13 de janeiro de 2010

O Cavaleiro Dos Meus Sonhos

Série De Piaget
Cansada dos seus fracassos românticos, Jessica Blakely faz um desejo para uma estrela, que a transporta de volta no tempo para o século XIII, onde ela se vê rosto a rosto com Richard De Galtres, um cavaleiro forte e orgulhoso, que a protege dos perigos do mundo medieval. 

 Jessica Blakely assumiu, mais uma vez, uma decisão errada e aceitou um mês de férias na bela casa vitoriana de Lord Henry de Galtres, um excelente anfitrião, mas que ela não suporta.
A vida Jessica parece ser construída numa série de erros, tantos a mais como com um professor universitário respeitado e um compositor de sucesso, quando a única coisa que sempre desejara era a magia do amor verdadeiro. Algo que sempre falta.


Capítulo Um

Jessica Blakely não acreditava no Destino. Entretanto, ali, no alto de uma escada circular medieval, olhando para baixo, para suas escuras profundidades, teve que se perguntar se alguém, além dela, levava o leme de seu navio, por assim dizer. 
Era evidente, que as coisas não progrediam como ela planejara. Estava certa que o destino sabia que não a interessavam, absolutamente, os inóspitos e nus castelos, nem os cavalheiros de oxidada armadura.
Certo.
Respirou fundo e se obrigou a examinar os acontecimentos, que haviam a trazido para sua atual posição. 
As coisas tinha parecido tão lógicas naquele momento!
Tinha saído com alguém em uma entrevista às cegas, aceitou seu convite para acompanhá-lo a Inglaterra, numa viagem que coincidia com o período acordado pela Faculdade da universidade, e, duas semanas depois, subiu alegremente com ele em um avião.
Seu anfitrião era lorde Henry de Galtres, proprietário de uma muito bem cuidada casa, um solar vitoriano. Somente um olhar bastou a Jessica para se apaixonar pela mansão. 
O mobiliário era luxuoso, a comida, celestial, e a campina, idílica. A única desvantagem era que, por algum motivo desconhecido, lorde Henry tinha decidido não derrubar o desmantelado castelo anexo a casa. 
Não sabia por que, nem desejava bisbilhotar para averiguar, mas a mera vista dele, provocara calafrios na sua coluna vertebral.
Em lugar disso aproveitou todas as comodidades modernas que proporcionava a casa de lorde Henry e estava certa de que quando conseguisse se afastar de seu lar provisório fosse de casa, iria a Londres, para fazer compras no Harrolds, expedição que diminuiria ligeiramente suas economias.
Não obstante, em lugar de se encontrar frente a uma caixa registradora, viu-se obrigada a procurar refúgio no desmantelado castelo anexo à casa de lorde Henry.
Algo andava muito mal em sua vida. 


Série de Piaget
1 - Amor, Paixão e Promessas
2 - Se Fosses Minha
3 - Entre Dois Mundos
4 - Quando Me Apaixonei
5 - O Presente dos Natais Passados
6 - One Enchanted Evening
7 - Tudo Que Peço
8 - O Cavaleiro dos Meus Sonhos
9 - Para Sempre Jamais
10 - Beijar na Escuridão
11 - Stardust of Yesterday
12 - Till There Was You
13 - One Magic Moment
14 - All for You
15 - Dreams of Lilacs
16 - Stars in Your Eyes

Tudo Que Peço

Série De Piaget
Prólogo

Os ramos romperam e crepitaram na lareira, enviando uma nuvem de faíscas através da pedra. A caldeira borbulhou sinistramente, dentro dela seu conteúdo liquido grosso e marrom saía pela borda, como uma juventude que examina o abismo do pecado e tem a jovial idéia de saltar de cabeça para fora.
- Magda, olhe a caldeira!
Uma anciã enrugada saltou como se a tivessem cravado com um alfinete, empurrou o cabelo branco de seu rosto com uma mão rechonchuda e se apressou para o fogo.
- Doce Mary, penso que queimei outra vez! - gritou Magda.
- Pelos fogos de Inferno, eu realmente odeio quando usa os Santos epitáfios, disse uma segunda pessoa vindo e levando a colher à boca. Ela provou e logo amaldiçoou. Pelos dedos do pé de Lúcifer, devo fazer tudo eu mesma?
- Ah, Nemain, o que faremos? Exclamou Magda, retorcendo suas mãos.
- Não posso agüentar seu olhar por perder esta possibilidade quando o Destino trabalhou tão bem a nosso favor!.
Nemain se queixou quando ela tirou o pote do fogo.
- Berengária, prove este. Digo que a poção de amor é a pior que Magda queimou em sua longa vida.
Berengária não respondeu. Ela olhava fixamente ao longe, muito ocupada olhando para fora da janela e vendo o futuro desdobrar-se diante de seus olhos. Este era um presente que tinha, esta Visão.
Tinha se divertido no passado ver o que o futuro traria, saber como os Reis morreriam e que terras perderiam.
Também havia sido prático saber de antemão quando independentemente do castelo no qual ela vivia ia ser sitiado, lhe dando tempo para embalar seus pertences e procurar novos alojamentos antes que os invasores chegassem.
Mas esta tarefa de agora era a mais importante: atrair dois desventurados e, francamente, duas almas bastante impossíveis de unirem-se.
Sim, isto era digno de suas modestas artes .
Ela sentiu Magda ir nas pontas dos pés, ouviu a maldição de Nemain quando ela pisou, muito forte com as botas que usava, a outra bruxa, mas não deu atenção. O fracasso as havia levado um pouco mais longe.
Se o senhor de Blackmour possuísse um pouco menos de honra, ele não teria feito caso de seu voto para proteger e defender uma mulher que mal conhecia.
Possivelmente a honra não era uma virtude desnecessária depois de tudo.
Berengária deixou passar o presente ante seus olhos, olhando o cavalheiro escuro, perigoso que o Dragão de Blackmour tinha enviado como seu mensageiro.
Ela esquadrinhou o guerreiro valente e ficou contente ao ver que ele não vacilaria em sua missão. Ele não poderia ou todos estariam perdidos. Não haveria outra possibilidade como esta.
- Magda, por meus chifres, é um aroma asqueroso queixou-se Nemain quando ela se retirou ao lado oposto da choça.
- Vamos começar outra vez. E vão com cuidado desta vez! Isto custou o resultado dos anos que levei para encontrar o osso de polegar de um mago e você o gastou quase todo. Não tenho nenhuma vontade em ir até a Escócia outra vez para procurar outro!


