19 de novembro de 2024

Confie em Mim

Série Vingança


Quando seu irmão é abandonado à beira da morte no portão de sua fortaleza, Lorde Nicholas De Bremont busca vingança contra aqueles que ele acredita culpados
Lorde Crefton e sua traiçoeira filha, Elizabeth. Mas o velho senhor é muito fraco para lutar com Nicholas.Desesperada para proteger seu pai, Lady Elizabeth se oferece para tomar seu lugar, mas como esposa de Nicholas. Nicholas jurou nunca ter uma família e arriscar passar sua amaldiçoada segunda visão para uma criança, mas de que outra forma ele pode fazer Crefton sofrer senão tirando-lhe a única filha? Determinado a fazer Elizabeth pagar por sua parte nos ferimentos de seu irmão, ele acrescenta uma cláusula punitiva à oferta dela – ele se recusa a dormir com ela, frustrando seu sonho de ter uma família.

Capítulo Um

Inglaterra, primavera de 1268
Lorde Nicholas De Bremont lutou contra a visão indesejável que se formava em sua mente. Ele se concentrou no grão áspero da cerca à sua frente, no cinza do poste desgastado pelo tempo, até mesmo no fedor do curral onde ele estava.
Qualquer coisa para parar a visão.
Ele caiu de joelhos, sem se importar com a sujeira. Uma dor penetrante atravessou seu crânio. Uma onda de náusea passou por ele, e ele engoliu em seco para manter o conteúdo de seu estômago no lugar.
— Milorde? O que foi? — Walter curvou-se para espiar Nicholas.
— Não foi nada.
— Com licença, mas nada que não deixe um homem cair de joelhos.
Nicholas fechou os olhos, desejando que cessasse o latejar em sua cabeça. Lama fria escorria por suas calças. Cristo, ele realmente tinha caído. A súbita recorrência de sua segunda visão não fazia parte de seus planos para a bela tarde de primavera e provou que ele falhou mais uma vez em sufocar seu maldito “dom”.
— Eu vou ficar bem em um momento.
Ele cerrou os dentes e agarrou o poste para se levantar. Uma respiração profunda e lenta aliviou tanto a dor aguda em sua têmpora quanto a dor de estômago.
Sucesso. A cena que se desenvolvia em sua mente desapareceu. Ele teve apenas um vislumbre de uma fortaleza estranha, então uma estreita sala de pedra com um catre no chão de terra. Nenhum dos dois significava nada para ele, mas isso não era nenhuma surpresa.
Raramente suas visões eram claras ou confiáveis.
— O cheiro daqueles porcos deve estar lhe incomodando. — Seu servo parecia esperançoso de que o odor ofensivo fosse a causa.
— Não. Não é isso.
— Humph. — Walter balançou a cabeça. — É melhor pararmos nosso trabalho.
Nicholas encontrou seu olhar.
— Sério, estou bem.
— O que você viu, então? — O velho grisalho, que estava com Nicholas desde a infância, olhou para ele com uma expressão inquieta.
Nicholas sabia que não poderia enganar Walter. Ele testemunhou Nicholas sofrer por muitas visões.
— Deixa para lá. Vamos terminar esta cerca e acabar com o nosso dia. — Ele ergueu o poste pesado.
— Eu estava consertando bem antes de você aparecer — resmungou Walter.
Nicholas estava passando quando viu o homem idoso e curvado lutando para pregar uma tábua no lugar. Embora soubesse que isso feriria o orgulho de Walter, ele parou para ajudar.
— Na verdade você estava. Da próxima vez, peça ao jovem Thomas para ajudá-lo. — Nicholas pregou outra prancha no poste. — É gentil da sua parte ajudar, já que a Sra. Mildred não tem marido para consertá-lo. Você parece gostar bastante dela.
O servo olhou para Nicholas boquiaberto como se tivesse enlouquecido.
— De onde você tirou essa ideia?
Nicholas deu de ombros. Ele levantou o assunto apenas para distrair Walter do retorno de suas visões.
Por que a visão apareceu?
O que isso poderia significar?
Meses se passaram desde que alguém tão forte o ameaçara. Enquanto ouvia Walter negar afeição por Mildred, ele tentou se concentrar na simples tarefa de martelar um prego na madeira para manter quaisquer outras visões afastadas.
Ele trabalhou rapidamente, bem ciente de que a Sra. Mildred observava de sua cabana. A última coisa de que precisava era que os aldeões discutissem como o novo senhor de Staverton agia de maneira estranha. Ele havia recebido esta propriedade em ruínas em Somerset por seu suserano e pretendia torná-la um sucesso. Ganhar a confiança e a lealdade das pessoas dali seria muito mais fácil se ele pudesse manter sua segunda visão escondida.
Logo depois, ele e Walter deixaram uma grata Mildred com seus gansos e porcos e seguiram em direção ao castelo.
— Tem mais do que essa cerca precisando de conserto — comentou Walter enquanto atravessavam o pátio.
— Sim, mas sobra pouco dinheiro nos cofres. — Os telhados de colmo das casas, a porta da forja, até as paredes da torre de menagem – tudo precisava de reparos. Embora grato por seu benefício, a responsabilidade pela terra e pelas pessoas dali pesava muito sobre ele. Trabalho árduo e riqueza seriam necessários para restaurar a propriedade à sua glória anterior, mas no momento, trabalho árduo era tudo o que ele podia fornecer.
— Uma noiva com um dote saudável resolveria muitos problemas, milorde — sugeriu Walter. — Hora de um herdeiro.
— Não — Nicholas negou veementemente. — Não para alguém como eu.
Walter parou para olhar para ele, com a testa franzida.
— Você não é o monstro que teme ser.



Série Vingança
1- Uma Promessa a Cumprir
1,5- Um Beijo de um Cavaleiro
02- Confie em Mim 

12 de novembro de 2024

A Joia do Rei

Trilogia Medieval Plantageneta

Ela era sua loucura e sua paixão. 

Com seus olhos cor de safira e cabelos escuros e sedosos, a Princesa Eleanor era uma beleza encantadora feita para o prazer de um homem. Mas quando uma noiva criança ficou viúva em tenra idade, ela jurou nunca mais se casar e fez um voto de castidade eterna... até que Simon de Montfort marchou para a Inglaterra e fixou seu olhar sombrio e ardente sobre ela, a irmã mais nova do rei Henrique, a joia mais preciosa da família real. Ousado, arrogante e invencível, o imponente cavaleiro normando inspirava admiração nos homens mais corajosos... e um desejo imprudente no coração Ela era seu prêmio e seu amor. Eles o chamavam de Dragão, mas o senhor da guerra mais temido e perigoso de todo o país tinha uma fraqueza fatal. Inflamado pela beleza incandescente e pela inocência inebriante de Eleanor, ele a perseguiria com uma paixão que exigia rendição incondicional... paixão que irromperia em escândalo e abalaria o reino em guerra, manchando as páginas da história com sangue e traição...

Capítulo Um

A princesa Eleonor Catarina Plantageneta abriu os olhos ao ouvir o chilrear dos passarinhos que saudavam o amanhecer. Seu coração explodiu de felicidade ao lembrar que o dia finalmente havia chegado. Ela tirou os cobertores com impaciência e correu descalça até o espelho prateado polido. 
Não foi diferente do dia anterior. Seus cabelos pretos eram uma massa bagunçada, a clareza natural de sua pele havia sido escurecida pelo excesso de sol e sua boca ainda tinha o traço teimoso que revelava claramente que ela sempre impôs sua vontade à vida. 
Ela sempre iria se impor a ela, ela pensou. Impor a própria vontade era o que tornava a vida doce. Algumas coisas não aconteciam tão facilmente quanto outras, a menos que houvesse uma determinação inabalável, e mesmo que ela precisasse tornar a vida de outra pessoa um inferno, ela sempre conseguia o que queria. Ela dominava os irmãos desde os cinco anos e era o terror da creche.
 Eles eram todos mais velhos que ela, um era o rei da Inglaterra, segundo todos os relatos, mas ela sabia como impor sua vontade a todos, alguns jogando limpo, outros jogando não tão limpo. Os cantos de sua boca se contraíram ao se lembrar do dia em que selou seu destino. Seus irmãos Henrique e Ricardo, então com quatorze e doze anos respectivamente, colocaram um furão num saco e foram caçar coelhos.
—Espere por mim! — Ela gritou com uma voz imperiosa, lutando para calçar os sapatos que ainda estavam úmidos por ter chapinhado no lago.
 —Você não vem, Verme! —, gritou o rei Henrique. 
—Não me chame assim, seu bastardo! — Ela gritou furiosamente. 
—Vou falar para a criada que você xingou —, disse Isabel, que tinha seis anos. Eleonor olhou para a irmã com desdém. 
—Você sabe que eu xingo... e você ainda se mija. Joana disse com a nobre sabedoria dos seus dez anos: —Você não precisa sair do jardim. Se você for embora com os meninos de novo, eu contarei. Eleonor pegou no saco que continha o furão, atirou-o a Joana e, franzindo a testa até se transformar numa horrenda gárgula, disse com voz ameaçadora: —Se você contar, encontrará um furão em sua cama em uma noite escura. Joana gritou e agarrou a mão da pequena Isabel. 
—Está ruim, vamos embora. Ricardo, duque da Cornualha, agarrou Eleanor pela orelha e tirou o saco. —Vá brincar com as meninas, Verme, porque você não vem conosco. Eleonor colocou os punhos nas ancas com decisão, projetando o queixo de forma beligerante. 
—Se você não me deixar ir com você, eu direi que você persegue as empregadas e faz cócegas nelas com seus projetos de bigode. 
— Bandeira com cara de verme—, disse o jovem Henrique. Ricardo, embora mais jovem que o rei, era mais forte e dominante. Ele jogou a cabeça para trás e riu. —Ela é menos corpulenta que uma formiga e já manda na casa de uma forma ou de outra. Vamos, Worm3, aposto que você não tem estômago para esse esporte. 
A verdade é que ela não tinha mesmo. Ela observou, horrorizada, enquanto seus irmãos colocavam a esquiva criatura em uma toca e esperavam com um saco na outra extremidade até que o coelho assustado saísse. Ela simpatizava totalmente com os coelhos e seu coração se partia, ao pensar naquelas criaturas morrendo de medo. Seus irmãos riram de suas lágrimas e ela as enxugou com os dedos sujos, deixando rastros de terra no rosto.
Ela começou a correr em direção ao palácio para que não vissem que ela estava triste e chorando. Mas eles a seguiram rindo, zombando dela porque ela havia permitido que eles vissem sua fraqueza. Henrique tinha cabelos dourados, como o de seu avô, o grande rei Henrique II, e a cabeça de Ricardo era avermelhada como a do tio que lhe deu o nome, Ricardo Coração de Leão. Eleonor, a mais nova da família, foi a única que herdou os cabelos escuros dos pais, os odiados reis João e Isabel de Angoulême. Seus irmãos zombavam impiedosamente daquela cor de cabelo.
—Você notou o quanto a menina parece uma barata? —, disse Ricardo. —A última da ninhada é sempre uma fraca, mas ela é tão pequena que suspeito que seja uma nanica—, disse Henrique, rindo. Eleonor nunca se sentiu tão infeliz. Ela estava enojada, suada e cansada, e uma dor tomou conta de seu calcanhar. Ela parou de correr, tirou o sapato e viu uma bolha incandescente. 
— Droga! — Ela murmurou, jogando o sapato em alguns arbustos. Seus irmãos a alcançaram quando o palácio apareceu. 
—Alguém acabou de chegar—, disse Ricardo. —É o marechal!








