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26 de fevereiro de 2018

A Princesa Descalça

Trilogia Princesas Perdidas
Era uma vez, num reino distante, um plano de vingança que deu errado e se transformou numa paixão arrebatadora...

A vida no exílio ensinou a princesa Amy a abominar injustiças, e na pitoresca ilha de Summerwind, ela encontra a injustiça personificada no poderoso e incrivelmente atraente Jermyn Edmondson, o marquês de Northcliff. 
Como o marquês se apoderou do meio de vida dos habitantes da ilha, Amy decide se apoderar dele. Ela rapta o arrogante nobre, o acorrenta no porão e pede um resgate para libertá-lo. É um plano simples, destinado a ter êxito, pois certamente o tio de Jermyn pagará o resgate. 
Só que o tio de Jermyn quer mais é que alguém se livre de seu sobrinho para que ele herde o título e a fortuna. E manter o enfurecido, malicioso e sedutor Jermyn acorrentado no porão mostra-se um desafio ao controle de Amy... e à sua virtude...

Capítulo Um

Devon, Inglaterra, 1810
Se Jermyn Edmondson, o marquês de Northcliff, soubes­se que estava prestes a ser sequestrado, não teria saído para um passeio.
Ou talvez saísse. Precisava de alguma emoção na vida.
A barreira cinzenta da bruma se arrastava pelo oceano verde encapelado e cobria a ilha de Summerwind. Bem abai­xo de seus pés, as ondas estouravam com espumosa malevolência contra as rochas na base do penhasco. O vento pen­teava-lhe os cabelos e erguia o pesado sobretudo desabotoado como as asas negras de uma ave marinha. O sal picava-lhe as narinas, e leves borrifos cobriam-lhe a face. Tudo ali, naquele canto de Devon, era selvagem, puro e livre. Menos ele.
Estava atado àquele lugar. E morto de tédio.
Com desgosto, desviou os olhos do cenário com suas ondas imutáveis, enfadonhas, massacrantes, e manquitolou rumo ao jardim onde os açafrões da primavera começavam a apon­tar os brotos pelo solo nu.
Suas propriedades não contavam com nada que pudesse entreter um homem de seus interesses. Só bailes caipiras animavam as noites, lotados de senhores rurais sem ceri­mônias, debutantes de risos nervosos e mamães tímidas à caça de um título para as filhas.
Na verdade, Jermyn concluíra que havia chegado a hora de se casar. Efetivamente, pedira ao tio Harrison que apre­sentasse uma lista da safra atual de debutantes e sugerisse uma noiva adequada. Porém não tomaria como companheira de uma vida uma garota que julgasse uma caminhada bu­cólica como divertimento.
O acidente de carruagem que ele sofrerá dois meses antes havia cortado categoricamente suas atividades, e os dias eram intermináveis, silenciosos, preenchidos com longos passeios ao ar livre. E com leitura.
Jermyn olhou para o livro em sua mão. Meu Deus, estava tão enfadado de ler... Tinha até mesmo começado a ler em latim, o que não fazia havia treze anos. Não, desde que o pai morrera.
Fora o orgulho que o havia obrigado a partir às pressas de Londres. Ele detestava ser o centro de enjoativas aten­ções enquanto se recuperava. E quando o tio tinha sugerido a abadia de Summerwind como um retiro, Jermyn julgara a ideia digna de consideração.
Agora, pensava diferente.
No gazebo, sentou-se numa cadeira de vime e esfregou a coxa machucada. Ele sofrerá uma fratura feia no acidente, e aquele médico do interior a quem havia chamado duas noi­tes antes lhe dissera, com seu sotaque ignorante de Devon:
— O melhor remédio é tempo e exercício. Caminhe até sua perna se cansar, mas não exagere. Ande por onde seja seguro e plano. Se escorregar e machucar esse osso recém-emendado, ficará com uma lesão permanente.
No dia anterior, Jermyn enveredara pela trilha íngreme dos penhascos rumo à praia, e caíra por causa da fraqueza da perna. Mal tinha conseguido rastejar de volta até o solar. A dor o fizera chamar o médico de novo, e Jermyn não havia ficado nada feliz em ouvir que só deveria caminhar pela varanda, como uma matrona ou uma criança.
Abriu o livro e mergulhou na narrativa de Tom Jones, e as aventuras jocosas de Fielding o prenderam contra a von­tade. Assustou-se quando alguém disse:
— Senhor?
Uma criada encontrava-se de pé à entrada, com um copo numa bandeja, e, diante do gesto dele, aproximou-se.
Jermyn percebeu três coisas. Ele nunca a vira antes. O vestido azul era surrado, e a cruz de prata em torno do pescoço da criada era excepcionalmente elegante. E ela o fitava nos olhos sem deferência ao empurrar a bebida em sua direção.
Jermyn não pegou o copo de imediato. Em vez disso, notou a pele bem tratada da moça, tão diferente da tez queimada de sol das criadas locais. Os olhos eram de um tom incomum de verde, como o mar na iminência de uma tempestade. Os cabelos eram louros, penteados para cima. Ainda não devia ter vinte anos, e era bonita, tão bonita que Jermyn se sur­preendeu que nenhum lavrador pela redondeza não a tivesse desposado. Contudo a expressão nos olhos daquela mulher era severa, quase austera.
Talvez isso explicasse sua condição de solteira.
Sem permissão, ela falou:
— Senhor, precisa beber. Eu trouxe isto o caminho todo até aqui para o senhor.
Meio aborrecido, meio divertido, Jermyn disse:
— Não mandei que fosse trazido.
— É vinho — a criada explicou.
Era uma moça corajosa. Talvez receasse problemas se ele não aceitasse a bebida mandada pelo mordomo.
— Está bem. Aceitarei. — Ele ergueu o copo, enquanto ela continuou a encará-lo, esperando, ansiosa, que Jermyn tomasse um gole. Num tom ríspido, ele emendou: — Isso é tudo.
A criada saltou como se assustada. Lançou-lhe um olhar de soslaio, abaixou-se numa graciosa mesura e recuou, o olhar ainda no copo.
E, naquele olhar, ele julgou ter visto de relance um lam­pejo de amargo ressentimento.
Então, com um jogar da cabeça, ela correu pelo jardim.
Interessante... 








