Saga das Terras Altas/ Família Murray
França, 1458
A lealdade estava acima de tudo, até mesmo do amor!
Quando Cameron MacAlpin conhece a identidade da bela jovem que é atirada a seus pés como pagamento de uma dívida de jogo, mal consegue acreditar na própria sorte! Avery Murray é a arma perfeita para usar contra Payton, o irmão dela, que desonrou a única irmã de Cameron. Entretanto, seu plano de pagar na mesma moeda o insulto contra seu clã é ameaçado pela própria Avery, que o induz a esquecer a vingança em favor da paixão…
Avery se sente insultada ante as acusações de seu captor contra Payton. Embora Cameron não faça segredo de que pretende usá-la para se vingar, ela fica mais irritada ainda quando ele a seduz. E o pior é que Avery se sente muito atraída pelo cavaleiro viril. Com coragem e paixão, concede-lhe por vontade própria o que ele pretendia ter… seu corpo e seu coração!
Capítulo I
França
Primavera, 1458
— Por que trouxe a moça para cá?
Sir Bearnard, um homem pesadão, flexionou o braço musculoso de modo displicente, a fim de segurar com mais firmeza a jovem desvanecida que capturara e, com olhar preguiçoso, fitou o amo, sir Charles DeVeauxx.
— Capturei-a de surpresa — respondeu.
— Não o enviei aos Lucette para raptar mulheres. Existem muitas ao redor de meus domínios, ansiosas por satisfazer as necessidades de qualquer homem.
— Fizemos tudo que nos ordenou, milorde. Encontrei por acaso esta moça quando deixávamos as ruínas incendiadas do castelo dos Lucette, e pensei que ela serviria como pagamento de uma dívida que contraí.
— Que dívida? — Com a mão esquerda, sir Charles coçou o queixo pontudo com os longos dedos cobertos de anéis, tentando, sem sucesso, ver melhor a cativa de sir Bearnard.
— Uma aposta que perdi para sir Cameron MacAlpin — replicou o outro, franzindo a testa ante a risada discreta do amo.
— Além dessa moça ser pequena como uma criança, estar suja e com a pele arranhada, devo lembrá-lo de que nosso cavaleiro escocês, MacAlpin, fez voto de castidade.
— Sim, notei que não quer saber do sexo feminino, apesar de ser assediado.
— Bem, faça como quiser, mas creio que sir Cameron vai preferir receber sua aposta em moedas sonantes.
— Quem sabe se lhe oferecer as duas mulheres…
— Duas? Só vejo uma.
— A outra é ainda menor que esta, e não passa de uma menina. Mas sir Renford a tomou para si porque faz seu tipo.
— Então tente sua sorte — replicou sir Charles, dando de ombros. — Em breve Cameron MacAlpin nos deixará, e talvez esteja disposto a ser condescendente e negociar. Quem sabe até pague pelos favores da jovem. Mas lembre-se, se ela nos causar problemas, será você quem arcará com as conseqüências, Bearnard.
Avery, a moça cativa, sentiu que seu raptor fazia um leve sinal de cabeça, como a dizer que compreendia. Estava tão furiosa que precisava fazer força para se manter quieta e de olhos fechados, enquanto sir Bearnard deixava a presença do homem de olhar frio, encaminhando-se para a saída do grande salão.
Esse bruto, pensou Avery, acabara de tentar destruir todos que lhe eram caros, e no momento pretendia usá-la como pagamento de uma dívida!
Não conseguia acreditar como sua visita à família da mãe, que começara de forma tão feliz, terminara de maneira tão trágica e sangrenta. Quantos de seus primos teriam morrido sob as espadas dos homens de DeVeauxx? Será que tudo fora destruído? E onde estaria sua prima Gillyanne? Não passava de uma criança, mal tinha treze anos. Todas essas perguntas estavam na ponta de sua língua, mas Avery tinha certeza de que o brutamontes que a carregava jamais as responderia.
Quando, por fim, pararam à frente de uma pesada porta e ele bateu, Avery fez uma careta de dor. Cada batida rude aumentava sua terrível dor de cabeça. A porta se abriu, e ela gemeu de leve, enquanto Bearnard a arrastava para dentro, sem delicadeza, fazendo suas pernas baterem na parede.
Avery tentou observar o aposento onde haviam entrado, mas seus cabelos impediam-lhe a visão. Então o grosseiro sir Bearnard atirou-a ao chão, sobre uma espessa pele de carneiro estendida diante da lareira. A queda brusca a deixou zonza, aumentando sua dor de cabeça de tal modo que temeu desmaiar.
— E o que temos aqui? — perguntou uma voz profunda com forte sotaque escocês.
— Uma mulher — redargüiu sir Bearnard.
— Isso posso ver. Mas por que a trouxe para mim?
— Para pagar minha dívida.
— Mesmo que estivesse disposto a aceitá-la como forma de pagamento — disse com a voz gélida e arrastada — ela não parece valer nem a metade do que você me deve.
Ante tal insulto dito com voz tão calma, Avery cerrou os dentes, e decidiu que já fingira um desmaio por tempo demais. Atirou para trás os cabelos despenteados, e quase soltou um grito. O homem de pé em frente a sir Bearnard, que a fitava com ironia, parecia um gigante, e não porque o visse de baixo para cima, estendida como estava sobre a pele de carneiro.
O estranho usava botas de macio couro de cervo, e a calça de lã marrom realçava as pernas longas e bem-feitas. A camisa de linho branco estava aberta, revelando o ventre rijo e o tórax largo. Sua pele era muito morena, e Avery refletiu que até ela, com a tez dourada pelo sol, parecia pálida diante daquele deus musculoso.
Saga das Terras Altas/ Família Murray
1 - Destinos ao Vento
2 - Em Defesa da Honra
3 - Laços de Amor
4 - Juramento de Amor
5 - Vingança de Amor
6 - A Noiva das Terras Altas
7 - Anjo das Terras Altas
8 - Um Toque Mágico
9 - Senhor das Terras Altas
10 - Guerreiro das Terras Altas
11 - O Campeão das Terras Altas
12 - O Amante das Terras Altas
13 - O Bárbaro das Terras Altas
14 - No Auge da Paixão
15 - O Lobo das Terras Altas
16 - O Pecador das Terras Altas
17 - O Protetor das Terras Altas
18 - Vingador das Terras Altas
19 - Highland Master
20 - Highland Guard
21 - Highland Chieftain
22 - Highland Devil