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2 de dezembro de 2013

Um Bom Homem

Série Escândalos da Sociedade



Depois de causar um grande impacto na temporada social Lady Sophia Cleeve surpreendeu a todos ao declarar que sua intenção era encontrar um homem honesto e decente de classe humilde, não se casar com qualquer almofadinha mimado da aristocracia.

Em meio ao choque geral de sua aparição Benedict Risely, Duque de Sharnbrook, se apaixonou perdidamente por ela.
Para conquistá-la, Ben decidiu ocultar seu título e riquezas e aceitar um emprego como criado pessoal de Sophia.
Logo as relações entre ambos adquiriram um matiz muito mais íntimo, mas à medida que seu amor florescia, aumentavam os temores de Ben pela reação de Sophia quando descobrisse que, assim como ela, ele também pertencia à nobreza…

Capítulo Um

Março, 1812
O Conde de Yardley olhou frustrado aos cachos negros de sua filha. Qualquer um poderia pensar que a cabeça encurvada e as mãos entrelaçadas expressavam uma atitude arrependida, mas seu pai não se deixava enganar. De jeito nenhum!
Um inconfundível vislumbre de malícia brilhava nos preciosos olhos verdes de Sophia, enquanto se esforçava por ocultar um provocador sorriso.
— Assim que se nega a pensar na proposta — ele reiterou tentando controlar seu gênio.
Qualquer outra mulher estaria encantada em receber quatro propostas matrimoniais desde sua chegada à cidade, tão somente duas semanas antes. Sua Sophia, entretanto, era muito especial a respeito.
Virou sobre seus calcanhares e atravessou a biblioteca para olhar pela janela.
— Posso saber ao menos por que a desagrada tanto Lorde Vale?
— Oh, não me desagrada, papai — assegurou sua filha descontente. — A verdade é que não o conheço o suficiente para formar uma opinião.
— Nesse caso, que dúvidas pode ter, além da necessidade de conhecê-lo melhor?
Sophia levantou finalmente a cabeça. Em seus olhos seguia brilhando uma ponta de malícia.
— Bem, além de ter mais de quarenta anos, é o único cavalheiro que conheço que poderia sentar-se em uma carruagem e olhar pelas duas janelas ao mesmo tempo.
Um som suspeitosamente parecido a uma risadinha afogada alcançou seus ouvidos. Virou-se para o bom homem e olhou as costas retas e o cabelo cinza de seu pai. Por haver completado setenta e um anos semanas antes, seu pai conservava uma excelente condição física.
— Papai, não pensará a sério que vou considerar a proposta de Lorde Vale, verdade?
Não, não o pensava, mas não estava disposto a admiti-lo.
— Parece se esquecer de que eu era mais velho que Lorde Vale quando pedi a mão de sua mãe.
— Certo, mas você foi um cavalheiro bonito e distinto… E ainda segue sendo.
— Não tente me persuadir com adulações, menina! — ele admoestou, tentando que sua filha favorita não o desarmasse com seus ardis. O que, por desgraça, sempre conseguia. — Muito bem, entendo sua recusa de pensar na proposta de Vale, mas o que me diz do jovem Farley?
Sophia arqueou suas finas sobrancelhas.
— Conhece bem Cedrid Farley? É um lunático!
Uma vez mais, Sua Senhoria teve que fazer um considerável esforço para ocultar seu regozijo diante da sinceridade brutal de sua filha.
— E Pelham e Neubert?
— Um par de fantoches sem cérebro!
— Deus, bendito! — exclamou Sua Senhoria. — Onde aprendeu a falar assim?
A expressão de Sophia evidenciava quão desnecessária lhe parecia aquela pergunta.
— Dos homens da casa, de quem mais?
O Conde voltou para sua escrivaninha, nada agradado por se encontrar de repente em desvantagem.
— Falarei com seu irmão quando o vir. Tem que aprender a frear sua língua quando estiver perto de você.
— Disseram que Marcus deve chegar a qualquer momento e que tem intenção de ficar na cidade uma semana ou duas. Creio que seria muito injusto que o repreendesse, papai — ela assinalou em defesa de seu meio-irmão. — Sobretudo quando você tampouco se preocupa em moderar sua linguagem quando está em minha presença.
O Conde esteve a ponto de lhe retrucar, mas pensou melhor e começou a folhear as cartas que recebera nas duas últimas semanas daqueles quatro desventurados pretendentes.
— Não pense que vou me esquecer do assunto, pequena trapaceira!
 