Série de Piaget
1 - Amor, Paixão e Promessas
2 - Se Fosses Minha
3 - Entre Dois Mundos
4 - Quando Me Apaixonei
5 - O Presente dos Natais Passados
6 - One Enchanted Evening
7 - Tudo Que Peço
8 - O Cavaleiro dos Meus Sonhos
9 - Para Sempre Jamais
10 - Beijar na Escuridão
11 - Stardust of Yesterday
12 - Till There Was You
13 - One Magic Moment
14 - All for You
15 - Dreams of Lilacs
16 - Stars in Your Eyes

O Presente dos Natais Passados

Série De Piaget



Sir Sweetums, o gato da Abigail Garret, fica perdido por algum tempo e a vida da Abigail parece vir-se abaixo: sem trabalho, sem gato, sem seguro desemprego e sem noivo justo a poucos dias do Natal... e a ponto de atirar-se da ponte ao rio. 

Bem, não se atirou exatamente, e sim caiu e quando subiu para tomar ar encontrava-se em um fosso. 

Não somente um fosso: já não estava em Wisconsin, mas na Inglaterra e já não era 1998, mas 1238!
Conseguiu arrastar-se para fora do fosso e aproximar-se do portão ao final da ponte levadiça só para encontrar um homem vestido como um cavalheiro medieval com uma espada na mão o qual tampouco sabia o que fazer com ela!
Tudo é obra do Sir Sweetums, que passou já sua 9ª vida e é agora o gato anjo-da-guarda que tem a missão de lhe encontrar o par ideal.

Capítulo Um

Não era uma vida maravilhosa.
Abigail Moira Garrett estava de pé sobre a ponte e baixou a vista para as águas escuras debaixo dela. Ainda não tinha podido encontrar um rio suficientemente caudaloso para lançar-se.
O melhor que pôde encontrar foi o lago Murphy e a pequena ponte de um só sulco que se arqueava sobre o estreito final.
Em vez de encontrar o fim de sua vida em uma correnteza de água, provavelmente o que conseguiria seria morrer estrangulada pelo lodo do fundo.
Era o indicativo de como tinha estado indo sua vida ultimamente.
Tudo tinha começado na segunda-feira passada.
A luz acabou durante a noite, fazendo-a dormir até as dez da manhã. Tinha sido o telefonema de seu chefe que a tinha despertado. Havia lhe dito que não se incomodasse em ir. Nunca.
Se isto só tivesse parado ali. Mas não parou. E por quê? Porque ela tinha pronunciado as palavras, “não pode haver algo pior que isto”.
Essas foram às palavras mágicas, que garantiram que estava equivocada, palavras que conjuraram cada força contrária no universo para pôr a zero todas suas possibilidades.
Na terça-feira tinha sido informada que, devido a uma interferência no sistema, levaria várias semanas para poder receber o seguro desemprego.
Na quarta-feira tinha sido informada que não conseguiria nenhum cheque porque seu número de Seguro Social não existia. Se ela quisesse dar entrada no Seguro Social, seu número era...


Série de Piaget
1 - Amor, Paixão e Promessas
2 - Se Fosses Minha
3 - Entre Dois Mundos
4 - Quando Me Apaixonei
5 - O Presente dos Natais Passados
6 - One Enchanted Evening
7 - Tudo Que Peço
8 - O Cavaleiro dos Meus Sonhos
9 - Para Sempre Jamais
10 - Beijar na Escuridão
11 - Stardust of Yesterday
12 - Till There Was You
13 - One Magic Moment
14 - All for You
15 - Dreams of Lilacs
16 - Stars in Your Eyes

Se Fosses Minha

Série De Piaget



Artane… uma majestosa fortaleza junto ao mar,o lar adotivo de Anne do Fenwyck e a herança de Robin de Piaget.

A guerra tinha mantido Robin longe do seu lar tanto tempo que Anne quase tinha deixado de esperar sua volta.
Mas agora Robin voltou para casa e para a encantadora jovem que o deixa sem fôlego e ofegante...,mas uma traição os põe em um terrível perigo.
Então, enquanto o passado ameaça seu futuro, ele se dá conta de que não deseja nada mais que fazê-la sua para sempre.


Capítulo Um

Inglaterra, 1225.
Sentada sobre seu cavalo, a jovem observava o caminho que a separava do castelo. Tinha-o percorrido muitas vezes ao longo de seus dezenove anos, e se considerava uma perita em suas colinas e terrenos baixos.
Entretanto, estava ansiosa para livrar-se de seus limites e, como resultado, desmontar de seu cavalo, assim que o vira com olhos entusiasmados.Decidindo que à distância que a separava de sua meta não era muita, agarrou com firmeza as rédeas e incitou ao cavalo para diante.
Ao seu julgamento, não chegaria o suficientemente rápido a seu destino.
Atrás dela cavalgava o casamenteiro de seu pai quem, supunha ela, não fazia nada a não ser pensar na meia dúzia de pretendentes que tinha deixado em Fenwyck,homens suficientemente desesperados por sua fortuna para aceitar sua filha como parte do trato. 

Frente a ela jazia seu lar adotivo, o lar de seu coração, o lar que tinha deixado há seis meses, só porque seu pai a tinha levado à força dali.Tinha perdido toda esperança de voltar a vê-lo.
Mas agora tinha sido liberada do salão de seu pai, embora fosse por um momento, e Artane estava já muito perto. Com isso era suficiente. Teria que ser.
Poderia ser a única oportunidade que lhe permitiriam ter.
- Por todos os Santos, estou ansioso para sair desta maldita chuva, queixou-se seu pai uma vez que se deteve junto a ela. - Como pode ser que te permiti me levar nesta missão de parvos com este acidentado clima? Minha responsabilidade contigo é em Fenwyck, não aqui!
Anne olhou para seu pai. Um pálido raio do sol de outono caía sobre sua loira cabeleira e brilhava contra o bordado dourado que adornava seu pesado casaco.
- Está belo, pai - disse, com a esperança de distraí-lo e sabendo que a adulação não seria em vão.
- Como se isso me servisse, nestas circunstâncias!
- Foi amável de sua parte me trazer para Artane, disse ela seguindo seu percurso. - Desejava com ânsia dar um último adeus ao Sir Montgomery.
- Acredito que será muito tarde para isso, balbuciou seu pai. Estará morto quando chegarmos. Mas Anne podia ver, pela maneira em que tinha começado a acomodar seus objetos e a pentear seu cabelo com os dedos, que desejava apresentar-se da melhor maneira possível, ainda que sua presença fosse só para um enterro.
Decidiu concentrar-se em coisas mais importantes, quer dizer, em manter-se na cadeira de montar até chegar ao castelo.
Sua perna não tinha reagido bem ante os rigores da viagem.
Embora só quatro dias de viagem lenta separassem Fenwyck de Artane, suspeitava que tivesse ido melhor caminhando esta distância.
Perguntava-se se seria capaz de manter-se em pé uma vez liberada das torturas de sua viagem. Apesar dessa preocupação, Anne se sentia mais feliz a cada pegada dos cascos do cavalo. A rocha sólida do castelo se elevava para o céu cinza como um baluarte de segurança. Deus santo, sim que se alegrava de vê-lo.
Embora seu pai continuasse amaldiçoando a toda variedade de objetos e pessoas, Anne deixava passar suas palavras, para que outros mais atentos às escutassem.
Encontrava-se muito imersa em suas lembranças para prestar alguma atenção.Recordava a primeira vez que tinha vindo a Artane.
O castelo era então pouco mais que troncos que marcavam a localização das muralhas externas e ramos esboçando as edificações internas. Parecia-lhe que a construção não tivesse levado muito tempo, talvez porque tinha passado seus dias na feliz companhia da família com a qual tinha ido viver.
Tinha ganho uma irmã de sua idade, e irmãos também, embora no momento não tivesse prestado muita atenção.
O senhor e a senhora da fortaleza, ainda por terminar, tinham-na tratado como a uma de suas próprias filhas, e por isso era muito gradecida a ambos. E então foi quando pela primeira vez se fixou no primogênito do senhor.
Tinha sido difícil de ignorar.
Este tinha anunciado sua presença ao pôr um verme em seu vestido.
Uma particular sacudida devido a um mau passo do cavalo quase fez que cortasse a língua em uma dentada.
Anne apertou os dentes e forçou-se a pôr mais atenção ao cavalo. Talvez suas lembranças lhe fizessem mais dano do que queria admitir, especialmente quando se tratava dessas lembranças, já que realmente não tinha sentido algum pensar no primogênito do senhor.
Levantou o olhar e se deu conta que estava quase no pátio interior.
Dificilmente havia se sentido mais agradecida em ver uma paisagem