Trilogia Medieval Plantageneta
1- O Falcão e a flor
2- A Joia do Rei

5 de novembro de 2024

Seduzindo um estranho

Série Goode Girls

Este Cavaleiro da Coroa é movido por um passado doloroso e uma fúria paciente… e toda a sua vida é uma mentira.
Sir Carlton Morley é famoso por ter uma vontade extraordinária, foco singular e um senso impiedoso de justiça. Como homem, ele garantiu sua fortuna e sua proeminência como inspetor-chefe implacável da Scotland Yard. Como um soldado condecorado, ele era uma lenda por seu inabalável dedo no gatilho, sua precisão na batalha e sua força imperturbável. Mas como garoto, ele tinha sido outra pessoa. Um gêmeo, um ladrão e um assassino, até que a tragédia o remodelou. Agora ele persegue a noite, em busca de redenção e retribuição, prometendo nunca ceder à tentação, pois é apenas outra forma de fraqueza. Até que a tentação cai, literalmente, em seu colo, assumindo a forma de Prudence Goode. Espera-se que a prudente e adequada Pru se case e tenha uma pacata vida doméstica, mas antes de sucumbir ao seu destino, ela deseja apenas uma noite de paixão. Na noite em que ela a procura, se depara com um homem feito de sombras, músculos e ira… E decide que ele será o único.
Quando sua tempestade de paixão queima fora de controle, Morley descobre, tarde demais, que ele estava certo. A mulher tentadora tornou-se sua fraqueza. Uma fraqueza que seus inimigos podem usar contra ele.

Capítulo Um

Londres, 1880
Prudence não desejava mais ser boa.
Ou melhor, ser uma Goode.
Foi por isso que ela parou no portão da Escola da Srta. Henrietta para Jovens Cultas à meia-noite, com o peito arfando e sua determinação desmoronando. Ela veio até aqui. E ela queria isso. Não queria?
Apenas uma última noite de liberdade. Uma noite criada por ela mesma. Uma escolha sua.
Uma noite de prazer antes de seu pai impingi-la ao nobre de mais alto escalão, desesperado o suficiente para tê-la aos vinte e nove anos.
Três meses. Três meses até que sua vida estivesse irreparavelmente arruinada, e ela teria que amar, honrar e obedecer ao mais notório idiota espírito-beberrão, amante, tagarela e rebelde de toda Blighty.
George Hamby-Forsyth, o sexto conde de Sutherland.
Ele se casaria com ela porque ela tinha um dote obsceno o suficiente para cobrir suas dívidas e ainda manter uma ou duas gerações.
Não porque ele a amasse.
Deus, que tola ela tinha sido!
Pela enésima vez, a tragédia de sua natureza ingênua a esbofeteou até que suas bochechas queimassem. Será que foi ontem que ela descobriu que seu noivado feliz era uma farsa? Que todos ao seu redor sabiam que ela seria infeliz e humilhada, e ainda esperavam que ela continuasse com aquilo?
Que as duas pessoas mais próximas dela no mundo não a amavam o suficiente para lhe dizer.
A cena a atormentaria para sempre, iluminada com a mesma nitidez do brilho do sol do fim da tarde do dia anterior. Cada decisão que ela tomou foi uma mistura perfeita de oportunidade e sorte, até que ela tropeçou em sua própria tragédia.
Pru estava agradavelmente exausta depois de passar um dia com as costureiras para preparar seu lindo enxoval de casamento. Acompanhada por sua irmã Honoria, e por sua melhor amiga e vizinha, a Sra. Amanda Brighton, de Farley-Downs Brightons.
— Vamos ao Hyde Park — Pru gesticulou expansivamente em direção ao parque em questão, balançando o braço de Amanda em sua ansiedade. — Estou morrendo de vontade de passar por Rotten Row e dar algumas voltas em Oberon.
— Estou pronta para isso. — Honoria, sua irmã mais velha – já casada – ergueu o nariz e semicerrou os olhos para a distância, onde a pista de cavalos coloquialmente conhecida como Rotten Row fervilhava com a aristocracia do império, tanto humana quanto equina.
Amanda tinha a idade mais próxima de Honoria que de Pru, que era três anos mais velha, mas ela e Amanda compartilhavam uma natureza alegre e enérgica que as tornava naturalmente travessas e, portanto, as amigas mais rápidas.
Honoria, embora fosse uma beleza, nasceu para ser uma matrona sombria e cumpria sua vocação com terrível autoconfiança.
— Eu não me importaria nem um pouco de examinar os novos cervos do mercado — Amanda disse com um sorriso alegre levantando sua miríade de sardas. Ela colocou um braço no de Pru e o outro no de Honoria, e quase arrastou as duas para a praça.
O passeio de Prudence ao longo da pista foi tão estimulante e satisfatório quanto ela imaginara. Amigos e conhecidos lhe deram sinceros parabéns, o que produziu o tipo de sorriso que ela sentia por inteiro.
A sensação diminuiu quando ela teve um breve encontro com Lady Jessica Morton, que era a razão pela qual todos a chamavam de “Prudunce” uando concluiu a escola. Mas até mesmo sua inimiga solteirona havia felicitado-a. Se o sorriso de Jessica fosse um cachorro, teria sido chamado de rosnado, e Prudence teve que lutar contra um surto de maldade vitoriosa.
O ciúme era uma cor tão pouco lisonjeira.
Ah, essa não era sua melhor qualidade, mas foi indescritivelmente bom ganhar, por falta de palavra melhor. Durante toda a sua vida, ela ficou em segundo lugar. A segunda mais velha e a segunda mais bonita das quatro, chamadas… garotas Goode.
Segunda casada também.
Mas com um conde! 



Série Goode Girls
1-Seduzindo um estranho

29 de outubro de 2024

Uma paisagem de amor

Série Filhos Perversos

Um homem motivado para o sucesso…Hartley De Beauvoir nasceu na pobreza, passando pelos primeiros anos no asilo, experiência que deixou marcas indeléveis em seu caráter. Adotado por Minerva e Inigo De Beauvoir aos seis anos, Hart sabe que deve tudo a eles. Todo o seu foco gira em torno do desejo de ser digno do nome que lhe deram e se tornar um sucesso por seus próprios méritos. Já tendo construído seu próprio império com a De Beauvoir Viveiros e Paisagismo, seu objetivo é se tornar um dos principais paisagistas do país. Quando o duque de Beresford o contrata para redesenhar os jardins de Hardacre Hall, Hart sabe que é uma oportunidade única na vida, e ele não quer interrupções para atingir seu objetivo.
Uma distração adorável…Lady Fidelia Ponsonby é linda, intocável e envolta em tristeza. Enquanto Hart a observa caminhar pelos jardins diariamente, seu coração se parte pela adorável jovem que parece não encontrar prazer no ambiente, nenhuma alegria no mundo ao seu redor. Apesar de saber que não deve se envolver com a filha de um duque, Hart encontra-se atraído involuntariamente para o mundo dela e o destinatário de suas confidências.
Uma segunda chance…Enganada por um homem que ela pensava que a amava, Fidelia se sente atraída por Hart, um homem rude e de fala franca que prefere plantas a pessoas. Quando ele a resgata de um acidente que quase ceifou sua vida, ele quebra o feitiço de melancolia que manteve Fidelia sob seu controle por tanto tempo e lhe dá a confiança para viver novamente e a esperança de mais do que ela acreditava ser possível.
Alcançando a lua…No final Hart sabe que não há futuro para o bastardo do asilo e para a filha do duque, mas não pode abandonar Fidelia quando ela não tem mais ninguém para mantê-la a salvo do escândalo e do desespero. No final, Hart pode ter que sacrificar tudo para salvar a mulher que ama, mas alguns sacrifícios são mais fáceis que outros.