Série Escândalos da Sociedade
1-Um Casamento conveniente
2- Falsas Aparências
3- Dívida de Amor
4- A Melhor Companhia
5- Aguardem...
6- Um Bom Homem

10 de maio de 2013

A Melhor Companhia

Série Escândalos da Sociedade 





O Capitão Lewis Brabant não achava nenhuma graça em abandonar a vida no mar para voltar para Hewly Manor, junto a Steepwood, em busca de uma noiva, mas seus amigos tinham sugerido que talvez encontrasse a solução para suas toscas maneiras se casasse.

Em Hewly vivia uma prima que também queria ver Lewis casado…Com ela.
Mas não era por sua bonita e ardilosa prima que Lewis sentia uma atração irresistível, e sim por sua amiga, a enigmática Caroline Whiston.


Capítulo Um 

A Senhorita Caroline Whiston deixou o livro de sonetos de Shakespeare e soltou um suspiro romântico. 
Ninguém a tinha comparado nunca com um dia do verão, e se alguém o tivesse feito é certo que teria sido com intenções desonestas. 
Conhecia muitas mulheres que cometeram o engano de acreditar no romantismo e que acabaram se arrependendo. 
Mesmo assim, seria maravilhoso conhecer um homem, a um tão somente, que não fosse um libertino nem um distinto e respeitável Cavalheiro. 
Desde que se convertera em preceptora, dez anos atrás, Caroline classificara nesses dois grupos a todos os homens que conhecera. 
O grupo de libertinos era o mais numeroso, pois continha pais, irmãos, parentes e amigos que se consideravam irresistíveis. 
A todos eles Caroline tratava com uma mescla de dureza e prepotência, e só recorria à violência física quando tinha que deter seus excessos de confiança. Nenhum deles voltava a insistir. 
Caroline não era o bastante bonita para merecer o tempo e o esforço de ninguém, e sempre se assegurava de ocultar seus traços mais chamativos.
Levava recolhida em um sério coque sua formosa cabeleira castanha, e suas maneiras inspiravam um profundo respeito em suas alunas e nos pais das mesmas. 
— A Senhorita Whiston é muito cortante — se queixou o irmão mais velho de suas últimas discípulas — Antes beijaria a uma serpente que tentar me aproximar dela! Depois estavam os Cavalheiros. 
Não eram tão perigosos como os libertinos, mas também teria que ter muito cuidado com eles. Podia ser um tutor ou um pároco que vissem Caroline como uma possível criada. 
Com eles se mantinha amável, mas firme. Não tinha a menor intenção de trocar o fatigante trabalho de uma preceptora por trabalhar sem cobrar como criada em uma paróquia, nem sequer por uma aliança de casamento. Voltou a suspirar. 
Nem sequer sua capa de inverno podia protegê-la da gélida manhã de novembro, e seu vestido de veludo escarlate, presente da mãe de uma aluna, foi idealizado para mostrar mais que para cobrir. 
Caroline sabia que era um exagero vestir um vestido de noite quando saía para passear pelo bosque ao amanhecer, mas tampouco havia alguém que pudesse vê-la, e era a única ocasião em que podia se permitir um pequeno capricho. Mas de todos os modos deveria retornar. 
Fazia frio, e se atrasasse muito, Julia seria tão mordaz como só ela podia ser. Guardou o livro no bolso, recolheu a cesta e se pôs a andar pelo atalho. 
Os raminhos cobertos de geada rangiam sob suas botas e as teias de aranhas reluziam como fios de prata sob o sol. Tudo estava em silêncio. 
Aquelas manhãs eram os únicos momentos de solidão que Caroline podia desfrutar, já que o resto do dia tinha que estar à inteira disposição de Julia, e também as noites, se à Senhora Chessford afligiam ataques de insônia. 
Caroline tinha interpretado o oferecimento de Julia para ficar em Hewly como o convite de uma amiga, mas não tinha demorado a descobrir que não era mais que uma criada. 
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Série Escândalos da Sociedade
1-Um Casamento conveniente
2- Falsas Aparências
3- Dívida de Amor
4- A Melhor Companhia

29 de outubro de 2012

Dívida De Amor

Série Escândalos da Sociedade

Em seu tranquilo povoado junto à Abadia Steepwood, Índia Rushford enfrentava uma difícil situação, converter-se na noiva de Lorde Isham ou passar o resto de seus dias como uma miserável. 

Entretanto, à medida que se aproximava a data das bodas foi descobrindo o verdadeiro atrativo do Lorde e sentiu como uma poderosa atração começava a surgir entre eles. 
Mas o caminho para a felicidade estava infestado de obstáculos, e uma ameaça mortal se abatia sobre ambos. 
Poderia Índia confessar seu amor a Lorde Isham antes que fosse muito tarde? 

