Território do Colorado, 1868.
Após o desaparecimento de sua família, a bela e inocente, Shannon Conner, tenta desesperadamente sobreviver ao gélido inverno na pequena cabana que herdou. Sozinha e desamparada, deverá enfrentar o cruel assédio ao qual é submetida por um grupo de foragidos... e à devastadora atração que sente pelo rígido pistoleiro que arriscará sua própria vida para protegê-la. Rafe Moran, um homem perigoso e implacável, que nunca pensou em se assentar em algum lugar, até conhecer Shannon e sucumbir a doce violência do desejo e da paixão que ela lhe oferece... uma paixão selvagem e sem limites pela qual ele será capaz de perder sua própria alma.
Capítulo Um
Verão de 1868, Echo Basi Território de Colorado
Está assustada. Tem um jeito de andar doce como o mel. As duas ideias assaltaram quase ao mesmo tempo a mente de Rafael Chicote Moran, e não soube decidir o que o atraía primeiro à jovem, o medo ou o seu modo de andar. Esperava que fosse o medo.
Porém, o calor que correu em suas veias lhe dizia o contrário. Sob as calças puídas e a jaqueta de lã masculina que aquela jovem usava, havia um corpo muito feminino. E sob as costas eretas, o queixo alto e a determinação, existia um medo muito real. Rafe ignorava o que provocava o medo da jovem ou porque lhe importava tanto.
O que sabia era que descobriria. Permaneceu um momento mais em pé, no barro frio, em frente ao único armazém de Holler Creek, e o gélido vento da montanha atravessou sua grossa jaqueta de lã. A jovem também percebeu porque estremeceu ao passar apressadamente pela imunda porta do estabelecimento. Com os rápidos movimentos de um homem dotado de um ágil e poderoso corpo, Rafe seguiu a misteriosa jovem e entrou no armazém.
O vento fechou a porta às suas costas com um forte estrépito, porém mal notou devido a concentrar toda sua atenção na jovem, que parou com aquele andar tão seu, doce e levemente oscilante, debaixo de um raio de luz que entrava pela única janela que não estava quebrada e que não havia sido coberta com tábuas. Durante alguns poucos segundos, os olhos femininos percorreram avidamente as pilhas espalhadas de comestíveis não perecíveis, ferramentas e roupas, enquanto seus dedos se fechavam formando um punho envolvendo alguma coisa que levava na mão.
Como se sentisse o intenso interesse de Rafe sobre sua pessoa, a jovem se virou de repente e o olhou com lindos olhos da cor de um selvagem e outonal céu azul, tão claros e profundos que um homem poderia admirá-los eternamente e nunca achar fim em tal beleza.
Algumas rebeldes e longas mechas escapavam do chapéu e Rafe viu admirado que possuiam um brilhante tom castanho com reflexos vermelhos e dourados.
Eu já a vi antes, pensou. Porém aonde? Respirou profundamente e uma longínqua e perturbadora lembrança voltou à sua cabeça. Meu sonho. É a mulher que aguarda em pé à porta de uma cabana, me esperando.
4 - Somente Amor