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16 de novembro de 2014

Prelúdio de Sangue

Saga dos Plantagenetas


A ascensão de Henrique II ao trono inglês marcou o alvorecer da era Plantageneta. 

Prelúdio de Sangue reconstitui a trajetória do monarca: sua coroação, o assassinato do arcebispo de Canterbury Thomas Becket e o conflituoso casamento com Eleanor de Aquitânia que, ferida e humilhada por Henrique, planta no coração dos filhos a semente da vingança...

Capítulo Um

Duquesa e Rainha
De uma janela do castelo de L Ombrière, o duque de Aquitânia olhava o que se passava embaixo no roseiral sombreado. Era uma cena que o deixava encantado. Suas duas filhas - ambas jovens encantadoras, embora a mais velha das duas, Eleonore, sobrepujasse, em beleza, a irmã Petronelle - estavam cercadas por membros da corte, rapazes e moças, decorativos e elegantes, ouvindo naquele momento o menestrel que cantava sua canção de amor.
Os olhos do duque pousaram em Eleonore, pois ela estava ao centro do grupo. Uma certa qualidade fazia com que ela se destacasse dos demais. 
Não era só a beleza, nem tampouco a sua posição social. Era, afinal de contas, a herdeira de Aquitânia até que o duque gerasse um filho homem e, como ele era viúvo, teria que agir depressa se quisesse fazer aquilo porque, embora tivesse apenas 38 anos, já perdera duas esposas, e o único resultado daqueles dois casamentos eram suas duas filhas, Eleonore e Petronelle. Eleonore era alta e bonita; havia algo nela de imponência; tinha o aspecto de uma pessoa nascida para governar. Havia também sensualidade. 
O duque suspirou, pensando no pai, cuja vida tinha sido dominada pela devoção ao sexo oposto, e imaginando se sua atraente filha não iria sair ao avô sob aquele aspecto.
Ela estava com quatorze anos de idade, e Petronelle era três anos mais moça. No entanto, havia nas duas, mesmo na pequena Petronelle, um ar de amadurecimento. Quanto a Eleonore, estava pronta para o casamento. E se qualquer coisa acontecesse a ele antes de que o evento tivesse lugar, quem iria protegê-la? O duque a imaginou em um roseiral só seu, cercada por seus menestréis e pelas damas de sua corte; e um pretendente entrando no castelo a cavalo. 
Para atraí-lo, haveria não apenas as imensas terras e fortuna de Eleonore, mas também a fascinante Eleonore. E se ela se recusasse a se casar? Ele conhecia os hábitos da época. A bela donzela seria raptada, mantida prisioneira, deflorada se não cedesse de boa vontade, e colocada numa posição tal que a família ficaria ansiosa por casá-la com o seu estuprador.
Era difícil imaginar um destino daqueles para Eleonore. No entanto, até ela poderia ser obrigada a submeter-se.
O duque agradeceu a Deus o fato de as coisas não terem chegado àquele ponto. Ali estava ele, um homem de 38 anos, com duas filhas atraentes. Precisava casar-se e gerar um filho homem. No entanto, e se se casasse e não houvesse filho algum? Como era frequente não surgirem herdeiros! 
Por que lhe haviam sido dadas apenas filhas? Como era costume entre os homens de sua época, ele se perguntava se Deus não o estaria punindo pelos seus pecados ou, talvez, pelos pecados de seus antepassados.
Seu pai fora um dos mais famosos pecadores de sua época. As mulheres tinham sido a sua derrocada. Abandonara a mulher e instalara a amante com grande pompa, chegando até a mandar gravar uma imagem dela em seu escudo. Guilherme, o nono duque de Aquitânia, não dera importância para as convenções e, embora o maior motivo de sua vida tivesse sido correr atrás das mulheres, isso era uma qualidade - ou defeito, dependendo do ângulo de observação
- bastante comum, e ele ficou mais conhecido pelo amor à poesia e às canções. O estado ideal do duque fora ficar deitado com a amante do momento e ouvir o dedilhar da harpa e as canções, que com frequência eram de sua autoria, cantadas pelos seus menestréis. 
Ele era chamado de o Pai dos Trovadores, e Eleonore herdara o seu talento nessa parte; ela escrevia um poema, musicava-o, tocava-o e atraía para si os melhores intérpretes do ducado. 
O que mais ela herdara do avô? Percebendo a expressão naqueles grandes olhos lânguidos ao pousarem em vários cavalheiros bem-apessoados, o duque refletia.










Saga dos Plantagenetas
1- Prelúdio de Sangue
2- O Crepúsculo da Águia
3- O Coração do Leão
4- O Príncipe das Trevas
5- A Batalha das Rainhas
6- A Rainha de Provence
7- Eduardo I
8- As Loucuras do Rei
9- O Juramento do Rei
10-Passagem para Pontefract
11-A Estrela de Lancaster
12- Epitáfio para Três Mulheres
13- A Rosa Vermelha de Anjou
14-Sol em Esplendor
Saga Concluída