Capítulo Um 

1811 
A mais velha das duas damas sentadas junto à lareira da pequena casa de campo estava visivelmente angustiada, como evidenciavam as lágrimas que se deslizavam por suas faces enquanto olhava a seu cunhado. 
— Me diga que não é certo! — suplicou — Isham tem que ficar com tudo? Também com meu dote e a parte que corresponde às meninas? Sir James Perceval vacilou um momento. 
Odiava a tarefa que tinha por diante, mas sabia que tinha que levá-la a cabo. 
— Não se pode fazer nada — disse finalmente — Isabel, querida, tem que se preparar para o pior. Tentei salvar todo o possível, mas a dívida é muito grande. Quando disse que perderia tudo não só me referia à casa, à carruagem e os cavalos. 
— Todo isso não me importa — atalhou a Senhora Rushford, desprezando as comodidades que a tinham mantido durante toda sua vida 
— Mas minhas meninas...! Quem tomará conta delas? E como vamos viver? — Alongou um braço para a silenciosa figura de sua filha 
— ah Índia... Ficamos na ruína. Então, para horror dos pressente, soltou uma gargalhada histérica. 
Índia se levantou e, depois de fazer soar a campainha, tomou as mãos de sua mãe e falou em voz baixa. — Está esgotada, mamãe.
Deixe que acompanhe ao seu aposento. Martha lavará sua cabeça com água da Hungria e esquentará seus pés. O tio e eu nos ocuparemos disto. 
Tem que ter algo que possamos fazer. Rodeou-a com um braço pela cintura e a tirou do salão. 
Demorou um comprido momento em voltar, e se apressou a tranquilizar Sir James. 
— Mamãe está descansando, mas enviei Letty para que avise o médico. Um sedativo assentará bem. Foi um choque... Depois de tudo o que teve que suportar ultimamente. 
— Teria economizado se pudesse querida, mas foi impossível. É um mau assunto, e lamento que o tenha tomado assim. Índia assentiu. 
— Temo que as notícias sobre meu dote fossem a gota que encheu o copo. Os últimos quatro meses da morte de meu pai foram um pesadelo. E logo estão os planos que tinha para nós... 
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2- FALSAS APARÊNCIAS




  

George Lyford, Visconde de Wyndham, estava desesperadamente apaixonado e não podia compreender o recusa da formosa Serena Reeth. Como era possível que não sentisse o mesmo por ele? Acaso dava crédito aos rumores sobre as orgias que supostamente celebrava e sobre o ininterrupto desfile de amantes que fazia ornamento? Serena devia escutar a verdade de seus lábios e descobrir o amor que ele abrigava em seu coração…

Antes que as maquinações de um louco destruíssem aos dois.