Série De Piaget
1 - Amor, Paixão e Promessas
2 - Se Fosses Minha
3 - Entre Dois Mundos
4 - Quando Me Apaixonei
5 - O Presente dos Natais Passados
6 - One Enchanted Evening
7 - Tudo Que Peço
8 - O Cavaleiro dos Meus Sonhos
9 - Para Sempre Jamais
10 - Beijar na Escuridão
11 - Stardust of Yesterday
12 - Till There Was You
13 - One Magic Moment
14 - All for You
15 - Dreams of Lilacs
16 - Stars in Your Eyes

Entre Dois Mundos

Série De Piaget



Inglaterra, 1227

Uma paixão mais forte que as muralhas do castelo...

Jake Kilchurn corre o mundo em busca de pedras preciosas para suas criações exclusivas, e é durante uma viagem ao castelo de Seakirk que ele ouve comentários sobre a beleza eterna de uma jovem que viveu séculos atrás.
Amanda de Piaget está atarefada com o que de melhor sabe fazer - esquivar-se de seus pretendentes - quando sé depara com um homem diferente de todos os outros.
Ele está inconsciente e vestido de um modo bastante incomum.
Ao contrário dos outros cavalheiros que visitam o castelo, Jake não sabe nada sobre ela, e é por Jake que Amanda descobre-ser estranhamente atraída.
A magia do tempo fez com que ambos se encontrassem, e somente a magia do tempo fará com que se vejam livres daqueles que tensionam separá-los...

Capítulo Um

Londres, Inglaterra, Início do verão, 2005
Assaltado em pleno estacionamento subterrâneo de um so¬fisticado edifício comercial em Londres, Jackson Alexander Kilchurn IV mantinha as mãos para o alto enquanto con¬tinuava a repassar mentalmente o que fizera naquela manhã na tentativa de descobrir onde era que tinha errado.
Acordei. Para deparar com a nada agradável figura do pai, já completamente vestido e aos berros, reclamando que iriam chegar tarde se ele não saísse da cama naquele exato minuto.
Sim, na certa teria agido melhor se houvesse simplesmente coberto a cabeça com o edredom após abrir os olhos àquela cena aterrorizante.
Não disse a meu pai que fosse plantar batata.
Essa podia ter sido a segunda bobagem que cometera naquele início de dia. Sim, se tivesse mandado o podre de rico e mesquinho até o último fio de cabelo do seu pai semear algum tipo de leguminosa, teria se poupado não só do aborrecimento de pular da cama antes do sol nascer para levá-lo ao aeroporto, como também da amolação de ficar ouvindo sermões sobre seus defeitos.
Defeitos esses que incluíam, entre outros, o fato de continuar solteiro, de não demonstrar o menor interesse pelo império da família no setor da construção civil e de quase nunca aparecer nos escritórios do pai em Londres.
Quando o velho Kilchurn III começara a compará-lo a um percevejo no iate da prosperidade, Jake tratara de encostar seu Jaguar junto à calçada para ali largar pai e mala do pai e bater em retirada de volta ao carro antes que acabasse dizendo algo de que viesse a se arrepender.
Algo como "Pode deixar, vou levar essa droga de envelope para seja lá qual for o conglomerado frio e impessoal com quem você está negociando, já que isso o fará sumir da minha frente por algum tempinho".
O que o levara à terceira besteira cometida naquela manhã: a sovinice.
Pois se não tivesse sido pão-duro e aceitado a sugestão do pai de contratar um mensageiro para levar o tal envelope por meras cinquenta libras, estaria exatas cinquenta libras mais pobre, porém sem aquela desconfortável sensação de ter uma arma cutucando suas costas.
Aliás, aquilo era mesmo uma arma? Difícil saber ao certo.
Pelo sim, pelo não, Jake pôs-se a examinar rapidamente seu arsenal de técnicas de defesa pessoal, tentando avaliar quais delas poderia usar sem correr o risco de levar um tiro e morrer ali mesmo.
― Mas que inferno, cara. Onde foi que você enfiou as chaves? ― perguntou o ladrão num tom desconcertado, antes de vasculhar os bolsos da jaqueta de couro de sua vítima pela terceira vez.
Jake engoliu uma resposta malcriada. Não bastasse estar sendo assaltado, tinha de ser assaltado por um idiota.
― Peço desculpas pelo transtorno ― ele afirmou, após limpar a garganta.
― Estou começando a perder a paciência... ― Como a reiterar o que tinha dito, o bandido suspirou. ― Por acaso você não tem nada de interessante nessa sua maleta toda bacana aí, tem?
― Isto é uma pasta. E não, não há nada que possa lhe ser útil dentro dela.
― Eu sabia... Ah, parece que encontrei o que realmente me interessa. ― O sujeito retirou a carteira de dinheiro do bolso interno da jaqueta de couro. ― O celular, a carteira... Só falta a chave do carro. Mas onde é que você guarda essa droga de chaveiro, hein?
― No bolso dianteiro da calça.
― As coisas que sou obrigado a fazer!...


