutavam com a sensação de estar flertando com o perigo.
Não obstante, havia umas poucas que simplesmente o desejavam por suas habilidades amorosas. Seus indiferentes ou torpes maridos as obrigavam a procurar a satisfação sexual em outra parte, e Rochdale gostava de estar ali para agradá-las.
Depois, havia aquelas que não sabiam que o desejavam, que em geral achavam não querer ter nada que ver com ele. As que se aborreciam com suas aventuras amorosas e seus escândalos e faziam tudo o que estivesse em suas mãos para evitá-lo. Essas mulheres sim supunham uma provocação real. Mas, uma vez que se propunha, nunca fracassava na hora de seduzir a uma dessas mulheres supostamente virtuosas.
Não, não tinha sido um frívolo alarde. Sabia como fazer com que qualquer mulher o desejasse.
Lorde Sheane entrecerrou os olhos e observou ao Rochdale por cima do bordo de sua taça de vinho.
—Seriamente? Teve que elevar a voz para fazer-se ouvir por cima da música da sala de baile contigua e o alvoroço de vozes e risadas na sala de cartas. —Nenhuma mulher de Londres resiste?
Rochdale deu de ombros. Não era um tema que pudesse ser objeto de debate. É claro, um homem como Sheane, com incipientes barriga e papada, taxaria Rochdale de arrogante antes de admitir sua própria inveja.
—Quer que o ponhamos a prova, amigo?
Rochdale arqueou uma sobrancelha.
—Perdão?
—Disse que podia seduzir qualquer mulher de Londres. A boca de lorde Sheane adquiriu uma expressão desdenhosa. —Está disposto a demonstrá-lo?
Rochdale sentiu um estremecimento na base de sua coluna vertebral que lhe era muito familiar. A sedutora e irresistível chamada de uma possível aposta. Adotando um ar de suprema indiferença, disse:
—O que tem em mente?
—Aposto Albion que posso lhe nomear uma mulher a que não pode seduzir.
Albion? Maldição. Sheane, o grande canalha, sabia que Rochdale tinha cobiçado ter esse cavalo desde que ganhara o segundo prêmio no Oatlands no ano anterior. Havia tentado comprar duas vezes aquele cavalo castrado, mas Sheane se negara a vender-lhe Albion que era um cavalo ganhador e a estrela das cavalariças de Sheane. E, entretanto, aí estava ele, lhe oferecendo o cavalo em uma aposta que ia perder. Era muito bom para ser verdade. Estava tão bêbado que não era consciente do que estava fazendo?
—Machucou-se Albion — perguntou Rochdale. —Parece desejoso de livrar-se dele.
Sheane jogou a cabeça para trás e se pôs a rir.
—Maldito seja, é um bastardo arrogante. Tanto que estou seguro de que não terá nenhum reparo em oferecer ao Serenity como parte da aposta.
—Acredita que pode me arrebatar Serenity — Rochdale riu entre dentes. —Não acredito.
Serenity era seu melhor cavalo. Seu cavalo favorito. Aquela égua castanha tinha ganhado mais corridas que qualquer outro cavalo dos estábulos de Rochdale, incluída a corrida de Nottingham e duas taças em Newmarket. Cortaria um braço antes de dar Serenity a lorde Sheane.
Mas, é claro, se aceitasse a aposta, tal coisa não ocorreria, pois não podia perder.
—Se estiver tão seguro de si mesmo — disse Sheane — então não terá nenhum reparo em apostar meu Albion contra sua Serenity que não pode seduzir a uma mulher de minha escolha. O que me diz?

Série Viúvas Alegres
1 - Na Paixão da Noite
2 - Tão Somente uma Aventura
3 - Se Deixe Levar
4 - A Partir Deste Momento
Série Concluída

Tão Somente uma Aventura

Série Viúvas Alegres
As Viúvas Alegres são algumas respeitáveis e refinadas damas da alta sociedade, embora seus pensamentos secretos sejam muito escandalosos.

Beatrice, Lady Somerfield, está muito ocupada sendo acompanhante de sua teimosa sobrinha Emily, para achar tempo para buscar um amante, até que uma noite em um baile de máscaras, um desconhecido a faz se dar conta dos prazeres que esteve perdendo.
Entretanto, quando descobre sua identidade, qualquer aventura com ele se torna impossível.
Trata-se de Gabriel, Marquês de Thayne, a atração da temporada.
Entretanto, Beatrice cativou por completo a Thayne, que começará a suspeitar que bem pudesse ser a esposa perfeita para ele.
Mas os sentimentos de Beatrice serão tão profundos para ser capaz de romper sua promessa de não voltar a se casar e fazer frente ao escândalo quando sua relação vem à luz?


Capítulo Um

Londres, Primavera de 1813.

