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27 de fevereiro de 2024

O Caçador

Série Rebeldes Vitorianos

Eles são rebeldes, patifes e canalhas - homens sombrios e arrojados do lado errado da lei. Mas para as senhoras da era vitoriana que os amam, uma pitada de perigo só faz seus corações baterem mais rápido…

Uma proposta escandalosa. Como um dos caçadores de elite de Londres, Christopher Argent nunca erra seu alvo e sempre consegue seu homem. Mas quando seu último alvo acaba sendo uma mulher – a popular e incrivelmente linda atriz Millie LeCour – isso vira todo o seu mundo de cabeça para baixo. Oprimido pelo calor que ferve entre eles, Christopher não consegue completar sua missão. Pelo contrário, ele fará qualquer coisa para salvar a vida de Millie – mesmo que isso signifique arriscar a sua própria…
Uma paixão perigosa…Quando ela descobre para o que Christopher foi contratado para fazer, Millie fica dividida entre o medo em seu coração e o fogo em sua alma. Colocar-se nos braços desse homem perigoso pode ser seu único caminho para a segurança, mas ceder ao seu desejo pode ser o erro mais mortal que ela já cometeu. Com a vida de ambos em perigo, Millie e Christopher devem aprender a confiar nos verdadeiros sentimentos que estão escondendo – para encontrar o verdadeiro amor que estão procurando…

Capítulo Um

Londres, 1877
— Eu não mato crianças, — Christopher Argent informou ao advogado que parecia estar tentando contratá-lo para isso. — Ou entregá-los à morte.
Sir Gerald Dashforth, Squire, empoleirou-se inquieto atrás da escrivaninha e persistiu em olhar para a porta fechada como se antecipasse a necessidade de gritar por socorro a qualquer momento. O homem combinava com a mobília de seu escritório em Westminster, caro, apimentado, delicado de uma maneira quase feminina e o tom mais ofensivo de roxo. Ele olhou para Argent por trás de óculos de aro de metal empoleirados em orelhas que há muito haviam superado sua cabeça.
Argent ponderou sobre as poucas observações que fez sobre Dashforth nos minutos desde que conheceu o advogado. O homem era pago acima de sua posição e, ainda assim, gastava mais do que ganhava. Ele conduzia os negócios com o desespero inescrupuloso de quem vive bem acima de suas posses. Ele era meticuloso, vaidoso, inteligente e ganancioso ao ponto da imoralidade. Ele fez uma carreira sendo o despretensioso absolvedor dos crimes malévolos de seus clientes por todos os meios necessários.
Por exemplo, contratar o assassino mais caro do império.
— Tenho três políticas inequívocas que os meus clientes devem conhecer. — Argent marcou-os em seus dedos, começando com o dedo do gatilho. — A primeira, eu não intimido, mutilo, estupro ou torturo, eu executo. Em segundo lugar, não deixo mensagens, pistas ou provocações para a polícia ou qualquer outra pessoa, manuscritas ou não. E terceira, não mato crianças.
Dashforth esqueceu de ter medo por um momento, e seu lábio fino e seco se curvou em um sorriso imperioso. — Um assassino com um código de ética? Muito divertido.
— Não tão engraçado quanto um solteirão convicto que paga para sodomizar garotos estrangeiros. — Argent não confiava apenas na observação.
— Como ousa me acusar…
Argent se levantou, e o advogado engasgou tão abruptamente que engasgou com a própria saliva. Não era apenas sua altura incomum que lembrava o homem de seu medo, Argent sabia. Era o contraste de sua aparência. A pressão impecável de seu terno caro contra a largura fora de moda de seu corpo. A curva de seu nariz repetidamente quebrado contra suas feições aristocráticas. As abotoaduras de ouro e diamante acima das mãos tão marcadas e calejadas por anos de trabalho forçado, nunca poderiam ter pertencido a um homem de sangue azul.
— A luz do dia está desaparecendo, Sir Dashforth, — Argent afirmou calmamente sobre o acesso indelicado de tosse do homem. — E eu trabalho principalmente no escuro. — Afastando-se do homem balbuciante, ele contou cinco passos medidos.
— Espere! — O advogado resfolegou, cortando um último pedaço e pressionando a mão trêmula contra o coração como se desejasse que ele diminuísse a velocidade. — Espere — repetiu ele. — O meu patrão não quer mal à criança, garanto… É a sua terrível mãe que vai ser… eliminada e o documento recuperado dela.
Argent encarou Dashforth, que pigarreou mais uma vez com o punho fechado e afrouxou a gravata. — Prossiga.
— Enquanto o menino não puder ser rastreado até seu pai, se a criança vive ou não é irrelevante.
Argent piscou. Não era incomum que a nobreza tentasse se livrar de seus bastardos; ele só precisava perguntar a seu empregador, Dorian Blackwell. — E esta mulher — perguntou ele. — O que ela fez para incorrer na ira de seu cliente?
— Isso importa?



Série Rebeldes Vitorianos 
02- O Caçador

2 de agosto de 2015

O Caçador

Série Guardiões das Highlands
A centímetros de distância. 

Sua respiração ficou presa. Somente então ela percebeu o que havia feito. Suas mãos agarraram seus braços e seu corpo estava pressionado contra o dele. Intimamente. Peito com peito, quadril com quadril. Ela podia sentir cada centímetro de seu peito e pernas firmes. Podia sentir outra coisa também. Algo que fez sua boca secar, seu coração parar e seu estômago revirar, tudo ao mesmo tempo.
Oh, meu Deus.
O choque a assustou. Era como se cada terminação nervosa em seu corpo tivesse sido atingida por um raio de consciência. Ela abriu sua boca para suspirar, mas o som ficou estrangulado em sua garganta quando seus olhos se encontraram.
Que os céus a ajudassem! Apesar da chuva e do frio, seu corpo se encheu de calor.
Se ela não tivesse sentido a prova de seu desejo, podia vê-lo agora em seus olhos. Ele a queria, e a força disso parecia estar irradiando sob a ponta de seus dedos, fazendo-a tremer com sensações desconhecidas. O coração dela parecia estar batendo muito rápido, a respiração curta e os membros muito pesados.
Ela não conseguia se mover. Foi pega em algo que não entendia, mas não pôde resistir. Não queria resistir.