Série de Piaget 
1 - Amor Paixão e Promessas
2 - Se Fosses Minha
3 - Entre Dois Mundos
4 - Quando Me Apaixonei
5 - O Presente dos Natais Passados
6 - One Enchanted Evening
7 - Tudo Que Peço
8 - O Cavaleiro dos Meus Sonhos
9 - Para Sempre Jamais
10 - Beijar na Escuridão
11 - Stardust of Yesterday
12 - Till There Was You
13 - One Magic Moment
14 - All for You
15 - Dreams of Lilacs
16 - Stars in Your Eyes

12 de janeiro de 2010

A Promessa em um Beijo

Saga Familia Cynster
19 de dezembro de 1776,
Convento das Jardineiras das Marías, Paris

A meia-noite tinha chegado e tinha passado.
Helena ouviu o sino pequeno do carrilhão da igreja quando se deteve na soleira da enfermaria. As três.
Ariele, sua irmã mais nova, por fim tinha cansado em um sono profundo; remetida pela febre, estaria segura aos cuidados da irmã Artemis.
Tranqüila a respeito, Helena podia voltar para sua cama, no quarto além dos pátios.
Cobriu-se os ombros com um chale de lã e saiu das sombras da enfermaria.
Os tamancos de madeira repicavam brandamente contra os caminhos de pedra enquanto atravessava os jardins do convento.
A noite era gelada e clara. Só ia vestida com a camisola e o roupão; já estava dormindo quando a irmã a tinha chamado para que ajudasse a cuidar de Ariele.
O sentido comum a impulsionava a se apressar.-embora caminhasse devagar, sentindo-se cômoda naqueles jardins encharcados pela lua, naquele lugar onde tinha passado a maior parte dos nove últimos anos.
Logo, apenas Ariele estaria bem para viajar, iria para sempre.
Tinha completado dezesseis anos fazia três meses e o futuro se abria diante dela: a apresentação na sociedade e logo o matrimônio, um enlace de conveniência com algum rico aristocrata.
Era o costume entre os de sua classe.
Como condessa D'Lisle, possuidora de vastas propriedades em La Camargue e, entre outros capitalistas De Mordaunt, sua mão seria uma presa cobiçada.
Os ramos de uma enorme tília arrojavam densas sombras sobre o caminho.
Ao cruzar, de novo sob a luz brilhante, deteve-se; levantou o rosto para o céu infinito.
Embebeu-se de paz.
A proximidade do dia da festa do Senhor tinha esvaziado o convento, pois as filhas dos ricos já estavam em casa para as celebrações desses dias.
Ela e Ariele ainda estavam ali por causa dos problemas respiratórios dela, pois Helena havia se negado a partir enquanto sua irmã não estivesse em condições de viajar com ela. Ariele e a maioria das outras voltariam em fevereiro e recomeçariam seus estudos.
A paz desdobrava em sua melancolia sobre os arbustos de pontas brilhantes sob o intenso clarão da lua que caía do céu espaçoso.
As estrelas titilavam no alto, diamantes esparramados no véu da noite.
Os claustros de pedra se abriam diante dela, uma visão reconfortante e familiar.
Não estava segura do que lhe aguardava além dos muros do convento.
Aspirou profundamente, alheia ao frio, saboreando a doçura dos últimos dias de sua adolescência.
Os últimos dias de liberdade.


Saga Familia Cynster
1 - Diabo
2 - O Juramento de um libertino
3 - Seu Nome é Escândalo
4 - A Proposta de um libertino
5 - Um Amor Secreto
6 - Tudo sobre o amor
7 - Tudo sobre a paixão
7.5 - A Promessa em um Beijo 
8 - Uma Noite Selvagem
9 - Sombras ao Amanhecer
10 - A Amante Perfeita
11 - A Noiva Ideal
12 - A Verdade Sobre o Amor 
13 - Sangue Puro
14- O Sabor da Inocência
15- As Razões do Coração - em revisão
16- O sabor da Tentação - idem

Saga Familia Cynster

1-  DIABO
Para ter ...
Quando o Diabo, o membro mais famoso da família Cynster, é pego em uma posição comprometedora com corajosa governanta Honória Wetherby, ele surpreende a todos, pedindo a sua mão em casamento.
Ninguém sonhava que este libertino escandaloso tomaria jamais uma noiva.
As mamães da sociedade desmaiaram com a perda de solteiro mais cobiçado da Inglaterra, e os primos do infame Diabo Cynster começaram a fazer apostas sobre a data do casamento... E manter
Mas Honoria não estava disposta a se dobrar as demandas da sociedade e se casar com um homem "justo" porque eles tinham sido encontrados juntos.
Não, ela ansiava por aventura, e ao mesmo tempo resolver o assassinato de um jovem primo Cynster, ela decidiu que, uma vez que o crime fosse resolvido ela sairia para ver o mundo.
Mas o calor escaldante do seu desejo insatisfeito por Diabo Cynster logo fez Honoria ter um desejo de um tipo muito diferente de excitação.
Poderia sua paixão por Diabo fazer abraçar o perigo de uma encantadora aventura para toda a vida?

Capítulo Um

Somersham, Cambridgeshire, agosto de 1818.
—A duquesa é tão... tão... boa, na realidade é a mais encantadora, tão...
—Com um sorriso angelical, o senhor Postiethwaite, vigário de Somersham, gesticulou vivamente.
— Do Continente... Já sabe a que me refiro.
Honoria Wetherby gostaria de saber, mas não sabia nada.
Encontrava-se à porta da paróquia.
Depois de ocupar um cargo novo, uma das primeiras coisas que sempre fazia era surrupiar informação ao vigário.
Por desgraça, naquela ocasião em que sua necessidade de informação era mais urgente que nunca, os comentários do senhor Postiethwaite eram vagos e não lhe serviriam de muita ajuda.
Assentiu para animá-lo a falar e se agarrou a única coisa que podia significar algo.
—A duquesa nasceu no estrangeiro? —perguntou.
—A duquesa-mãe — disse o senhor Postiethwaite.
— Agora gosta que a chamem assim, mas estrangeira? —com a cabeça inclinada, considerou a questão —. É possível que alguns a chamem assim porque nasceu e se criou na França, mas está tanto tempo entre nós que já faz parte desta paisagem. Na realidade.
—seus olhos se iluminaram—, é uma espécie de traço peculiar em nosso limitado e monótono horizonte.
Isso Honoria já tinha averiguado e por essa razão queria saber mais.
—A duquesa-mãe se reúne com a congregação? Não vejo armas ducais.
Com o olhar posto na igreja de pedra polida que se elevava atrás da paróquia, recordou as numerosas inscrições comemorativas que honravam aos defuntos de várias casas majestosas, entre elas alguns ramos dos Claypole, a família cuja casa ela tinha chegado no sábado, mas em nenhum lugar viu placas ducais com o nome e os títulos inscritos.
—Às vezes — respondeu o senhor Postiethwaite. — Na Mansão há uma igreja particular, estupendamente dirigida. O capelão é Merryweather. A devoção da duquesa é perfeita.
—sacudiu a cabeça com tristeza — O que não é um traço habitual nessa família.
Honoria conteve o impulso de apertar os dentes.
Que família? Levou três dias atrás dessa informação.