Capítulo Um

— Você aí… Harris, não é?
O jovem assentiu e correu até Hart. — Sim, senhor?
— Diga aos homens para fazerem uma pausa, mas quero todo esse trecho marcado, e os níveis registrados até o final do dia. Isso está entendido? Começaremos a limpar a grama amanhã e quero que ela esteja pronta para começar logo.
— Certamente, senhor — disse Harris, acenando com a cabeça.
Hart tirou o chapéu e enxugou a testa na manga da camisa. Essa era a parte mais tediosa para ele, medir e medir níveis, traçar onde iriam os caminhos e as dificuldades, mas também era a mais importante. Se ele cometesse um erro agora, isso poderia ter consequências desastrosas. Portanto, embora estivesse ansioso, desesperado para mandar os homens cavarem e mudar a paisagem à sua frente, ele tinha que se conter. Meça duas vezes, corte uma vez, seu pai sempre lhe dissera, e sua paciência e maneira metódica de trabalhar eram algo que Hart aspirava reproduzir.
Um movimento à distância chamou sua atenção e ele se virou, vendo uma jovem caminhando à beira do lago. Ela fazia uma imagem adorável, embora melancólica, sua figura delicada e suas saias flutuando ao seu redor enquanto ela se movia. 
Ele já a tinha visto antes, sempre à beira do lago, andando de cabeça baixa. Seu cabelo louro, preso sob uma touca simples, tinha se soltado em alguns lugares, escapando dos grampos, e voava sobre seu rosto quando a brisa o soprava. Uma das filhas do duque, pelo que lhe disseram. Hart parou o que estava fazendo e observou enquanto ela se movia ao longo da costa. Harris disse que ela era Lady Fidelia, que adorava os jardins e passeava por eles todos os dias, mas Hart duvidava disso. Ele não achava que ela tivesse visto os jardins. 
Ela podia colocar um pé na frente do outro e passar por eles, mas não se envolvia com o ambiente. Como ela poderia se ela raramente olhava para cima? Uma alma perturbada, pensou Hart, sentindo uma onda de pena por alguém tão jovem e adorável ser tão melancólica. Ele se perguntou o que a levava a caminhar sozinha por horas seguidas. Provavelmente um caso de amor condenado, supôs. Ela ainda era jovem, então voltaria com o tempo. 
Ele duvidava que uma mulher assim tivesse problemas para atrair um companheiro adequado, e imaginava como os homens deviam ter se esforçado para chegar perto dela durante a temporada. Talvez não tenha sido tão fácil. Ele mesmo sabia quantos homens da alta sociedade viam as mulheres como propriedade e as tratavam como tal. Era isso que a deixava tão infeliz – a perspectiva de um casamento como aquele?
5- Uma paisagem de amor

22 de outubro de 2024

Um Sequestro Escandaloso

Série A Herança Disputada do Conde
 
A Srta. Jessica Somiton acredita que está a salvo de seu irmão e pai assassinos, então está feliz por estar em Londres durante a temporada. 
O capitão Leo Somiton, como soldado, recebe a tarefa de protegê-la do perigo pelo Conde de Chalfont, Lorde Adam Somiton.
Jessica acredita que está sendo observada em Londres e está determinada a retornar à segurança de Somiton Hall. A casa é guardada por ex-soldados, mas Leo decide que seria mais seguro para ela morar em outro lugar enquanto ele procura aqueles que procuram prejudicar a jovem por quem se apaixonou.
Millie Somiton é confundida com Jessica e é sequestrada em seu lugar. Jessica insiste em acompanhar Leo quando ele sai para resgatar a garota. Isso se prova um desastroso erro de cálculo de ambas as partes. Será que Leo chegará a Jessica antes que ela seja entregue à sua família vilã?

Capítulo Um

Somiton House, Londres, abril de 1816.
Leo Somiton havia liderado a busca infrutífera pelo ramo desaparecido da família no ano passado: Oliver e seu filho Simon, que perpetraram os atentados contra a vida do atual conde ateando fogo à casa. Ele agradecia ao bom Deus que todos tivessem escapado, que Somiton Hall tivesse sido consertada e que o grupo familiar, um tanto esgotado, agora vivesse feliz na seção central restaurada do enorme edifício.
— Leo, você está distraído, mamãe pediu a nós dois para atendê-la na sala do pavão — disse sua irmã Frances, de dezenove anos, quatro anos mais nova que ele, cutucando-o não muito gentilmente na barriga.
— Perdão, eu estava realmente me perguntando onde os vilões que tentaram nos matar em nossas camas estão se escondendo. Adam garantiu que seus fundos fossem congelados, então não consigo imaginar do que eles estão vivendo ou por que aqueles que eles empregavam ainda não os encontraram e os levaram à justiça.
— Alguém poderia pensar que Adam, como o agora incontestável conde de Chalfont, usando seus vastos recursos e amigos em altos cargos, teria alcançado esse objetivo.
— Mamãe está fazendo um excelente trabalho com todas as nossas três primas. Eloise e Millie se comportam impecavelmente agora sem a influência perniciosa da mãe. Você acha que o Sr. Somiton terá se casado com a mãe delas? Ela também não voltou para sua própria residência, então deve estar, presume-se, ainda escrava daquele homem mau.
A casa em Grosvenor Square seria seu lar nos próximos meses. Grace, Frances e Eloise deveriam debutar nesta temporada, mas Millie e Jessica teriam que esperar sua vez, pois aos dezessete anos eram consideradas muito jovens. Ele pretendia pedir Jessica em casamento no próximo ano, mas até que Adam lhe desse permissão para fazê-lo, ele pretendia ficar de olho nela enquanto ela estivesse na cidade. Ela era muito bonita e vivaz para não ser notada por qualquer cavalheiro que procurasse uma herdeira rica. Mesmo que não comparecesse aos eventos formais, ela e Millie teriam permissão para ir a eventos familiares e informais.
Sua mãe estava agindo como acompanhante, mas a prima Charlotte, condessa viúva e mãe de Grace, era a madrinha das meninas e seria a anfitriã de Adam durante a temporada.
O papel de Leo era escoltar as damas a todas as festas, saraus e bailes a que comparecessem nos próximos três meses. Adam, naturalmente, estaria lá, pois as meninas eram suas pupilas e Richard iria se juntar a elas com sua nova noiva Demelza nos próximos dias. Certamente, com os formidáveis gêmeos e ele mesmo presentes, eles deveriam ser capazes de impedir que libertinos indesejados e caçadores de fortunas atacassem suas pupilas.
Sua mãe estava ocupada folheando um jornal e ergueu os olhos quando eles entraram. — Finalmente, meus queridos, tenho algo muito interessante para sugerir como nossa primeira excursão com as meninas.
— Mal estamos acomodados, mamãe, — disse sua irmã com um sorriso, — pois só chegamos ontem à noite. Nós realmente temos que sair hoje?
— Não seja tão débil, minha querida, estamos aqui para ver as paisagens e nos divertir. Por favor, não esqueça que Jessica e Millie não têm uma infinidade de bailes para distraí-las, como vocês têm.
— Ficarei feliz em escoltar Jessica e Millie onde quer que você tenha em mente, mamãe — disse ele, afastando as abas do casaco e sentando-se ao lado dela na chaise longue.
— Acabei de saber que vai haver uma exposição de vasos antigos no Museu Britânico. Diz aqui que a pessoa deve se inscrever no Assembly Rooms toda segunda, quarta ou sexta-feira entre as dez e as duas. 



Série A Herança Disputada do Conde
1- Uma Aliança Inadequada
2- Uma Suposição Errônea
3-Um Sequestro Escandaloso


Um Beijo de um Cavaleiro

Série Vingança
As segundas chances nunca foram tão doces.
Sir Hugh é um cavaleiro em uma missão vital para deter uma trama assassina sem tempo para distrações. Liza é conhecida em toda parte por fazer cerveja de excelente qualidade, mas se depara com escolhas insuportáveis quando sua irmã e seu sustento são ameaçados. 
Viúva após um casamento brutal, Liza não confia em nenhum homem, mas a bondade deste forte cavaleiro e a paixão que ele desperta nela a tentam a reconsiderar. Tendo amado e perdido, Hugh não deseja arriscar seu coração novamente, mas precisa da ajuda de Liza para cumprir sua missão. Juntos, essas duas almas feridas devem confiar em si mesmos e um no outro para frustrar um complô contra o rei e reivindicar sua segunda chance no amor.

Capítulo Um

Inglaterra, 1249
Sir Hugh se perguntou pela décima vez em que se metera quando o portão da cidade apareceu no horizonte. O movimentado mercado central de Lincolnshire ficava em uma curva do rio Welland. A torre de uma igreja se erguia acima da muralha da cidade ao longe. Campos de trigo, cevada e aveia cruzavam a paisagem, alguns cortados, outros ainda esperando a vez de serem colhidos.
A cena era bastante encantadora se alguém ignorasse que este lugar poderia ser uma fonte de traição contra o rei.
— Ermine está mais ocupado do que eu esperava — disse Sir Matthew enquanto cavalgava ao lado de Hugh. — Maior também.
— Deve ser dia de mercado. — Hugh olhou para a multidão no portão. — As pessoas estão saindo e entrando para encontrar um lugar seguro para descansar antes que a noite caia. Os guardas parecem estar questionando todos que passam.
Hugh suspirou. Esta missão não foi ideia dele e, com toda a honestidade, ele duvidava de sua capacidade de concluí-la com sucesso. Ele olhou para o pesado machado de lâmina dupla amarrado à sela. Dê a ele um alvo claro e ele poderia facilmente acertar um golpe mortal, mas fingir ser algo que não era o deixava nervoso. Seu amigo, Royce, era muito melhor nessas missões, como provou ao derrotar seu próprio tio, Lorde Tegmont.
Seguir os movimentos de Tegmont fez com que ele e Royce tropeçassem em um pequeno grupo de barões planejando uma revolta contra o rei Henry. Enquanto os barões, incluindo Tegmont, tinham todo o direito de estar descontentes com o rei por conceder muitos favores aos estrangeiros, permitir que a Inglaterra fosse dilacerada pela guerra civil a tornaria vulnerável aos inimigos. Isso não poderia ser permitido.
Recentemente casado com Lady Alyna e servindo como pai de seu filho, para não mencionar a reconstrução de sua propriedade recém-recuperada, Royce estava com as mãos cheias. Isso deixou Hugh para investigar Lorde Stanwick a mando de seu senhor, Lorde Pimbroke.
Os barões traidores não podiam ser confrontados diretamente. Afinal, Royce e Hugh não tinham nenhuma evidência real, além de saber que Lorde Tegmont havia visitado Stanwick nesta mesma cidade várias vezes. Em vez disso, o objetivo de Hugh era encontrar evidências para provar que Lorde Stanwick estava envolvido em planos para derrubar o rei e acabar com qualquer método que estivessem usando para se comunicar. Se surgisse uma oportunidade que lhe permitisse avisar Stanwick de que seus movimentos estavam sendo observados, melhor ainda. A esperança de Pimbroke era que um aviso fosse suficiente para forçar os barões a desfazer seus planos.
Certamente. Sem problemas. Hugh zombou da tarefa impossível diante dele.
— Por onde começamos nossa busca? — Matthew perguntou.
O jovem cavaleiro também serviu a Royce e fornecia a Hugh outro par de olhos e ouvidos. Matthew provou sua resistência e confiabilidade mais de uma vez desde que Hugh o conheceu.
Mas ninguém poderia substituir Royce como amigo de Hugh. Hugh já sentia falta dele. Observar Royce e Alyna dia após dia e seu amor óbvio um pelo outro deixava Hugh nervoso. Não que ele quisesse algo assim para si mesmo. De jeito nenhum. Era hora de deixar Larkspur, pelo menos por alguns dias, e esse era um motivo tão bom quanto qualquer outro.
Hugh ponderou a pergunta de Matthew por um momento. — Qual é a primeira coisa que as pessoas querem depois de um dia longo e difícil de trabalho ou viagem?
— Uma bebida e uma refeição quente.
— Sim. Vamos encontrar a cervejaria. Veremos o que os habitantes da cidade têm a dizer sobre seu senhor.