Capítulo Um

Convento de Coldingham, perto de Berwick-upon-Tweed, Fronteira Inglesa nos idos de abril, 1310.
Ewen não segurava sua língua, o que muito frequentemente causava-lhe problemas.
— Você mandou uma mulher? Por que diabos faria isso?
William Lamberton, Bispo de St. Andrews, eriçou-se, seu rosto vermelho de raiva. Não foi a blasfêmia, Ewen sabia, mas a crítica não tão sutilmente implícita.
Erik MacSorley, chefe das Highlands Ocidentais e o maior marinheiro ao sul da terra de seus ancestrais Vikings, lançou um olhar impaciente a Ewen.
— O que Lamont quis dizer — MacSorley disse, tentando abrandar o importante prelado. — É que com os ingleses apertando sua vigia nas igrejas locais, poderia ser perigoso para a moça.
MacSorley podia não apenas navegar por entre um turbilhão de merda, podia também usar sua lábia para sair de uma e sair cheirando como uma rosa. Eles não poderiam ser mais diferentes a esse respeito. Ewen parecia pisar nisso sempre que caminhava. Não que se importasse. Ele era um guerreiro. Estava acostumado a chafurdar na lama.
Lamberton deu-lhe um olhar que sugeria que aquela lama era exatamente o lugar onde achava que Ewen pertencia — de preferência sob seu calcanhar. O eclesiástico dirigiu-se a MacSorley, ignorando Ewen completamente.
— Irmã Genna é mais do que capaz de cuidar de si mesma.
Ela era uma mulher — e uma freira. Como, nos infernos, Lamberton pensou que uma dócil, doce e inocente poderia defender-se contra cavaleiros Ingleses empenhados em descobrir os pró-Escoceses — mensageiros do clero — como eles tinham sido apelidados?
A Igreja tinha fornecido uma rede de comunicação chave para os escoceses através da primeira fase da guerra, enquanto Bruce lutava para retomar seu reino. Com a guerra novamente no horizonte, os ingleses estavam fazendo o seu melhor para fechar estas rotas de comunicação. Qualquer pessoa do clero, padre, frei ou freira atravessando as fronteiras para a Escócia tinha sido sujeito ao aumento do exame pelas patrulhas inglesas. Até mesmo peregrinos estavam sendo perseguidos.
Talvez sentindo a direção de seus pensamentos, Lachlan MacRuairi interveio antes que Ewen pudesse abrir sua boca e dificultar as coisas com Lamberton.
— Pensei que soubesse que estávamos vindo?
O magro e inofensivo bispo poderia parecer fraco, especialmente em comparação com os quatro guerreiros imponentes que estavam tomando muito da pequena sacristia do convento, mas Lamberton não desafiou o maior rei da Cristandade para colocar Robert the Bruce no trono sem considerável força e coragem.
Ele aprumou-se em toda sua altura, uns bons centímetros abaixo do mais baixo dos quatro soldados (Eoin MacLean, alguns centímetros acima de um metro e oitenta), e olhou de seu longo e fino nariz para um dos homens mais temidos da Escócia, como o nome de guerra “Viper” de MacRuairi atestava.
— Disseram-me para procurá-los na lua nova. Isso foi mais de uma semana atrás.
— Fomos atrasados. — MacRuairi disse sem maiores explicações.
O bispo não perguntou, provavelmente supondo corretamente que teve a ver com a missão secreta para a Guarda das Highlands, o grupo de guerreiros de elite selecionados a dedo por Bruce para formar a maior força de combate já vista, cada guerreiro sendo o melhor do melhor em sua disciplina de guerra.
— Eu não poderia esperar mais. Era imperativo que o rei receba esta mensagem o mais rápido possível.
Apesar de estarem na Inglaterra, não era sobre Eduardo o Plantageneta, o rei inglês, de quem Lamberton falava, mas do rei escocês, Robert the Bruce. Graças aos esforços de Lamberton em ajudar Bruce a chegar ao trono, o bispo ficou preso na Inglaterra por dois anos, e então liberado e confinado à diocese de Durham por mais dois. Embora recentemente tenha sido permitido ao bispo viajar pela Escócia, ele estava de volta à Inglaterra sob a autoridade inglesa. Era onde Bruce precisava que estivesse. O bispo era a fonte central da maioria das informações em um caminho sinuoso para a Escócia através de uma via complexa de igrejas, monastérios e conventos.
— Para onde ela foi? — MacLean perguntou, falando pela primeira vez.
— Para o mosteiro Melrose pelo caminho de Kelso. Ela partiu há uma semana, juntando-se a um pequeno grupo de peregrinos em busca dos poderes curativos da Abadia de Whithorn. Ainda que os ingleses os parem, eles a deixarão seguir caminho uma vez que ouvirem seu sotaque. O que os fariam suspeitar de uma freira italiana?
Os quatro membros da Guarda das Highlands trocaram olhares. Se a mensagem era tão importante quanto o bispo dizia, era melhor garantir que não suspeitassem.
MacSorley, que tinha o comando do pequeno time para essa missão, prendeu o olhar de Ewen:
— Encontre-a.