Trilogia Princesas Perdidas

1 - Uma Noite Encantada
2 - A Princesa Descalça
3 - A Princesa Raptada
Trilogia Concluída

19 de agosto de 2012

Uma Noite Encantada

Trilogia Princesas Perdidas

Clarice e sua irmã mais nova Amy são princesas. Porém, percorrem toda a Grã-Bretanha, de povoado em povoado, como fugitivas.
Sobrevivem vendendo cremes e esperando o momento adequado para retornarem ao pequeno reino dos Pirineus, onde a revolução acabou com suas vidas de conto de fadas.
Com o tempo, as duas jovens aprenderam a se defender tanto das adversidades como das atenções indesejadas dos homens.
Mas todas as defesas de Clarice parecem sucumbir quando conhece Robert MacKenzie, conde de Hepburn.
Em seus olhos, a princesa reconhece a promessa de um amor para o qual não foi preparada em sua infância no palácio... mas suspeita que aquele homem bonito e silencioso guarda dentro de si, em relação a ela, um plano inconfessável.
Arrastada até o castelo de Robert transforma-se em um peão no jogo que o conde está planejando há muito tempo.
Mas, às vezes, até um peão pode decidir uma partida.

Comentário revisora Marilda: Livrinho com situações inusitadas: mocinha princesa que vende cremes; mocinho que procura vingança, porém, o alvo não é a mocinha, ela é apenas o instrumento para alcançá-la; uma cena de amor com vinte folhas.
Personagens secundários muito interessantes. Leitura agradável.
Gostei e recomendo. Divirtam-se!

Capítulo Um

Escócia, 1808
O vale era dele, o povoado era dele, no entanto, aquela mulher entrou montada em seu cavalo na praça central de Freya Crags como se lhe pertencesse.
Robert MacKenzie, conde de Hepburn, olhou com o cenho franzido a desconhecida que cruzava galopando a ponte de pedra e abria caminho entre a buliçosa multidão.
Era hora das compras e havia tendas de lona marrons instaladas por toda a praça.
O burburinho de centenas de vozes oferecendo suas mercadorias por todo o lugar, mas a desconhecida se destacava entre a multidão, sobressaía-se sobre todas as pessoas, montada num rebelde garanhão de dois anos.
O cavalo castanho trotava com determinação, como se levá-la lhe produzisse orgulho, e apenas a categoria da montaria já era suficiente para que as pessoas girassem a cabeça.
A dama sentada na sela atraía ainda mais atenção, primeiro olhares fugazes, em seguida, escrutínios persistentes.
Robert olhou ao seu redor, ao pequeno círculo de homens velhos reunidos ao sol diante do botequim. Estavam com suas enrugadas bocas abertas enquanto olhavam embevecidos, esquecidos da mesa e do tabuleiro de xadrez que estavam diante deles.
Em torno deles, o som dos regateios entre compradores e vendedores se transformou em um zumbido de especulações enquanto todos os olhares se voltavam em direção à desconhecida.
O traje de montar de lã negra a cobria até o pescoço, preservando a ilusão de decoro e acentuando cada curva de sua magra figura.
Usava um alto chapéu negro de aba larga e um véu da mesma cor que flutuava para trás.
As mangas tinham punhos vermelhos combinando com o lenço que rodeava seu pescoço, e esses pequenos detalhes de cor viva propiciavam um agradável impacto à primeira vista.
Tinha seios generosos, cintura estreita, brilhantes botas negras e um rosto…