Série Vingança
1- Uma Promessa a Cumprir
1,5- Um Beijo de um Cavaleiro

15 de outubro de 2024

O Falcão e a flor

Trilogia Medieval Plantageneta

A beleza irresistível de Jasmine era capaz de deixar um homem calado de desejo. 
Mas a jovem jurou que ninguém jamais governaria seu coração... até que ela viu o rosto do próprio diabo em sua bola de cristal: um cavaleiro moreno e sinistramente bonito estava disposto a matar para torná-la sua.Este homem, chamado Falcon de Burgh, possuído por uma paixão cega e temerária, decidiu conquistar o coração ardente da jovem, arriscando a sua vida.

Capítulo Um

A jovem virgem ergueu os braços enquanto a velha cobria a sua figura nua com um manto prateado, tecido tão fino quanto uma teia de aranha. O tecido transparente caía suavemente até os tornozelos, preso por delicadas correntes de ouro incrustadas com âmbar, escolhido por suas propriedades místicas. Os cabelos encaracolados da donzela, claros como o luar e esplêndidos, caíam em cascata até a cintura.
A velha desapareceu nas sombras do cenáculo da torre enquanto a jovem avançava com passos graciosos até entrar no círculo formado por treze velas verdes. Ela caminhava com uma graça de movimento tão fluida que as chamas mal oscilavam antes de subir novamente, primeiro amarelas, depois estreitando-se e alongando-se até ficarem azuis.
A jovem iniciava o ritual amassando ervas e temperos em uma tigela de alabastro e depois queimando-os lentamente com a ajuda de um graveto comprido. O cheiro de alecrim, cravo e mirra subia em espirais de fumaça aromática que dominavam os sentidos. Assim como lhe foi ensinado, ela ergueu o cálice incrustado de joias, bebeu um gole de vinho tinto e, com uma voz clara e bela, recitou seu desejo mágico:
—Invoco a todos os poderes do universo para ordenar ao rei e à rainha da Inglaterra que convoquem sua corte real. Bendito seja.
Então olhou atentamente para uma esfera de cristal, que parecia se encher de fumaça cinza que primeiro girou antes de se dissipar lentamente. Seus olhos eram de uma cor lavanda incomum que escureceram para púrpura enquanto olhava para o interior da esfera. Começou a «ver» um casal real, coroado e sentado em seus tronos. A bola de cristal encheu-se de fumaça cinzenta e depois clareou novamente para mostrar o rei e a rainha navegando em um navio cruzando o mar que separava o continente da Inglaterra.
A anciã observava a neta com um orgulho possessivo, com olhos astutos e velados que outrora foram tão belos como os da donzela. «Bastarda de um bastardo», Estelle sussurrou enquanto observava a jovem, em seguida levantou a mão para remover as palavras feias do ar antes que elas tivessem a chance de vagar pelo tempo e espaço. Sempre houve pelo menos duas maneiras de ver as coisas. Jasmine era uma filha natural, fruto do amor, e desde criança lhe dizia incessantemente que era uma princesa de sangue real!
William Longsword, filho ilegítimo do falecido grande rei Henrique II, tomou a bela filha de Estelle como amante. Receber sua semente significou sua morte. Ela era muito delicada e pequena para dar à luz. A bebê deles era fraca e doente, mas sobreviveu graças aos esforços e cuidados determinados de Estelle. Agora ela ruminava que Jasmine, tão frágil e delicada quanto a flor que lhe deu seu nome, logo completaria dezoito anos. Por um momento desejou poder mantê-la sempre como uma menina, mas imediatamente esboçou um sinal cabalístico para apagar esse desejo egoísta.
De repente, Jasmine riu e saiu correndo do círculo de velas.
—Estelle, estou congelando, pegue minha camisola de lã.
A avó correu para protegê-la e depois se abaixou para apagar as velas.
—Foi perfeito, Jasmine. Faremos exatamente o mesmo quando recebermos aqui as mulheres da aldeia amanhã à noite.
—Desta vez consegui até ver o rei e a rainha. Será que a magia teria sido ainda mais poderosa, talvez, se tivesse invocado seus nomes, Richard e Barengaria?
—Não—, respondeu Estelle, balançando a cabeça com firmeza. Lembre-se sempre que você não deve especificar mais do que o necessário, pois isso diminui as chances de ver seu desejo realizado. O que você quer é que uma corte real seja estabelecida na Inglaterra para que você possa ser uma dama de companhia da rainha, seja ela quem for.
Jasmine riu e assentiu.
—Mesmo que seja a Rainha Leonor.
—Cuidado com o seu ciúme! 



Trilogia Medieval Plantageneta
1- O Falcão e a flor

8 de outubro de 2024

O Conde Complicado


Tom Fulwood, o futuro Conde de Standish descobre, aos quinze anos, que o casamento pode destruir um homem, nomeadamente o seu pai. 
Sua mãe prefere receber homens em seu quarto, enquanto seu marido fica sentado no andar de baixo, incapaz ou sem vontade de responder ao comportamento inadequado de sua esposa. Daquele dia em diante, Tom jura que nenhuma mulher vai machucá-lo como sua mãe machucou seu pai. Nos próximos dezessete anos, Tom trabalha duro para se tornar um dos libertinos mais notórios que a sociedade londrina já viu, mantendo com sucesso todas as mulheres de seu convívio à distância.
Isabelle Crawford, de 24 anos, foi criada ouvindo histórias sobre o quanto seus pais eram apaixonados e esperava encontrar felicidade semelhante quando se apresentasse à sociedade. A realidade se mostrou diferente do que ela havia imaginado, em vez de amor, encontrou caçadores de fortuna e, como resultado, deixou Londres para se estabelecer em Bath. Seus dois irmãos mais velhos haviam apoiado sua decisão, embora preferissem ver a irmã casada em vez de escolher o que era visto pela alta sociedade como uma decisão excêntrica, uma jovem vivendo uma vida de solteira em Bath com uma prima como acompanhante.
Um casamento em potencial entre a irmã de Tom e o irmão de Isabelle junta o casal e desencadeia uma série de eventos que culminarão com Tom lutando por sua vida e Isabelle sendo sequestrada pelo mesmo homem que Tom encontrou no quarto de sua mãe anos atrás.