Saga Familia Cynster
1- Diabo
2- O Juramento de um libertino
3- Seu Nome é Escândalo
4- A Proposta de um libertino
5- Um Amor Secreto
6. Tudo sobre o amor
7- Tudo sobre a paixão
7.5 - A Promessa em um Beijo
8- Uma Noite Selvagem
9- Sombras ao Amanhecer
10- A Amante Perfeita
11- A Noiva Ideal
12-  A Verdade Sobre o Amor 
13-  Sangue Puro
14- O Sabor da Inocência
15- As Razões do Coração - em revisão
16- O sabor da Tentação -    idem

Lobo Solitário

Série Perigueux

Desejo proibido!

Nicole de St. Clair se casou unicamente para gerar o filho que lhe possibilitaria receber sua herança.

Por isso ela partiu o próprio coração e o de Alex de Perigueux, o jovem cavaleiro por quem estava apaixonada. 
Agora, dez anos depois, Nicole ainda não engravidou, e o marido está gravemente enfermo.Alex retorna à França como herói, porém sua alma ainda está destroçada. A honra deveria impedi-lo de aceitar a proposta do marido de Nicole para seduzi-la, conceber um filho e depois desaparecer para sempre.
É uma proposta indecente, porém irresistível. No entanto, poderá desencadear uma tempestade de desejo que condenará Alex e Nicole à perdição, ou os arrebatará num amor tão puro e poderoso... que fará estremecer céus e terra...

Capítulo Um

Normandia, 1073, Julho
Palácio de Rouen, de William, o Conquistador, duque da Normandia e rei da Inglaterra
— Quem é aquela mulher, Alex? Não tira os olhos de você.
— Qual delas, Faithe? É bonita? — Alexandre de Périgeaux protegeu os olhos contra os fortes raios do sol da manhã e esquadrinhou a multidão que se aglomerava no pátio da Torre de Rouen. Um pouco de diversão bem que viria a calhar, depois da longa espera sob o sol abrasador, pensou.
Faithe de Hauekleah, cunhada de Alex, acomodou o bebê, a pequena Edlyn, passando-a de um ombro para outro.
— Ora, ora. Pensei que todas as mulheres fossem bonitas para Alexandre. Afinal, é o que vive apregoando.
— Está querendo me provocar, cunhada? Pois o que disse é a mais pura verdade: para mim, todas as mulheres, sem exceção, são belas. — Alex tornou a examinar a multidão.
Lordes e ladies, a fina flor da aristocracia normanda, estavam ali reunidos. Conversavam animadamente, vestidos com elegância e até mesmo com certa ostentação.
As mulheres abanavam-se com luxuosos leques de renda, adornados por pedras preciosas e ouro em pó, enquanto aguardavam o início da cerimônia.
Outras pessoas entretinham-se com a bela canção interpretada por um grupo de menestréis, que falava de valentes cavaleiros que haviam partido em busca do Santo Graal, em tempos remotos.
Aqui e ali, homens do clero conversavam em pequenos grupos, assemelhando-se a bandos de aves de cores variadas, dentre as quais se destacavam o vermelho e o negro.
— A mulher de quem lhe falei está trajando uma belíssima túnica de seda branca — Faithe informou.
— Não vejo mulher alguma vestida de branco, olhando para cá — Alex retrucou, enquanto admitia para si mesmo que um flerte não lhe faria nada mal, talvez até mais que um simples flerte, se a sorte ajudasse.
É disso que andava precisando para estabilizar os humores de seu corpo, alterados pela longa e exaustiva travessia do Canal Inglês. Era bom estar de volta à França, terra onde havia nascido e crescido, depois de tantos anos de ausência.
A família de seu irmão e melhor amigo, Luke, também viera da Inglaterra, a fim de participar daquela ocasião festiva.
Mas Alex não podia negar a saudade que sentia da Bretanha, desde o momento em que o navio se afastara da costa daquele país.
Quem sabe não teria sido melhor ter permanecido por lá?
Pouco afeito à vida da corte e menos ainda a multidões e longas esperas, ele se perguntava onde encontraria forças para enfrentar a semana inteira de celebrações reais que tinha pela frente.
— A tal mulher deve ter dado meia-volta — comentou Faithe, enquanto estudava a multidão com olhos curiosos. — O traje agora é azul!
— Isso não ajuda muito. — Alex riu. — A multidão mais parece um mar de vestes azuis.
— Estou lhe dizendo, ela olhava para você como se o conhecesse.
— Ah, aí está você, irmãozinho — Luke saudou Alex com um tapa nas costas. — Nunca se cansa de flertar com minha mulher, não é?
— Jamais. Se fosse você, não ficaria tanto tempo longe dela.
Vou acabar roubando-a de você. Faithe revirou os olhos, fingindo-se envaidecida diante da pretensa disputa entre os dois irmãos, fazendo o marido dar boas risadas.


Série Perigueux
1 - Dragão Negro
2 - Lobo Solitário
Série Concluída

Série Família Fairfax

1 - O AMOR TEM SEU PREÇO


Inglaterra, 1159

Enfeitiçados pela paixão!


Bela e impulsiva, Martine jura nunca se apaixonar depois que sua mãe morreu com o coração partido.
Apesar disso, ela cede aos apelos do irmão e concorda em deixar Paris para ir ao encontro de um homem desconhecido... um possível pretendente... na enevoada costa da Inglaterra.
Forte e bonito, Thorne Falconer também jurou nunca se apaixonar.
Nascido na pobreza, a única coisa que lhe interessa é o que separa os ricos dos pobres: terras. Ao arranjar a união de Martine com um nobre inglês, ele receberá uma propriedade como recompensa.
Ele, porém, não contava com a irresistível atração que sentiria por Martine e com a fascinação dela por ele.
E enquanto ambos lutam para negar o desejo mútuo, acabam sendo arrebatados por uma paixão tão avassaladora que passa por cima de tudo, menos do imenso amor que os consome.