Trilogia Princesas Perdidas
1 - Uma Noite Encantada
2 - A Princesa Descalça
3 - A Princesa Raptada
Trilogia Concluída

19 de janeiro de 2011

A Princesa Raptada

Trilogia Princesas Perdidas

Era uma vez uma princesa, que desapareceu sem deixar rastros... Até o dia em que um príncipe a encontrou e a trouxe de volta...

Prometidos um ao outro desde o nascimento, Sorcha e Rainger estava destinados a governar seus países juntos.
Mas a revolução mandou Sorcha para um longínquo convento escocês... e Rainger para um calabouço tão profundo que corriam boatos de que ele estava morto.
Agora, com a ameaça de perigo, Sorcha precisa viajar para casa acompanhada de um simples pescador... o príncipe Rainger disfarçada.
Transformado pelo cárcere de rapaz despreocupado em homem perigoso, ele está decidido a reconquistar seu reino... e a mulher a quem deseja mais que a própria vida.
Mas como proteger uma mulher que confia em todo mundo, que acha que cada taverna é uma oportunidade para cantar músicas despudoradas, e que cada curva na estrada lhe reserva uma nova aventura? Para manter sua princesa a salvo, Rainger precisa recorrer à sua arma mais traiçoeira: a sedução.

Capítulo Um

Numa ilha ao largo da costa noroeste da Escócia 1810
Sorcha não sabia realmente o que estava observando; olhara para aquela mesma paisagem o verão inteiro. Vira a lua cheia no fim de outubro e depois, quinze dias mais tarde, observara a chegada do Sr. MacLaren ao porto onde, duas vezes por ano, ele acostava, vindo de terra firme para descarregar os suprimentos de carne, vinho e tecidos. Também avistara as nuvens da primeira tempestade de inverno como um gigante faminto, avançando do mar, tor­nando as águas verdes e bravias.
Tudo aquilo nada mais era que o ciclo normal de vida na ilha.
Agora, ela caminhava ao longo da praia rochosa, sal­picada de madeira flutuante lançada pela tempestade. As ondas ainda quebravam na praia, e as nuvens corriam contra o azul do céu. O vento assobiava em seus ouvidos e enroscava-se em suas roupas. Seus cabelos ruivos escapa­ram do lenço, voando em torno da face, e ela os soprou da boca, desgostosa. Deveria voltar, mas o convento precisava de lenha e, além disso, ela se sentia tão agitada e inquieta como o ar.
Percorreu a extensão da praia e recolheu alguns ga­lhos num pedaço de pano rasgado. Então parou imóvel.
Se olhasse numa direção, via apenas a linha fina do hori­zonte, onde o oceano encontrava o céu, mas se olhasse na outra direção, via terra firme, a Escócia, um calombo marrom-esverdeado. Fazia sete anos que não punha os pés no continente e, no entanto, não conseguia afastar a sensação de que algo precisava ser feito.
Seu pai estava morto. Morrera em batalha, reconquis­tando seu reino dos revolucionários.
De acordo com o jornal que o Sr. MacLaren trouxe­ra, sua avó assumira a responsabilidade pelo governo de Beaumontagne, e exercia a função com sabedoria.
Conseqüentemente, os súditos de confiança da avó deve­riam ter aparecido para exigir o retorno da princesa herdei­ra. Então, onde estava Godfrey? Por que o enorme mensa­geiro careca e musculoso ainda não chegara?
Nos dez anos de seu exílio na Inglaterra, Sorcha vira Godfrey apenas uma vez, quando ele chegara no meio da noite para retirá-la da casa dos súditos leais de Beaumontagne ali exilados que tinham lhe dado abrigo. Em sua apressada e aflitiva jornada para o Norte, ele a avisara de que a guerra ia mal e que assassinos a procura­vam para liquidá-la. Insistira para que ela ficasse na aba­dia até que ele viesse lhe dizer que era seguro voltar.
Godfrey estava morto? Era essa a razão pela qual não viera à sua procura? Ela deveria assumir o problema com as próprias mãos e retornar a Beaumontagne?
Conforme olhava para o mar encapelado, Sorcha estre­meceu de medo.
Sua avó lhe dera a melhor educação, porém nunca fora capaz de lhe ensinar coragem.


Trilogia Princesas Perdidas
1 - Uma Noite Encantada
2 - A Princesa Descalça
3 - A Princesa Raptada
Trilogia Concluída