Capítulo Um

Isabelle deu um suspiro de alívio quando seu último visitante da manhã saiu. Ela amava sua vida independente, ela realmente amava, mas às vezes ela gritava de frustração com as pessoas que a cercavam. Eles se contentavam em levar suas vidas adiante, indo de ligação em ligação, fofocando sobre as últimas modas ou interesses amorosos, mas nunca tendo uma conversa de verdade, nunca desafiando os pontos de vista ou opiniões um do outro. Era tudo muito educado, muito civilizado e muito chato. Depois que a porta se fechou para a última visita, se acomodou para ler a carta do irmão. Ela sabia que tê-la lido antes da chegada das visitas resultaria em uma distração, e ela sentiu que devia tentar prestar atenção total à conversa deles. Embora uma visita possa ser entediante, ela não queria ganhar a reputação de ser rude. Ela poderia aceitar ser um pouco excêntrica, mas um insulto às suas maneiras seria demais. A carta seria a recompensa para si mesma depois de uma manhã de fofocas e bobagens.
Ela estava sentada em sua escrivaninha perto da janela de sua sala de estar. Era um grande cômodo quadrado no primeiro andar de sua casa. Havia procurado por muito tempo a casa perfeita para morar quando se mudou para Bath e, sentada em sua cadeira, a sensação de que havia escolhido bem tomou conta dela. O número 38 da Great Pulteney Street oferecia tudo o que ela desejava em uma casa. A vista ao longo da rua nunca deixava de fazê-la sorrir. A pedra Bath das casas parecia brilhar, mesmo nos dias mais sombrios e toda vez que ela olhava pela janela havia sempre alguma atividade acontecendo. Esta era uma rua que prosperava, pois era uma das principais vias de Bath.
Ela respirou fundo de antecipação ao quebrar o selo, as cartas de James sempre provavam ser exasperantes ou engraçadas. Nunca se poderia dizer qual emoção iria emergir no início de qualquer correspondência sua.
James era seu irmão mais velho, o herdeiro da fortuna da família, mas nunca assumiu completamente o papel de responsável pela casa. Isabelle sempre pensou que seu segundo irmão, apenas dois anos mais novo que James, era mais adequado para o papel de chefe da família. Frank era firme, sensato e leal e, verdade seja dita, um pouco mais sério, todas as características necessárias para garantir que o nome e a reputação da família fossem mantidos intactos. Ele se casara cedo com uma moça agradável, complacente, embora um tanto monótona, e já garantira a continuidade do nome da família ao gerar dois meninos em rápida sucessão. Como James não parecia querer se estabelecer e constituir família, Frank sozinho garantiu que o nome da família continuaria.
Isabelle se beneficiou do estilo de vida rebelde de James; ela mesma conseguiu quebrar as convenções ao rejeitar o estado civil e estabelecer sua casa em Bath com uma prima. Isso ocorreu sem a censura de sua família, o que poderia ter acontecido se James tivesse um caráter diferente. Nem todo irmão aceitaria a recusa de uma irmã em cumprir a tradição e as expectativas. Muitas vezes ela se perguntava se a aversão ao casamento era uma característica familiar, já que o estado reverenciado nunca agradou a nenhum dos dois.
Uma beldade de renome, ela certamente fez sucesso em sua primeira temporada em Londres, como não poderia com sua figura alta e esbelta, boca carnuda, cabelos escuros e olhos mais escuros? Os pretendentes a cortejaram com toda a habilidade possível, mas ela recusou as ofertas que surgiram e, com a indulgência de uma irmã mais nova, seu irmão não a forçou a considerar o casamento quando foi abordado por pretendentes solicitando sua mão. Ele queria que ela se casasse com a pessoa que ela escolhesse, em vez de com alguém que ele decidisse ser o melhor para ela.
Isabelle muitas vezes se perguntou por que não se sentiu tentada a se casar. Todos os seus pretendentes eram elegíveis e, devido à sua fortuna, ela não precisava se casar por dinheiro. Durante sua primeira temporada, em vez de se sentir lisonjeada pelos homens que a cercavam, logo se tornou cínica pela forma como foi cortejada. Muitos cavalheiros nem sequer tentaram esconder o fato de que era o dinheiro dela que queriam, sua beleza e personalidade eram um bônus adicional, mas não tão importantes quanto o dinheiro. Diante da realidade do namoro ela optou por assumir o controle de sua vida e informou aos irmãos que iria reestabelecer por si mesma em Bath. O número de mulheres solteiras em Bath superava o número de homens solteiros em cerca de dois para um, então ela esperava poder desfrutar dos prazeres que Bath tinha a oferecer, sem as provações que enfrentara em Londres.
Frank era totalmente contra, a ideia de sua irmã abraçar a vida de solteirona quando ela não precisava disso o deixava horrorizado e ele era apoiado em sua opinião por sua esposa.


1 de outubro de 2024

Uma Promessa a Cumprir

Série Vingança
Sir Royce de Bremont passou a vida inteira planejando a vingança contra o tio que assassinou seus pais e roubou seu direito de primogenitura.

Sequestrar a futura noiva do homem deixa Royce um passo mais perto de cumprir seu juramento de vingança. Lady Alyna de Montvue não deseja se casar nem se tornar um peão em um jogo de vingança. Seu único desejo é encontrar um lugar seguro para criar seu filho, uma criança dotada de uma segunda visão. Alyna logo percebe que este ousado cavaleiro conquistou seu coração, mas teme que ela seja apenas parte de seu plano de vingança. A bela dama e seu filho precoce fazem Royce desejar uma família própria, mas seus planos já estão em andamento e não podem ser interrompidos. À medida que as paixões aumentam, Royce deve escolher entre seu voto de vingança e arriscar seu coração por amor.

Capítulo Um

“Uma folha grande de matricária pode ser comida para afastar uma dor de cabeça. ”
Diário de ervas de Lady Catherine
Primavera, quatro anos depois.
O estômago de Sir Royce de Bremont roncava enquanto observava as idas e vindas em Montvue de seu lugar bem escondido nas árvores perto do portão da mansão. A hora da refeição da noite havia passado e a escuridão logo cairia, mas ele não fez nenhuma tentativa de aliviar sua fome. Os pedaços de pão seco e queijo em sua bolsa já serviram para duas refeições e tiveram pouco apelo até então.
Após quinze dias de planejamento, a vingança estava quase ao alcance. Esse conhecimento era todo o sustento que ele precisava.
Como ele havia sido avisado, a mansão não estava bem guardada. Dois homens de armas estavam no portão discutindo algo com grande entusiasmo, se os tapas nas costas um do outro fossem alguma indicação. Eles eram os únicos soldados à vista. Embora a mansão fosse relativamente pequena, Royce achava que a falta de guardas cheirava a preguiça. Para manter as coisas que ele tinha, um homem tinha que segurar com as duas mãos. E às vezes nem isso era suficiente.
Uma mulher saiu do portão da mansão e chamou a atenção de Royce. Ela usava um manto fino, seu véu esvoaçava na brisa leve, e ela carregava uma cesta no braço. Por seu porte e traje, ela parecia ser uma dama. Nenhuma empregada a acompanhava, mas um garotinho caminhava ao seu lado, arrastando uma bengala atrás dele. Depois de algumas palavras com os soldados, ela se abaixou para falar com o menino, então se virou e apontou.
A respiração de Royce parou quando seu dedo apontou diretamente para ele. Como ela poderia tê-lo visto?
Ele soltou a respiração em um assobio quando ela beijou a bochecha do menino e o deixou de guarda com os homens de armas, sua bengala levantada e pronta. Ela se apressou pelo caminho que contornava a floresta e levava à pequena aldeia próxima, passando diretamente por ele.
Royce permaneceu escondido atrás das árvores grossas enquanto ela passava apressada. A breve descrição que lhe foi dada deixou poucas dúvidas de que ela era realmente a pessoa por quem ele veio, mas não o preparou para sua beleza. Seu véu branco emoldurava um rosto elegante abençoado com pele de alabastro. Seus lábios carnudos eram de um vermelho profundo que atraía os olhos de um homem e seus pensamentos para atividades mais prazerosas. Maçãs do rosto salientes e sobrancelhas escuras enfatizavam grandes olhos cor de âmbar, uma cor familiar para ele.
Ele se acalmou quando ela olhou para as árvores onde ele se escondia. Sua testa franziu e seus passos diminuíram como se ela pudesse sentir seu olhar. Ela examinou a área mais de perto, em seguida, continuou seu caminho.
Royce podia ver por que se dizia que seu tio, Lorde Tegmont, cobiçava essa mulher. Pela aparência da propriedade de seu pai, seu dote seria pequeno, mas a própria dama era um prêmio com certeza. Teria grande prazer em arrancá-la das mãos de seu tio e impedir seu casamento. O pensamento da raiva de seu tio fez Royce sorrir. Se interromper o casamento desapontasse a dama, que assim fosse. Seus sentimentos não eram sua preocupação.
Ele precisava se afastar dos guardas antes de agir, então a seguiu à distância, curioso para ver onde ela ia com tanta pressa. Certamente, ela voltaria para casa antes do anoitecer, e isso significava que ele não precisaria encontrar uma maneira de entrar na mansão para buscar sua presa, apesar de ter vindo preparado para uma briga. Isso seria muito mais fácil do que ele esperava.
Alyna olhou por cima do ombro enquanto se apressava em direção ao chalé de Sarah, sem saber o que lhe causava desconforto. Ela andou por esse caminho muitas vezes antes e nunca teve uma preocupação. Nicholas estava ocupado em segurança no serviço de guarda e fora do caminho de Enid. A criada tinha o suficiente para fazer com as bagagens.
Muito provavelmente seu nervosismo com o que estava por vir esta noite causava sua preocupação. Ela precisava completar esta última missão e então todos estariam prontos para sua fuga.
— Lady Alyna, — chamou Sarah, a esposa do moleiro, da porta distante de sua cabana, acenando loucamente como se Alyna não pudesse vê-la. — Boa noite para você.
Em vez de gritar pela metade do prado, Alyna apenas devolveu o aceno até se aproximar. — E para você, Sarah. Beatrice me disse que seu estômago está doendo.
A mulher robusta suspirou quando colocou a mão na cintura. — De fato, minha senhora. Eu odiaria incomodá-la, mas estive infeliz o dia todo.
— Tenho o prazer de ajudar. — Um pedaço de culpa passou por Alyna. Quem ajudaria Sarah e os outros aldeões na próxima vez que se sentissem mal?
— Somos abençoados por tê-la — insistiu Sarah enquanto se dirigia para seu pequeno chalé. — Ora, você é tão habilidosa com essas ervas quanto sua santa mãe.
Alyna sorriu, satisfeita com o elogio. Ela passou muitas horas agradáveis estudando o diário de ervas de sua mãe nos últimos quatro anos, preparando remédios e experimentando cataplasmas. Ela estava orgulhosa de quantas pessoas ela ajudou. Havia muita sabedoria no diário, e nem tudo dizia respeito a ervas.
Myranda também havia acrescentado entradas sobre o melhor uso de vários remédios, tornando o livro ainda mais precioso. Algum dia, Alyna acrescentaria seus próprios comentários para passar para outro curandeiro.
Ela olhou ao redor da casa do moleiro escassamente mobiliada, percebendo que nunca mais veria Sarah ou esta casa. Uma mesa de cavalete estreita e dois bancos estavam perto da porta. Uma cama com um pequeno baú de madeira na ponta estava encostada na parede dos fundos. Pequenas e estreitas fendas nas paredes permitiam a entrada da luz do dia restante.
Uma pontada de arrependimento a atravessou. Ela sentiria falta de muitas pessoas aqui, incluindo Sarah. Nos últimos dias, ela se pegou olhando para as coisas mais estranhas – o banco em seu quarto, a cozinheira, o jardim de ervas – tudo com a percepção de que nunca mais veria aquela pessoa ou coisa. Isso tanto a excitava quanto a assustava. Mas as pessoas mais importantes para ela estariam com ela.
— Sentiremos sua falta.
Alarmada, Alyna ergueu os olhos da cesta que havia colocado sobre a mesa. Como Sarah poderia ter descoberto que eles estavam indo embora?