Capítulo Um

Agosto de 1159, Costa da Normandia
Martine de Rouen observava uma gaivota sobrevoar o alvorecer através do canal.
A ave passou por sobre diversos navios no porto de Fécamp como se tentasse escolher o melhor local para pousar.
Por fim, escolha feita, desceu num gracioso espiral e pousou no gradil do Lady's Slipper bem ao seu lado enquanto trinta remadores moviam lentamente a embarcação mercante para longe da doca.
— É um bom presságio, milady — o capitão do barco disse e sorriu. — Uma bênção para seu casamento com o filho do barão Godfrey. — O inglês imenso, praticamente desdentado, tinha o rosto coberto de furúnculos, e se comunicava em francês, num sotaque gutural desagradável.
Martine deixara de acreditar em augúrios aos dez anos, especialmente os bons.
Por que tentar se enganar esperando pelo melhor quando a lógica predizia o pior? Estava indo à Inglaterra, para se casar com Edmond de Harford, um homem que nunca tinha visto.
O fato a enchia com tamanho terror que nenhum presságio seria capaz de atenuar.
Sentindo a presença reconfortante do irmão às costas, virou-se e o encarou.
Rainulf a fitou e em seguida voltou-se para o inglês, retribuindo o sorriso.
— Um bom presságio? Por que diz isso?
O homem apontou para a pequena visitante na grade ao lado de Martine.
— Essa é uma ave inglesa, padre... milorde. — Ele franziu o cenho, desconcertado.
Martine sabia que o homem devia estar pesando a situação e tentando decidir qual a melhor forma de se dirigir a um padre que era filho de um barão normando, e parente da própria rainha Eleanor.
— Pode me chamar de padre — Rainulf prontificou. — Minha devoção a Deus suplanta até mesmo a que tenho por minha prima. — Fez um gesto para a ave. — Então acredita que nossa amiguinha aqui, tenha voado desde a Inglaterra só por nossa causa?
— Sim, senhor... padre. É um bom sinal. — Ele sorriu para Martine.— A pobrezinha voou desde a Inglaterra para encontrá-la, milady, a fim de acompanhá-la até sir Edmond. Se a senhora oferecer migalhas de pão, é possível que ela fique conosco até chegarmos ao porto amanhã. Isso fará com que seu casamento seja uma união de amor e garantirá muitos herdeiros.
União de amor? Martine estremeceu ante tal conceito.
Quando criança testemunhara uma união de amor reivindicar a vontade, a razão e, por fim, a vida da mãe.
Tendo de escolher entre o convento e o casamento, optara pelo último, mas não consentiria o amor. Jamais cederia, não importando quantos presságios houvessem.
O capitão a observava à espera de uma reação.
Todos os ingleses partilham de suas idéias primitivas. Se sir Edmond for assim, não vejo necessidade de uma gaivota me dizer que esse casamento está fadado ao fracasso.



2 - AMOR PAGÃO





Inglaterra, 1160

O invencível poder do amor...
A jovem Constance era praticamente uma escrava, à espera de ser possuída pelo implacável sir Roger Foliot, lorde de um vilarejo inglês.

Ele, porém, não contava com a capacidade de Constance de escapar ao seu jugo, sob a proteção de Rainulf Fairfax, padre e catedrático de Oxford.
Apesar de levar a sério seu voto de celibato e castidade, Rainulf não ficou indiferente à beleza e à inteligência de Constance, desde o primeiro instante em que a viu.
Antigo soldado das Cruzadas, ele tinha experiência com lutas e batalhas, mas não estava preparado para o intenso conflito de paixão prestes a eclodir entre ambos.
Arrebatada por um amor proibido, Constance desejava o honrado e íntegro Rainulf bem mais do que apenas como seu professor.
E então, os dois se depararam com uma nova lição sobre o sentimento do amor: sua força... suas consequências... e o indescritível e precioso êxtase de compartilhar um futuro... juntos!

Capítulo Um

Oxford, março de 1161.
— Como tem passado, padre? Rainulf de Rouen, também conhecido como Rainulf Fairfax, doutor em Lógica e Teologia, mestre emérito na Universidade de Oxford e ordenado padre, levantou a cabeça e desviou-se de uma caneca de cer¬veja arremessada em sua direção.
— Mas... o que se passa?
— É Victor, padre — disse Thomas.
O estudante de cabelos claros apontou o fundo da taverna, onde Victor de Aeskirche subia ao tampo de uma mesa, incentivado por amigos desordeiros.
— Ele não pretendia atingi-lo. Está discutindo com Burnell, o proprietário.
Rainulf voltou-se para o dono do bar, um brutamontes que no balcão, trajando um avental engordurado, servia bebidas e bolinhos de carne, e agora erguia na mão um grande porrete de madeira.
Ele não se envolveria numa altercação, ainda mais quando Burnell tinha a fama de ser uma pessoa cruel.
Havia batido selvagemente em diversos estudantes, desde que se instalara em Oxford, alguns anos antes. Corriam rumores de que era ele o responsável pela morte de um aluno, encontrado agonizante numa viela.
Apesar de seus defeitos, Victor não merecia igual destino.
— Abaixe isso, Burnell — pediu Rainulf amável -mente.
— Não é de sua conta, padre — o taverneiro grunhiu. — Já disse àquele rapaz para não vir mais aqui, mas ele me desafiou, junto com seus amigos beberrões. — Agora o homem segurava o bastão com ambas as mãos. — E só assim que vão me obedecer.
— Ele tem medo de nós — declarou Victor aos de¬mais ocupantes da mesa. — E sabem por quê?
Rainulf cocou a cabeça, admitindo que Victor, com seu temperamento explosivo, exercia enorme influência sobre os outros jovens. Melhor seria usá-la para aplainar a discórdia entre os estudantes de Oxford e o dono do bar, mas optara por enfrentar o homem.