Não podia afastar a vista dela.
Gabriel Loughton, Marquês de Thayne, tinha ido ao baile de máscaras que se celebrava na casa dos Wallingford, com o rápido propósito de contemplar às jovens belezas dessa temporada , mas seus olhos se desviavam uma e outra vez, para a esbelta e elegante mulher vestida de Artemisa, a Guerreira.
Não se tratava de uma jovem em sua primeira temporada. Pela forma como observava os movimentos de uma bela e jovem pastora, que dançava com um cavalheiro com penacho, Thayne não se surpreenderia se sua Artemisa fosse a acompanhante da jovem. Ou inclusive, Deus não o quisesse, sua mãe.
Entretanto, não tinha aspecto de ser a mãe de ninguém. A túnica grega que usava mal dissimulava sua curvilínea figura. Inclusive o mínimo movimento, fazia com que a seda amarela deslizasse e grudasse sedutoramente em sua pele. Tinha os braços deliciosamente nus, à exceção de um bracelete de ouro, em forma de serpente que brilhava em um deles.
Thayne sempre considerara os braços de uma mulher, como uma das partes mais sensuais de seu corpo, e amaldiçoava a tão britânica moda ou sentido de decoro, ou o que quisesse que fosse aquilo, que obrigava à maioria das mulheres a cobrir, tão fascinante beleza com mangas ou luvas longas. Inclusive em um baile de máscaras, onde em geral se consentia certo atrevimento no vestir, e mostrar um pouco mais de pele, inclusive, não se via muitos braços nus.
Fossem leiteiras ou rainhas, com vestidos vandykeianos  ou de inspiração turca, quase todas as mulheres usavam os braços cobertos. Entretanto, e para deleite de Thayne, não ocorria assim com seus colos. Inclusive pôde ver algum ombro sem cobrir. Mas havia muito poucos braços descobertos, e só um par deles era de seu interesse.
Deu-se de presente a vista com aqueles pálidos e esbeltos braços, que se moviam graciosamente conforme ela falava. Desejava tocá-los, roçar suavemente, muito suavemente, aquela pele de porcelana com seus dedos e ver como estremecia com suas carícias.
Possivelmente era a palidez de sua pele que chamara sua atenção. Tinha o cabelo, ou talvez fosse uma peruca, não estava certo, coberto com pós-amarelos e brilhos dourados, que reluziam com a luz das velas. Seu verdadeiro cabelo bem poderia ser escuro, mas não achava. Sua pele tinha a translucidez usualmente associada ao cabelo claro. E isso era muito inglês. Depois de oito anos na Índia, onde tinha se rodeado de exóticas belezas de pele escura, a pele de Artemisa era um presente para os seus olhos.
E, entretanto, a sala estava cheia de belezas inglesas, com pele de porcelana e olhos azuis. Havia algo mais em Artemisa que atraía sua atenção. Seu elegante penteado intrigava-o. Usava um coque alto, seguro por passadores dourados, e as ondas de seus cabelos recordavam às estátuas antigas, com que seu pai decorava os jardins. Muitos dos convidados usavam o cabelo empoado, mas a maioria usava o habitual empoado branco. O empoado amarelo teria sido suficiente para fazer única a Artemisa, mas os brilhos dourados faziam ressaltar mais ainda.
Era uma mulher com um estilo e uma confiança em si mesma, que a destacava sobre o resto. Um longo cacho de cabelo caía sobre seu ombro e se movia de forma tal, que tudo indicava que se tratasse de seu cabelo, e não de uma peruca. O que daria para ver aquele cabelo solto e poder afundar suas mãos nele.
Maldição. Sua primeira noite de volta a Londres e já estava se comportando como um colegial, dominado por seus baixos instintos. Não sem esforço, Thayne conseguiu afastar a vista daquela Artemisa de pele de porcelana. Não tinha sentido comer com os olhos quem, sem dúvida, era esposa e provavelmente mãe de alguém. Não. Não tinha ido ao baile de máscara para procurar uma amante.
Por muito que custasse admitir, fora procurar uma futura esposa. Ou para ser mais preciso ver o que proporcionava a temporada, antes que sua mãe começasse, mal começasse o dia seguinte, a buscar e mostrar todas e cada uma das jovens, que tivessem os indesculpáveis requisitos de pertencer a uma boa família e possuir um físico bonito. Como não, a duquesa teria suas favoritas e tentaria que fosse uma dessas candidatas à escolhida. Mas Thayne não se deixaria convencer.
Seria ele quem tomaria a decisão. Tampouco tinha requisitos muito estritos. Desde que fosse razoavelmente bela e não fosse uma completa cabeça oca, estaria satisfeito. Conhecia suas obrigações. Só queria dar uma olhada rápida por si mesmo, antes que soasse o tiro de saída, para a corrida matrimonial. Antes que alguém percebesse sua volta.
Tal como esperara um baile de máscara era o acontecimento perfeito para observar o terreno, razão pela qual tinha convencido sua irmã Martha, lady Bilston, para que o deixasse usar seu convite.

Série Viúvas Alegres
2 - Tão Somente uma Aventura
Série Concluída

Na Paixão da Noite

Série Viúvas Alegres

Conheça as Viúvas Alegres, uma sociedade secreta de damas respeitáveis... com ideias um tanto escandalosas.