Série Vingança
1- Uma Promessa a Cumprir

O Espinho e a Rosa

Série Filhos Perversos
Quando Lorde Thomas Barrington, conhecido universalmente como “Thorn” é vítima do homem que tenta destruir o clube de jogo do cavalheiro. Os Filhos de Hades, ele é espancado e deixado para morrer. 
Entra em cena uma bela e misteriosa mulher que resgata Thorn e cuida dele para recuperá-lo, escondida no porão da casa em que mora. Mas a senhora que ele conhece apenas como “Marie” recusa-se a contar-lhe mais sobre si mesma, sob o argumento de que ele deve permanecer fora de vista, e parece viver com medo do seu irmão dominador.
Uma linda lembrança…
Com medo de que seu irmão descubra que ela abrigou um homem ferido debaixo de seu nariz, Marie força Thorn a ir embora, implorando que ele a esqueça e nunca mais pense nela. Isso é algo que Thorn não pode fazer, seus instintos cavalheirescos lhe dizem que a mulher está em sérios apuros e a memória de sua bela salvadora não sairá de sua mente.

Capítulo Um

Em algum lugar de Londres.
Thorn não sabia quanto tempo dormiu. Quando estava um pouco consciente, tinha apenas uma vaga consciência de mãos gentis banhando seu rosto com um pano frio, alimentando-o com colheradas de sopa e láudano e aplicando pomadas em seus cortes e hematomas. Ele acordou e apagou, atormentado por sonhos estranhos. Frequentemente, ele perseguia uma mulher que estava sempre fora de alcance. Ele a via de relance, mas toda vez que ele a chamava para esperar por ele, sua voz não funcionava, o som que saía de sua boca era apenas um sussurro, e então ela desaparecia. A frustração o consumiu, mas então ele foi empurrado de volta para o beco, com o homem que o espancou com tanto prazer enquanto seus capangas contratados o mantinham imóvel.
Quando acordou, achou que os sonhos eram preferíveis. Dor e desorientação foram os únicos benefícios de abrir os olhos. Ele nunca se considerou especialmente vaidoso, talvez porque havia muitas mulheres prontas e dispostas a mostrar-lhe o quão bonito o consideravam, sem necessidade de mais provas. Ao acordar agora, porém, a estranha sensação de sua cabeça ser muito maior do que o normal foi suficiente para fazê-lo estremecer ao pensar em se deparar com um espelho. Não que ele fosse ver muita coisa se olhasse; seus olhos estavam tão inchados que parecia que ele estava espiando o mundo através de uma fresta estreita.
— Ah, você está acordado!
Cautelosamente, Thorn virou a cabeça em direção à voz suave que reconheceu. Ele tentou sorrir, rapidamente se arrependendo do impulso ao perceber que tinha um lábio cortado. Ele estremeceu e levou a mão à boca, arrependendo-se disso também, enquanto os músculos das laterais e das costas gritavam em protesto. Decidindo que era melhor não se mover, ele tentou falar, piscando sob o brilho da única vela que a mulher segurava.
— Estou, embora esteja lamentando esse fato, atualmente. — Sua voz soava um pouco estranha, ele supôs, porque seus lábios estavam inchados e sua mandíbula muito machucada.
— Imagino que sim — disse ela com tristeza.
Thorn tentou focar no rosto dela, mas ela segurou a vela diante dela e ele não conseguiu ver.
— Você foi muito gentil em me ajudar.
Houve uma leve hesitação antes de ela responder. — Ah, n-não. Na verdade. Eu… eu gostaria de ter feito mais. Eu desejo… bem, não importa. Não fiz mais do que qualquer um teria feito.
Ela parecia inquieta e Thorn apressou-se em tranquilizá-la.
— Não, eles não fariam isso, e eu provavelmente teria sido roubado ainda por cima. — Ele olhou para suas mãos machucadas, aliviado ao ver que o pesado sinete de ouro que seu pai lhe dera em seu aniversário de 21 anos ainda estava no lugar. Ela se aproximou dele, mantendo a chama da vela diante dela. Thorn semicerrou os olhos, tentando distingui-la. — A propósito, onde estou? Há quanto tempo estou aqui? Preciso avisar minha família, sabe, e…
— Aqui. Você deve estar com sede. Já faz horas que você não bebe nada.
Cuidadosamente, ela largou a vela e se aproximou, levando um copo para ele e levando-o aos lábios.
Thorn tomou um gole agradecido, desejando ter trazido a vela, pois agora ela estava envolta em sombras.
— Pronto. Agora você deve descansar. — Ela largou o copo e saiu correndo novamente, pegando a vela como se fosse sair do quarto.
— Espere. Por favor. Devo…
— Shhh! — A mulher olhou para o teto enquanto uma tábua do piso rangia no alto. Os passos pesados de alguém se movendo acima deles a estimularam a entrar em ação. Ela correu para a cama e pressionou o dedo nos lábios dele. — Meu irmão. Ele chegou em casa mais cedo. Por favor, não faça barulho. Ele não deve encontrar você aqui! — Thorn parou, surpreso. Sua mente estava lenta, seus pensamentos turvos demais para pensar com clareza, mas mesmo em seu estado confuso a situação parecia bizarra. O irmão dela não sabia que ele estava aqui? Isso não parecia possível. Um estranho cansaço tomou conta dele. Ele balançou a cabeça, como se pudesse dissipar a sensação estranha, mas sua mente estava cada vez mais nebulosa. Sua atenção se concentrou na única coisa de que tinha certeza, seu olhar fixo na mulher diante dele. Agora a vela não o estava cegando, ele podia vê-la claramente. Ele olhou, descaradamente fascinado, pelo lindo rosto iluminado diante dele. Talvez tenha sido o brilho da luz das velas, ou a sensação estranhamente eufórica de bem-estar que o invadiu, fazendo com que ele se importasse pouco com qualquer outra coisa, mas o rosto dela tocou dentro dele.
Seu cabelo era de um castanho suave, espesso e encaracolado, seus olhos eram de um castanho brilhante, cintilando na luz bruxuleante, brilhando com faíscas de âmbar e bronze. Ela tirou o dedo dos lábios dele e lançou-lhe um último olhar ansioso antes de desaparecer do quarto e fechar a porta silenciosamente atrás dela. Tal era o seu estado de espírito que ele se perguntou se a teria sonhado.
Thorn dormiu novamente, profundamente, morto para o mundo e sem perceber a passagem do tempo. Ocasionalmente, ele acordava com uma sensação de desconforto, lutando através da neblina para se perguntar como foi parar na casa daquela mulher com o irmão dela inconsciente de sua presença. Como diabos ele se meteu em tal situação?
4- O Espinho e a Rosa

24 de setembro de 2024

Uma Suposição Errônea

Série A Herança Disputada do Conde
Richard, irmão gêmeo idêntico do conde de Marchant, é obrigado a viajar para a Cornualha para resolver uma disputa financeira com a viúva de um ex-capitão marítimo empregado por sua empresa.
A Srta. Demelza Trenwith tem certeza de que o banco roubou a indenização a que a família tinha direito. Sua mãe está com problemas de saúde e deixou a casa sob os cuidados de sua filha. Seus dois irmãos estão à solta e estão se envolvendo perigosamente com os contrabandistas locais. Sem o dinheiro prometido da Somiton Company, a família não sobreviveria ao inverno. Ao chegar, Richard faz a suposição errônea de que Demelza é uma criada e ela não gosta dele à primeira vista. Uma tragédia e um parente indesejado mudam tudo. Demelza precisa da ajuda de Richard, mas ela aceitará quando for oferecida?

Capítulo Um

Somiton Hall, novembro de 1815
Richard Somiton leu sua carta pela segunda vez, xingou baixinho e saiu em busca de seu irmão gêmeo, o conde de Somiton.
— Adam, acabei de receber uma carta da viúva de um dos nossos capitães do mar, Sra. Sarah Trenwith, ela está pedindo nossa ajuda porque a morte dele no mar a deixou em dificuldade financeira e incapaz de sustentar sua família.
Seu irmão, que também estava absorto em uma carta que recebera pela mesma entrega, ergueu os olhos. — Por que ela escreveria para você? Você tem alguma ligação com essa mulher?
— Não, nunca a vi. Eu gostava do capitão Trenwith, ele era um bom homem, um verdadeiro marinheiro da Cornualha e um dos melhores que tínhamos. Foi uma pena que seu navio afundou e ele e sua tripulação se perderam.
— Eu pensei que todas as famílias haviam sido recompensadas por sua perda, certamente o mesmo foi feito para essa Sra. Trenwith? — Adam franziu a testa, pois não estava feliz com a notícia.
— Foram, claro, mas por algum motivo o dinheiro não chegou às mãos da Sra. Trenwith. Vários de seus tripulantes eram da mesma aldeia, Pencarrow, e parece que nenhuma de suas famílias recebeu o dinheiro também. Eu mesmo vou ter que ir até lá. Devo isso ao homem. A pessoa responsável por distribuir esse dinheiro deve ser corrupta e tê-lo embolsado para si.
— Edward e Eleanor estão de volta de sua viagem de casamento e felizes em sua nova casa. Não há razão para que você não possa ir. Voltarei a Londres e tratarei de assuntos urgentes lá.
— A Sra. Somiton provou ser uma anfitriã admirável para nós e seu filho Leo, agora que renunciou à sua comissão, poderá atuar como guardião das quatro meninas — respondeu Richard.
— Eloise e Amelia se estabeleceram bem sem a influência perniciosa de sua mãe. Eu
me pergunto se algum dia encontraremos o homem que tentou atear fogo em todos nós alguns meses atrás. Oliver Somiton, seu filho e esta mulher desapareceram sem deixar rastros. Jessica não é nada como seu pai e irmão assassinos, graças a Deus.
— A irmã de Leo, Frances, tornou-se amiga de Jessica e as quatro meninas são como irmãs em vez de primas distantes. Você tem certeza, Adam, de que Leo será capaz de mantê-las na linha? Elas são um grupo animado de jovens senhoras e sempre procurando por travessuras.
— A Srta. Devonshire, a acompanhante que indiquei, provou ser uma dádiva de Deus. As meninas estão aprendendo a se comportar como devem e agora que Eleanor está em casa, sem dúvida ela também estará envolvida. Eloise e Amelia eram um pouco selvagens quando chegaram, mas dificilmente são reconhecíveis como aquelas garotas hoje em dia. — Seu irmão acenou com a própria carta. — Esta missiva é dos agentes que estão procurando pelos Somitons. Parece que eles têm novidades. Como tenho negócios na cidade, vou combinar os dois. É uma sorte que o tempo esteja bom e que o inverno ainda não tenha chegado.
— Podemos viajar juntos para Londres. Vou pegar a carruagem do correio para a Cornualha e contratar uma carruagem de aluguel quando chegar lá. Não vou levar meu cocheiro.
— Manson deve ir com você, irmão. As coisas estão diferentes desde que me tornei conde. Você pode não ter um título próprio, mas agora é um aristocrata e não pode vagabundear pelo lugar como costumava fazer.
— Se você insiste então meu valete virá também. Você não se opõe a que eu viaje na diligência?
Adam sorriu. — Absolutamente não – é muito longe e muito caro para ir de carruagem. Ocorre-me que você poderia navegar até lá. Pode muito bem haver um barco de correspondência descendo a costa no qual você poderia atracar.
— Se houver uma passagem disponível, é o que farei. Esta excursão pode levar várias semanas, o que significa que posso não voltar para a época festiva.