Capítulo Um 

Outubro, 1811
  O tic-tac do relógio do suporte parecia aumentar de volume à medida que o silêncio se alongava. O homem mais jovem observou o maior com uma crescente sensação de desgosto. Tinha-o entendido mal? Os olhos cinza de Wyndham se cobriram com uma fria expressão de incredulidade. 
  Com uma estatura ligeiramente superior à média, ia impecavelmente vestido para a ocasião com jaqueta escura e calças negras, que cobriam sua esbelta figura com a elegância que caracterizava a qualquer seguidor da moda de Brummell. 
Mas ninguém poderia acusar George Lyford, Visconde de Wyndham, de ser um dandi. Apesar de seu cabelo castanho escuro cuidadosamente penteado, nem seu traje nem seus costumes podiam considerar-se extravagantes. 
Aos vinte e sete anos renunciava a qualquer afetação à última moda, como os monóculos e as correntes de ouro, e demonstrava o cinismo próprio de um homem do mundo. 
  O último que esperava era sucumbir ao encanto natural de uma debutante com uma juba de cachos dourados. E ainda se esperava menos, embora não fosse nenhum aristocrata ingênuo, que pudessem recusá-lo ao pedir a mão da Senhorita Serena Reeth. 
  Wyndham não sabia o que dizer ao seu anfitrião. O golpe o tinha deixado aniquilado, e não só tinha afetado o seu orgulho. 
  — Entendi bem, Senhor? — conseguiu perguntar depois do desconcerto inicial — recusou minha proposta?
  Lorde Reeth pigarreou, ligeiramente irritado. 
  — Minha filha não é para você, Senhor. 
  — Mas por quê? — espetou o frustrado pretendente. 
  Reeth não respondeu, e o Visconde afastou o olhar do velho para jogar uma impaciente olhada à biblioteca. O aposento era amplo e espaçoso, e as estantes com portas de cristal projetavam uma atmosfera triste e rude que impregnava a sala. Ou talvez se devesse à garoa de princípios de outubro que caía ao outro lado das janelas. 
  Wyndham se aproximou da escrivaninha de carvalho, onde Lorde Reeth acendera um candelabro. À luz das velas, o montão de papéis e correspondência testemunhava a diligência do Barão. 
  O Visconde deu as costas a seu anfitrião, que permanecia junto à lareira com uma mão no suporte. 
Lorde Reeth tinha uma figura imponente, com uma reluzente cabeleira de ouro brunido e um nariz romano que, graças a Deus, não herdou sua formosa filha. Era um homem de boa estatura e seu vestuário correspondia a sua idade amadurecida. Calças negras e jaqueta cômoda. 
  Sua voz forte e poderosa servia muito bem aos dotes de oratórias que exigia sua profissão política... Em que Wyndham não tinha o menor interesse. 
  — Está me recusando porque não me envolvo na política, possivelmente? —Perguntou, procurando desesperadamente uma razão. 
  Lorde Reeth soltou uma breve gargalhada. 
  — Se me preocupasse por isso, duvido muito que pudesse encontrar um pretendente adequado para minha filha. 
  — E o que me converte em um pretendente inadequado? — Perguntou o Visconde, ofendido — Não quero parecer arrogante, mas normalmente me consideram um bom partido.
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Série Escândalos da Sociedade
1-Um Casamento conveniente
2- Falsas Aparências
3- Dívida de Amor
4- A Melhor Companhia

7 de outubro de 2012

Um Casamento Conveniente

Série Escândalos Da Sociedade


Uma época de escândalos e emoções. 

Um marido suspeito de um crime. 
Uma jovem desaparecida. 
O matreiro e libertino Marquês de Sywell ganhara a Abadia de Steepwood jogando cartas, provocando a morte do Conde de Yardley. 
Anos depois, voltava para escandalizar a Sociedade ao se casar com uma mulher de classe inferior à sua e o bastante jovem para ser sua neta. 
Pouco tempo a Marquesa desaparecia sem deixar rastro. Todo mundo esperava que surgissem novos escândalos, mas ninguém se imaginava os horrores que sairiam à luz. 

Capítulo Um 

Outubro, 1811 
— Coragem, Beatrice! Vai deixar que a assuste os contos de bruxas e dragões? Não são mais que tolices — disse a si mesma, consciente de que estava falando em voz alta 
— Papai se envergonharia de você se a visse. Beatrice estremeceu e apertou o manto contra seu corpo para impedir que o vento o arrebatasse. 
Aproximava-se das portas da Abadia Steepwood do povoado de Steep Abbot, que se apinhava junto aos ruídos muros da Abadia, justo onde o rio entrava em suas terras. 
No povoado que deixava a suas costas se respirava a tranqüila beleza das árvores, cujos frondosos ramos acariciavam as bordas de um lago idílico no curso do rio. 
Diante dela se levantava a forma achaparrada da velha Abadia; suas terras se converteram em um planalto desolado. Nunca foi um lugar muito agradável, mas ao cair da noite se envolvia de um ambiente ameaçador, produto das mentes supersticiosas. 
— Não há de que ter medo — disse a si mesmo enquanto olhava o caminho às escuras 
— Como era aquilo que disse o professor Shakespeare? Ah, sim! 
«Nossos medos nos convertem em traidores». 
Não traia suas próprias convicções, Beatrice. 
isto não são mais que falatórios e superstições... Mas se contavam muitas histórias sobre aquele lugar, e todas elas resultavam arrepiantes. 
A terra fora cedida aos monges no século XIII, e a Abadia se levantou em uma bonita zona de bosques que bordejava o Rio Steep. 
As origens da mesma se perdiam na lenda e o misticismo, e segundo a crença popular aquele fora a convocação de um templo romano.
Algumas das histórias sobre os sucessos acontecidos na Abadia bastariam para fazer empalidecer os homens mais valentes. 
Portanto, possivelmente não fora tão somente a brisa outonal o que fazia estremecer Beatrice daquele modo. — É uma estúpida!

Série Escândalos da Sociedade
1 - Um Casamento Conveniente
2 - Falsas Aparências
3 - Dívida de Amor
4 - A Melhor Companhia
5 - A Most Improper Proposal
6 - Um Bom Homem
7 - An Unreasonable Match