Marianne Nesbitt adorava David, seu finado marido, mas as conversas subidas de tom das Viúvas Alegres fazem-na perguntar-se se não perdeu algo.
Poderia descobrir se tivesse uma aventura?
Totalmente desconhecedora de como proceder, pede a Adam Cazenove, um velho amigo e conhecido experiente, que a instrua nas artes de sedução.
Tão descarado pedido deixa Adam totalmente deslocado. Jamais teria podido imaginar que a recatada e incrivelmente atraente viúva de seu melhor amigo queria ter um amante.

Incapaz de suportar a ideia de vê-la nos braços de outro, frustra todas e cada uma de suas tentativas.
que uma inesperada noite de paixão muda tudo.


Capítulo Um

Londres, março de 1813

—No que ocupei meu tempo durante o inverno? —disse lady Gosforth com um brilho especial em seus olhos azuis enquanto se dirigia às demais damas da sala. —Em algo muito agradável, asseguro. Um amante.
Um grito abafado, seguido de um silêncio sepulcral, apoderou-se da sala. A primeira reunião da temporada do Fundo das Viúvas Benevolentes se viu assim interrompida ante semelhante comentário.
Grace Marlowe, anfitriã da reunião e presidenta do Fundo, verteu o chá que estava servindo e suas bochechas proeminentes adquiriram um rosado tom de horror. Colocou rapidamente e com decisão o bule na bandeja e cobriu a boca com a mão. Lady Somerfield, uma atraente ruiva já entrada nos trinta, os olhos pareceram sair das órbitas e nem se incomodou sequer em esconder o gesto de assombro de seus lábios boquiabertos. Apertou com tal força as pinças de prata que o torrão de açúcar que estas pegavam se desfez em pedaços. A duquesa de Hertford, uma mulher de aparência agradável de idade indeterminável e brilhantes cabelos dourados, gentileza da natureza (ou possivelmente não), mordeu o lábio inferior tentando com todas suas forças não sorrir.
Marianne Nesbitt, a mais jovem da reunião,vinte e nove anos, só ficou olhando fixamente. Tão estupefata tinha ficado pelo anúncio de lady Gosforth que até uma pena poderia lhe haver feito perder o equilíbrio. Não era o tipo de temas sobre os quais se conversava animadamente à hora do chá. Nem, no caso de Marianne, em qualquer outro momento. E é claro não era um comentário que se esperasse de um grupo de viúvas respeitáveis que dirigiam uma organização de beneficência.
Seus membros eram viúvas de boa posição econômica que se moviam nos círculos mais altos da sociedade; círculos nos quais todas elas, ou quase todas, eram consideradas modelos de dignidade e decoro. Antes de dispor-se a começar a planejar os bailes beneficentes do ano vindouro, sua primeira reunião tinha começado com uma animada conversa para ficar em dia com as últimas notícias e intrigas. Tinham falado das reuniões sociais e familiares, das festas durante as férias e das caçadas, dos filhos e amigos em comum. Mas não de amantes.
Lady Gosforth, uma bela mulher aproximadamente de trinta anos de idade com um halo de cachos castanhos, revirou os olhos estalou a língua.
—Oh, não me olhem assim. Qualquer um diria que cometi um crime, pelo amor de Deus. Não é nenhum crime ter um amante.
Marianne foi a primeira em recuperar-se da impressão.
—É claro que não, Penélope. Simplesmente nos surpreendeu, isso é tudo.
—É um assunto privado - sussurrou timidamente Grace enquanto limpava o chá derramado. —Não deveríamos falar de tais coisas.
—Entre amigas? —Penélope franziu o cenho e o brilho de seus olhos se tornou decepção. —Não se trata de algo que quero que seja objeto de comentários na cidade, é claro, mas pensava que ao menos poderia compartilhar minha felicidade com todas vocês. Ardia em desejos de contar-lhes.
Marianne sentiu lástima por sua amiga. Estendeu a mão à Penélope do outro lado da mesa.
—Então nos deve contar tudo a respeito dele. Deve ser um cavalheiro muito especial para que esteja disposta a renunciar a sua independência.
Penélope franziu o cenho.
—Minha independência? Do que está falando, querida?
—Acaso não decidimos — disse Marianne — que a independência financeira de que gozávamos como viúvas era algo muito prezado que devíamos valorizar? E que nenhuma de nós, e muito menos você, Penélope, desejava renunciar a ter o controle de nosso dinheiro por nos casar com outro homem? Mas, é claro, suponho que isso deixa de importar quando se está apaixonada.
—Quem disse algo de um marido? —perguntou Penélope.
—Ou de estar apaixonada?
—Oh! —disse Marianne. —Pensava...
—Só porque levo a um homem a minha cama não significa que vá me casar com ele. Ou que esteja apaixonada.
Grace deixou escapar um gemido e suas elegantes feições se retesaram até converter-se em uma máscara de inquieto desgosto.
—Penélope, por favor.
Marianne não pôde evitar sorrir ante a confusão de Grace. Como viúva de um proeminente bispo, Grace Marlowe era um exemplo de casto decoro. A mera menção das palavras "homem" e "cama" em uma mesma oração mortificava-a além do imaginável.
Penélope estalou a língua de novo.
—Não seja tão dissimulada, Grace. As mulheres têm amantes de vez em quando.
—Outras mulheres — disse Grace. —Não nós.

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