Série A Herança Disputada do Conde
1- Uma Aliança Inadequada
2- Uma Suposição Errônea

17 de setembro de 2024

Retorno a Wildsyde

Série Filhos Perversos
Quando Lorde Lyall Anderson, Visconde de Bucharon, inicia um caso apaixonado com a Srta. Lilith Fulbright, ele percebe tarde demais que está brincando com fogo, caiu no mais antigo golpe dado por mulheres à caça de dinheiro, posição e títulos.
Apanhado numa posição comprometedora pelos pais, é demasiado óbvio que a bela e amoral jovem só tem fome de riqueza e de um título e não tem qualquer consideração por ele. Humilhado e furioso, Lyall cumpre seu dever de homem honrado, sabendo que seu futuro com tal mulher será de miséria.
Mas o destino deu-lhe uma mãozinha…Enquanto fugia com um amigo de infância de Bucharon, Rory Stewart, Lilith morreu num acidente de barco quando ambos tentavam cruzar para o continente. Como resultado a família Fulbright perdeu sua galinha de ovos de ouro. Mas o destino quis que o tio de Lilith ao falecer deixasse a guarda dos filhos dele para Bucharon. O inferno de Lyall nunca vai acabar ou o destino resolveu brincar com os erros dele?

Capítulo Um

Lyall registrou a batida na porta, mas não respondeu, o fogo que ele encarava havia morrido há algumas horas, mas não foi percebido. Estava entorpecido. Choque e muitas outras emoções dominando seus sentidos até que ele sentiu a necessidade de se desligar. O uísque tinha feito o trabalho corretamente, e agora ele estava pagando o preço por isso também. Sempre houve consequências para as ações, algumas mais dolorosas que outras.
— Lyall?
A voz suave de sua mãe o alcançou através da névoa de dor e confusão, virou a cabeça, sentindo-se como se estivesse dormindo há mil anos enquanto piscava para ela.
— Mãe?
— Oh, Lyall, olhe o seu estado, amor. A Sra. Baillie está trazendo café e o dejejum.
— Ah, mãe, pare de se preocupar — disse ele, esfregando a mão cansada no rosto e descobrindo que já fazia algum tempo que não se barbeava. Quanto tempo? Ele não conseguia se lembrar.
— Não diga coisas tão idiotas — respondeu sua mãe com uma expressão de impaciência. — Eu sou sua mãe, é meu trabalho me preocupar com você. Isso faz você se sentir melhor? — Ela perguntou, pegando a garrafa vazia que havia rolado pelo chão e descansado diante do fogo apagado. Ela ergueu uma sobrancelha para ele e ele grunhiu.
— Sim, por uma ou duas horas.
— E agora você está com dor de cabeça e enjoo por mais alguns anos — disse ela com um suspiro.
— Mãe, não me importune, eu suplico — ele implorou, massageando as têmporas doloridas.
Ela suspirou e não disse mais nada e ele sentiu uma mão gentil acariciar seus cabelos. O toque terno fez sua garganta apertar, e ele engoliu em seco, determinado a não fazer mais papel de bobo do que tinha sido feito ultimamente.
— Papai já chegou? — ele perguntou, sem saber se temia a resposta ou não.
— Ainda não. Espero que ele chegue logo e não pareça tão infeliz. Ele está do seu lado, Lyall, você certamente sabe disso?
— Sim, mas isso não significa que ele esteja orgulhoso da bagunça em que estou.
— Aquela mulher… — começou sua mãe, e então respirou fundo pois sempre que falava da esposa dele – sua falecida esposa – ela ficava um pouco irritada. — Lilith fez essa bagunça, Lyall, e uma mulher assim poderia virar qualquer homem do avesso. Quando penso nas coisas que ela poderia ter alcançado se não tivesse sido tão superficial e rancorosa, fico furiosa. Suponho que deveria ter pena dela, pois seus pais a criaram à sua própria imagem e ela tinha poucas chances de ser outra coisa senão o que era. Admito que estou lutando para fazê-lo, embora agora que ela teve um fim tão triste, seja um pouco mais fácil, suponho — acrescentou ela com sua habitual honestidade.
Ela então se virou e olhou diretamente para ele e ele sabia que ela iria perguntar como ele se sentia, o que se passava em sua cabeça, mas não sabia como responder às perguntas dela. O alívio era uma grande parte disso, e o fato de ele ter sentido tal coisa quando uma linda jovem perdeu a vida, sem mencionar um homem que ele conhecia desde que era menino, bem, isso certamente não refletia bem sobre ele. Mais do que isso, porém, ele estava com raiva. Ele estava com raiva por ter sido preso e manipulado e por ela ter continuado a fazer isso ou tentado. 
Os pais dela também tentaram, constantemente criticando-o pela crueldade com a filha. Aparentemente, dar-lhe uma bela casa e uma mesada generosa não era suficiente. Ela deveria ter uma casa em Londres e uma carruagem própria e dinheiro suficiente para entreter e… a lista era interminável. 
Como se acreditassem que Lyall era tolo o suficiente para permitir que ela corresse solta entre a sociedade enquanto levava seu nome, tendo amantes como bem entendesse e fazendo dele motivo de chacota. Não nesta vida.
Ele supôs que sua mãe estava certa. Lilith tinha sido tão vítima das ambições de seus pais quanto ele. Foram eles que o escolheram como seu alvo – como ela o informou amargamente quando percebeu que havia encontrado um objeto imóvel que não podia ser torcido em seu dedo.
Toda a família era um bando ignominioso de trapaceiros, mentirosos e aventureiros. Ele só podia agradecer a Deus por ter terminado com eles agora, embora não duvidasse que os pais dela tentariam culpá-lo por isso e exigiriam uma compensação. Embora isso o deixasse mal do estômago, Lyall sabia que lhes pagaria uma quantia, apenas para fazê-los ir embora e mantê-los fora de sua vida.
Ele só queria ficar quieto por um tempo, voltar à vida que vivia antes de Lilith arruinar tudo. Fazia apenas cinco meses que ela e os pais haviam encenado a pequena cena que o surpreendera tão bem, e mesmo assim ele sentia que havia envelhecido cinquenta anos nesse ínterim.





Série Filhos Perversos
3- Retorno a Wildsyde

9 de setembro de 2024

Uma Aliança Inadequada

Série A Herança Disputada do Conde
Edward Revere é o parceiro de negócios dos gêmeos idênticos Adam e Richard Somiton e, como seus amigos, não deseja se mudar para Somiton enquanto os advogados decidam se Adam é o verdadeiro conde de Somiton.
Lady Eleanor Somiton está muito feliz em se mudar para a Dower House com sua mãe, a Condessa Somiton e sua irmã Lady Grace e deixar os novos titulares para morar na vasta e desconfortável casa ancestral. Como todos os ramos distantes da família Somiton se reúnem para uma festa de verão, nem todos estão lá com boas intenções. Edward e Eleanor são atraídos um pelo outro, mas ambos sabem que uma aliança tão inadequada é impossível.