Série Família Fairfax
1 - O Amor tem seu Preço
2 - Amor Pagão
Série Concluída

Elizabeth

















Capítulo Um

Inglaterra, 1193

- Milady, um cavaleiro se aproxima.
Elizabeth olhou para Isaac, cuja cota de malha estava respingada de lama e salpicada de ferrugem.
- Será amigo ou inimigo? Ela se sentou na estreita cama, na tenda que a protegia do rigor dos ventos de abril. Devo dar ordens para que os homens fiquem prontos para a refrega?
Elizabeth já enfrentara cinco batalhas contra os escoceses e conseguira guiar seus soldados a contento todas as vezes.
Seu pai teria se orgulhado dela.Seus olhos se encheram de lágrimas, mas conseguiu disfarçar. Não iria se permitir ter medo, nem se emocionar.
Não podia deixar o capitão da guarda testemunhar sua fraqueza ou perderia o res¬peito que demorara quase um ano para cultivar.
Isaac pigarreou, como se sentisse a batalha que se travava dentro de sua senhora.
- Ele se veste de maneira estranha, milady.
O elmo lhe cobre a cabeça toda, e usa uma vestimenta sobre a armadura.
Não há dúvida de que se trata de um cavaleiro e, se eu tivesse de adivinhar, diria que passou algum tempo na Terra Santa.
Elizabeth gelou.
- Será Thomas?
- Eu reconheceria seu irmão a meia légua de distância. Não é ele, mas pode ser um mensageiro.
Elizabeth suspirou, aliviada. Não havia amor entre ela e o irmão, nenhuma afeição que despertasse alegria em seu coração.
- Então terei de conversar com o forasteiro. Diga aos homens que fiquem atentos a qualquer sinal meu. Neste lugar, todo o cuidado é pouco.
- Já tomei as precauções, milady. Esperamos suas ordens.
Elizabeth saiu da tenda e olhou para a clareira. O cavaleiro se aproximava em um grande cavalo de guerra, e seu elmo brilhava sob o sol da manhã.
A descrição de Isaac fora acurada: o elmo lhe cobria todo o rosto, tornando impossível discernir se era amigo ou inimigo.
Usava uma roupa branca sobre a armadura com urna gran¬de cruz vermelha bordada na frente. Seu escudo tinha a mesma cruz vermelha, e ele o segurava sobre a sela do cavalo.
- Concordo que ele é estranho, Isaac, mas será perigoso?
O estranho era dono de um porte poderoso, mesmo sob a armadura e a distância.
- Tenho patrulhado por toda a região há dias, milady. Asseguro-lhe que ele está sozinho.
O desconhecido puxou a rédea e ergueu a mão em saudação. Sua voz ecoou de dentro do elmo. Era suave, com um toque familiar:
- Sargento, quem lidera seus soldados?
Elizabeth empinou o queixo, acostumada a lidar com homens que a olhavam com menosprezo.
- Eu os lidero, senhor, sob a bandeira de meu pai.
O cavaleiro tirou as luvas e as prendeu no cinto.
- Pelo que entendi, milady, seu pai possui todas essas terras há algum tempo.
Elizabeth empalideceu.
Tentara manter o fato em segredo, para evitar que alguém cobiçasse suas propriedades. Até aquele momento conseguira, mas sua sorte poderia mudar drasticamente se dissesse alguma coisa errada.
- E quem é o senhor, que sabe tanto sobre meu pai e nossas posses?
O homem tirou o elmo, revelando cabelos negros e olhos castanho-escuros.
Isaac foi o primeiro a reagir:
- Céus, é Alex! É Alex que está de volta, milady! Elizabeth sentiu os joelhos fraquejarem.
Alex desmontou e aceitou os abraços dos amigos e companheiros. Ela também queria tocá-lo, mas sentiu-se deslocada, sem jeito.
Enfim, Alex se aproximou dela e ergueu-lhe o queixo com o dedo.
- Você nem me cumprimenta, Elizabeth?
Seu rosto bonito quase a deixava sem fôlego, mas conseguiu esboçar um sorriso.
- Seja bem-vindo, Alex. E deu-lhe um rápido abraço.
Lamento por ter apenas esta tenda para recebê-lo, mas venho tentando espantar esse bando de escoceses há semanas.

Dragão Negro

Série Perigueux

Inglaterra, 1776

A Bela...
Assim como seus ancestrais saxões, Faithe de Hauekleah faria qualquer coisa para preservar seu lar e seu modo de vida, até mesmo aceitar casar-se com um guerreiro de reputação feroz, embora jurasse para si mesma que jamais entregaria o coração! 

Contudo, ela não imaginava o que viria a sentir nos braços de Luke.
Nunca pensou que um homem pudesse ser tão forte a ao mesmo tempo tão gentil, tampouco que pudesse guardar um segredo capaz de separá-los...
A Fera...
Conhecido como o Dragão Negro, tanto pelos amigos quanto pelos inimigos, o notório Luke de Périgeaux encontra a redenção nos braços de Faithe, porém guarda um segredo monstruoso, que jamais poderá revelar a ela...

Capítulo Um


Março de 1067, aldeia de Cottwyk, em Cambridgeshire, Inglaterra
— Não parece um prostíbulo. — Luke de Périgueux puxou as rédeas, fazendo o cavalo parar ao lado do que seu irmão montava, na clareira.
Mal conseguia ver o chalé dentro da mata, logo adiante. As florestas inglesas eram negras como breu à noite.
— Pelo menos, é um abrigo — Alexandre comentou, bocejando. — Vai chover logo e prefiro estar lá dentro quando começar.
Um arrepio percorreu o corpo de Luke. Esfregou os braços, por baixo do manto. Alex viu e socou-o de leve no ombro.
— Ah, então meu irmão sente frio como o restante dos mortais...
Luke assentiu, embora não fosse o ar úmido da noite que o fizesse arrepiar-se, mas uma amaldiçoada fraqueza de corpo e alma, vergonhosa demais para ser revelada. Cerrou os punhos e contraiu os dentes.
Tentava controlar-se, para que a sensação passasse. Deitar-se com uma vagabunda ajudaria; sempre ajudava. Incitou o cavalo, e aproximou-se do chalé.
Alex seguiu-o, desconfiado da aparência do lugar. Podia ver luz por trás das janelas cobertas com tecidos grosseiros, e sentir o cheiro de madeira queimada, embora não ouvisse som algum.
— Talvez este não seja o lugar certo — observou.
— É claro que é.
Um dos arqueiros indicara o local. Em suas palavras rudes, havia apenas uma vadia ali, que abriria as pernas a qualquer um com duas moedas e uma boa arma no meio das pernas, mesmo que fosse normando. Afinal, a maioria das mulheres saxãs, vadias todas elas, fugia quando via um normando...
Todos os habitantes daquela ilha miserável e encharcada de chuva temiam e desprezavam os conquistadores normandos. E por que não o fariam?
Cinco meses tinham se passado desde que Luke e Alex cruzaram o Canal para auxiliar Guilherme, duque da Normandia, e agora rei da Inglaterra, a reclamar aquele país esquecido por Deus numa única e devastadora batalha.
Hastings deveria ser o fim de tudo, e teria sido, se aqueles ingleses bárbaros parassem com suas incursões inúteis e aceitassem o governo normando.
Durante todo o inverno, o exército de Guilherme, incluindo muitos cavaleiros sem terras, como Luke e Alex, sedentos de pertences ingleses, tinham confiscado propriedades e subjugado os habitantes locais sem compaixão,a intenção de acabar com qualquer tendência de rebelião.
Ainda assim, o povo parecia desafiá-los, agarrando-se com patética tenacidade a terras que estavam para sempre perdidas, desde a terrível data de quatorze de outubro de 1066.


Série Perigueux
1 - Dragão Negro
2 - Lobo Solitário
Série Concluída

Série Wexford

1- Entre a Paixão e o Perigo



Inglaterra, 1172
Uma parceria perfeita
Hugh de Wexford gosta de vinho, de mulheres e, acima de tudo, de sua liberdade. 


Traumatizado por uma criação desumana, ele jurou conquistar sua independência no mundo, livre de vínculos de qualquer tipo, especialmente os românticos...Phillipa de Paris é culta, instruída e completamente desprovida de malícia, o que fica claro quando Hugh a envolve numa intriga chocante ao recrutá-la para uma perigosa missão de espionagem...
Para desmascarar o corrupto clérigo Aldous Ewing e salvar a Inglaterra de mais uma guerra civil, o corajoso guerreiro e a inocente intelectual embarcam numa perigosa empreitada como marido e mulher, tentando encontrar provas de que Ewing está envolvido numa trama de traição.
Conseguirá Phillipa, com seu poder de sedução, convencer o traidor a fazer-lhe confidências?
Ou as mentiras de Hugh e Phillipa serão descobertas? Será que a irresistível paixão que existe entre eles irá pôr a vida de ambos em perigo?