Capítulo Um

Somiton Hall, junho de 1815
— Mamãe, por que temos que nos mudar para a Dower House agora? Certamente seria melhor se conhecêssemos o novo Conde de Marchant? — Lady Eleanor Somiton perguntou enquanto observava o último de seus baús sendo transferido para a diligência de espera.
— Normalmente, minha querida, eu ficaria aqui para cumprimentar o novo titular, pois nosso futuro depende um pouco de sua generosidade. No entanto, como o título está em disputa porque seu pai não conseguiu encontrar o herdeiro presuntivo antes de morrer, não tenho ideia de quem seja o verdadeiro conde e nem os advogados.
Grace, aos dezenove anos, era três anos mais nova que a irmã e não permitia que nada a desanimasse, nem mesmo a perspectiva de morar em Dower House, uma casa muito menor.
— Acho que vai ser mais divertido ver quem acaba sendo nosso Lorde e mestre. Quando falei com o Sr. Radley outro dia, ele disse que, em sua opinião, alguém chamado Capitão Leo Somiton tem uma linha direta com o título.
— Mas o Sr. Grimshaw, o outro advogado, insiste que Adam Somiton é o verdadeiro herdeiro. Como nenhum deles tem uma conexão mais próxima do que cinco gerações atrás, não consigo ver como isso será resolvido — disse Eleanor.
— Soube que as duas famílias chegarão nos próximos dias com a expectativa de fixar residência no Salão e ter acesso à fortuna do papai.
— Grace, nunca foi dinheiro do seu pai, mas pertence, como as propriedades, à família. Tudo está vinculado e vai para o filho. Se ao menos eu tivesse produzido um menino vivo, nada disso estaria acontecendo.
— Você é a Condessa de Marchant; somos Lady Eleanor e Lady Grace Somiton – aqueles que vêm reivindicar o título de papai são plebeus. Eles têm vivido como tal por gerações. A família deste Adam Somiton fez fortuna no comércio. — Embora ela tentasse não soar desaprovadora, Eleanor falhou tristemente.
— O capitão Leo Somiton é um soldado de carreira. Eu dificilmente acho que um cavalheiro militar seja uma pessoa adequada para assumir as propriedades e tudo o que isso implica — Grace disse com firmeza. — Mudei de opinião sobre o assunto e agora apoio o outro senhor, pois pelo menos ele tem dinheiro próprio.
— Meninas, a opinião de vocês não terá influência no resultado. Não desejo estar aqui supervisionando uma situação indecorosa e é por isso que estamos nos mudando hoje para Dower House. Graças ao bom Deus que meus fundos não são afetados por este desastre. No entanto, os funcionários não serão pagos, nem as contas em Hall, até que o assunto seja resolvido.
— E se o novo titular tiver parentes idosos que deseja colocar lá? Para onde iremos então?
— Eleanor, eu sou a condessa e, portanto, tenho toda a intenção de permanecer naquele lugar, independentemente do resultado desta disputa de herança. O Sr. Grimshaw me garantiu que faz parte do meu direito, como viúva do conde, poder viver confortavelmente na Dower House enquanto eu desejar. — A mãe fungou e olhou para baixo em seu nariz aristocrático. — Vocês duas têm dotes substanciais e eu tenho uma anuidade generosa. Não importa quem leva o título, pois ele não pode interferir em nossas vidas.
— Bem, ele certamente não pode interferir na minha já que sou maior de idade. No entanto, acredito que quem finalmente receber a herança será o guardião de Grace.
— Eu não me importo com isso, desde que ele providencie para que eu vá para a cidade na próxima temporada, para que eu possa ter meu baile de debutante e encontrar um marido bonito e rico.
Eleanor sorriu ante as tolices de sua irmã.
— Querida, já falamos sobre isso várias vezes. Pode ser possível persuadir o novo conde a dar um baile aqui, mas duvido que ele queira abrir a casa em Grosvenor Square em seu nome.
— Isso é bobagem. Vou perguntar-lhe lindamente e ele não poderá me recusar.
Sua irmã estava convencida de que seu charme e beleza poderiam persuadir até o mais rabugento dos cavalheiros a se curvar à sua vontade. Ela certamente tinha o pai delas enrolado em seu lindo dedo mindinho. Eleanor esperava sinceramente que quem quer que Grace decidisse se casar a colocasse de lado, pois por mais que amasse sua irmã, ela sabia que era terrivelmente mimada.
A diligência estava prestes a partir. Eleanor mordeu o lábio, endireitou os ombros, levantou as saias e desceu correndo os degraus de mármore que levavam da imponente porta da frente ao círculo de conversão.
— Não adianta hesitar, mamãe, Grace, devemos partir daqui para sempre.








Série A Herança Disputada do Conde
1- Uma Aliança Inadequada

3 de setembro de 2024

Bela Demolidora

Série Filhos Perversos

Lorde Conor Baxter, Visconde Harleston, descobriu após um grave acidente que gostava de construir coisas. 
Depois de passar meses de cama se recuperando de uma queda de cavalo ele passou a dedicar seu tempo livre a inventar ferramentas mais precisas para qualquer coisa que fosse necessário. Metódico, organizado e acima de tudo meticuloso com sua pessoa e seu entorno ele se vê envolvido com uma senhorita muito desajeitada.
Uma Bela Desajeitada…
Lucy Carleton, filha do dono de um clube de jogo, é uma moça muito ansiosa que não gosta de ambientes cheios de pessoas, menos ainda quando ela não é uma convidada. Sua ansiedade sempre a leva a cometer algum desastre que a coloca em situações constrangedoras. Agora seu pai decidiu que ela deve se apresentar à sociedade e casar-se, tanto melhor se o marido for titulado. E Brian Carleton, pai de Lucy, não tem nenhum escrúpulo para conseguir isso.

Capítulo Um

11 de março de 1845, Berkeley Square, Mayfair, Londres
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Conor observou ansiosamente enquanto seu criado, Murphy, examinava a mancha em seu casaco.
— Chocolate, você diz, milorde?
— Temo que sim. Alguma mulher ridícula decidiu jogar isso em cima de mim — disse ele, irritado.
As sobrancelhas grisalhas do homem ergueram-se um pouco e Conor pensou que talvez seus lábios se contraíssem, mas por outro lado ele se conteve para não comentar. Isso era preocupante. Murphy nunca tinha falta de opiniões ou comentários.
— Ela teria um bom motivo para fazer isso? — Murphy perguntou, a imagem da inocência.
Bem, isso era melhor. Mesmo assim, Conor estreitou os olhos. — Não.
— Uma pena — Murphy respondeu com um suspiro. — Já era hora de você fazer algo para que uma xícara de chocolate fosse jogada na sua cara, eu acho.
— Que coisa vil de se dizer — respondeu Conor, irritado. — Como se algum dia eu fosse…
— Ah, só estou brincando com você — disse o sujeito com uma risada suave. — Só quero dizer que você deveria ir e agitar um pouco as coisas. Você ainda não está morto, você sabe. Você costumava ser cheio de brincadeiras. Quando você começou aquele clube com seus amigos, por exemplo, e…
— E isso foi há muito tempo. Não sou mais um garoto inexperiente disposto a fazer travessuras.
— Sim, é uma pena — Murphy murmurou baixinho antes de acrescentar. — Bem, uma pasta de bicarbonato de sódio deve resolver isso, mas é melhor eu cuidar disso antes que endureça.
— Muito bem, Murphy, obrigado.
Conor desceu até o escritório e sentou-se à escrivaninha. Tudo estava exatamente como ele gostava: arrumado, ordenado, limpo. Cuidadosamente, ele removeu o pano branco que cobria o último projeto que havia começado. Dispostos com precisão em uma bandeja fina sobre sua mesa estavam pedaços de um relógio. As minúsculas peças prateadas brilhavam à luz e Conor sorriu ao pegar a pinça e selecionar uma minúscula engrenagem. Ele sempre adorava quebra-cabeças e descobrir como as coisas funcionavam, mas só há alguns anos redescobriu sua paixão por fazer coisas.
A lesão foi grave. Tanto que o cirurgião quis arrancar-lhe a perna. Graças a Deus mamãe e Aisling não permitiriam que isso acontecesse. Sua irmã tinha talento para curar e ela assumiu o comando. Juntas, sua mãe e sua irmã cuidaram dele, mas a dor foi de um tipo que ele não acreditava ser possível sobreviver. Mas ele sobreviveu, e ele estava bem novamente. Então era isso. Tudo foi bem.
O marido de Aisling, Sylvester Cootes, era um sujeito decente e parecia fazer a irmã feliz. Ele também era o novo administrador do Castelo Trevick. Conor foi criado sabendo que um dia seria o Conde de Trevick, e por isso aprendeu tudo o que havia para saber sobre o castelo e o negócio de administrá-lo nas mãos de seu pai — e de sua mãe. Cootes, no entanto, era cheio de novas ideias e inovações, e foi um enorme alívio para Conor saber que a propriedade estava em boas mãos e que parte do fardo foi tirado de seu pai. Se não fosse esse o caso, ele próprio teria intervindo, mas apenas porque era seu dever fazê-lo.
Por mais que amasse o campo e a sua casa ancestral, sentia-se feliz por se manter afastado dela desde o acidente, pois havia muitas recordações de dor e arrependimento. Ele também era fascinado pelo progresso e Conor passou muito tempo com o industrial Gabriel Knight, que fomentou seu interesse pelas ferrovias e o colocou no caminho de alguns investimentos sólidos. Ele devia muito ao homem e o admirava tremendamente.
Conor olhou para cima quando o relógio sobre a lareira tocou, um som preciso e brilhante para anunciar uma hora. Por toda a casa havia o eco daquele som e Conor sorriu. Ele observou a porta e, alguns segundos depois, ela se abriu, revelando sua governanta, a Sra. O'Brien. Ela acenou com a cabeça para o lacaio que segurava a porta e trouxe uma bandeja de chá, colocando-a cuidadosamente na borda da mesa.
— Boa tarde, milorde. Você teve uma manhã agradável?
Conor olhou para ela, divertido. — Tenho certeza de que Murphy lhe disse que não.
— Ah bem. Acidentes acontecem — disse ela suavemente, colocando a delicada xícara de porcelana com a posição correta para cima no pires e acrescentando um cubo de açúcar cortado com precisão.
A precisão do corte ficou por conta de Conor. Ele havia projetado e fabricado uma serra de açúcar, para que seus lacaios pudessem quebrar melhor a casquinha de açúcar. Anteriormente, usando a tesoura de açúcar, os caroços tinham formatos e tamanhos diferentes, então o chá dele era um pouco doce demais ou não doce o suficiente. Isso não o incomodava, mas ultimamente esses detalhes pareciam distraí-lo.
A Sra. O'Brien serviu o chá e tirou a tampa de um prato, revelando uma generosa fatia de torta de caça, uma maçã cortada em fatias cuidadosas e um grande pedaço de queijo. — Tem uma linda esponja de geleia também. Vou buscar algumas para você agora mesmo.
— Excelente, obrigado






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar
2- Bela Demolidora