Capítulo Um

Junho de 1172, Oxford, Inglaterra

A igreja, iluminada com velas, estava lotada naquela noite.
Estudantes, mestres e clérigos ouviam, atentos, o jovem orador que discorria sobre a correlação entre a razão e a fé.
— A mulher que você procura é aquela — sussurrou um rapaz, apontando para um dos bancos da última fileira.
— Qual delas? — perguntou Hugh de Wexford, oculto pelas sombras da nave, olhando na direção das moças.
Eram as únicas em meio ao mar de homens trajados com vestes pretas e idênticas, em sua maioria com tonsura, alguns com solidéu clerical.
— A mais bonita, sem véu — informou o estudante, muito pobre a julgar pela capa preta e surrada e pela ansiedade com que esperava os dois pence prometidos por Hugh.
Sete mulheres ocupavam o banco em questão.
Quatro usavam hábito negro e toucado, indicando que eram freiras. Duas vestiam trajes escuros e véu preto.
Eram, provavelmente, senhoras, que tiveram dos respectivos maridos permissão para assistir à palestra promovida pela Oxford Studium Generale, uma associação independente de alunos e mestres.
A organização ainda era nova, contudo, já famosa em toda a Europa por seus membros esclarecidos: humanistas, estudiosos e sábios.Restava a mulher sem véu.
— Aquela é Phillipa de Paris? — Hugh franziu a testa ao observar a moça.
Segundo lhe haviam informado, Phillipa tinha vinte e cinco anos; porém a moça delicada, de grandes olhos escuros, parecia muito mais jovem.
Na túnica azul simples mas elegante, e tendo os longos cabelos negros penteados em duas trancas caídas sobre o peito, parecia mais uma devota do que uma intelectual. Decididamente, Phillipa não correspondia à imagem que ele fazia de uma pensadora, ainda que aquele fosse seu primeiro encontro com esse tipo de pessoa.
Apenas a pasta para documentos de couro trabalhado, presa ao cinto de Phillipa, era uma indicação de que ela se interessava por assuntos acadêmicos.
— Sim, é ela mesma — confirmou o estudante. — Ela assiste a quase todas as palestras sobre aritmética, geometria, e a todos os debates sobre lógica. Às vezes levanta-se do banco e faz seus apartes. Eu mesmo a vi apresentando seus pontos de vista e discutindo com outros participantes.
— É mesmo? — Hugh esfregou o queixo áspero, coberto pela barba de quase uma semana, intrigado.
Esperava não apenas encontrar uma mulher mais velha, mas também uma sem graça. Talvez até masculinizada, dada sua imersão naquele universo acadêmico, domínio de homens.Além disso, Phillipa desafiava as convenções, optando por levar uma vida independente.
Mesmo em comunidades de mente aberta como Oxford, era incomum encontrar-se uma mulher, filha de um nobre, vivendo só, sem a orientação e a proteção do pai ou do marido.Hugh suspirou, discreto.
Aquela moça, tão pequenina e delicada, conseguira um feito extraordinário.




2- Tramas do Destino


Londres, 1165
Soldado da fortuna

Graeham Fox tem uma missão secreta: resgatar a filha ilegítima de seu lorde, libertando-a do domínio de um marido abusivo.

Como pagamento por seu serviço, ele receberá a mão da irmã gêmea dela em casamento, e uma vasta propriedade, muito mais do que um simples soldado poderia almejar...
Atacado em Londres, Graeham escapa por pouco de ser morto, e tem a oportunidade de se recuperar na humilde moradia de Joanna Chapman, a encantadora viúva de um mercador de sedas.
As experiências do passado ensinaram Joanna a não confiar nos homens, muito menos em um atraente e misterioso como Graeham.
Mas o forte magnetismo dele e seu toque sedutor desencadeiam em Joanna uma paixão avassaladora. Dividido entre a ambição e o desejo, Graeham vê seu futuro por um fio, e somente o amor de Joanna poderá salvá-lo...

Capitulo um

Maio de 1165,
Distrito West Cheap, Londres
Como se diz a um homem que você está ali para levar a mulher dele embora?, Graeham se perguntou ao bater à porta pintada de vermelho da residência de Rolf Le Fever na rua Milk.
Tinha pensado naquilo durante todo o trajeto tempestuoso da travessia do canal da Mancha e nos dois dias de viagem de Dover a Londres.
Ainda assim, não encontrara uma resposta. A tarefa de levar uma mulher para longe do marido era uma questão delicada, uma que demandaria diplomacia... ou força bruta.
Automaticamente levou a mão à adaga presa ao cinto, esperando não ter de colocá-la em uso.Graeham ergueu a mão para segurar a argola de ferro presa à porta e voltar a bater quando ouviu passos se aproximando, acompanhados da voz de um homem.
— Onde diabos você se meteu, sua inútil? Não ouviu baterem?
A porta se abriu com um rangido de dobradiças enferrujadas.
O loiro que a abriu parecia ter sua idade, embora Graeham soubesse que o outro estava perto dos trinta e cinco, dez anos a mais do que ele. Era mais alto que a média, mas não o alcançava.
Pálido, de olhos azuis e estrutura delicada, vestido com uma túnica de seda verde amarrada por um cinto ornado de jóias, Rolf Le Fever estava mais para o retrato de um cortesão, ou o que ele imaginava que um cortesão deveria se parecer, do que de um mercador, por mais próspero que fosse.
Le Fever olhou Graeham de alto a baixo, com a expressão de um homem que contempla um inseto. Era de se esperar; sujo e barbado, com a túnica e as perneiras de couro imundas da viagem e o cabelo solto, Graeham parecia mais um criado que estava ali para limpar o urinol.
— Rolf Le Fever? — Graeham perguntou, embora não houvesse motivos para duvidar quem estava diante dele.
— Comerciantes devem se dirigir para a porta dos fundos. — Le Fever retrocedeu e estava para fechar a porta quando foi impedido pela mão de Graeham.
— Fui enviado por Gui de Beauvais.
A menção do nome do sogro, Le Fever voltou a abrir a porta lentamente.
— Lorde Gui enviou você?

11 de janeiro de 2010

Desejo E Engano








Ela não pode escapar dele...

Lauren DeVries olhou consternada ao capitão Jason Stuart.
De todos os homens que há em Londres teve que esbarrar precisamente com aquele com o que seu tutor quer casá-la!
E o sedutor exigiu passar uma noite em seus braços como pagamento em troca de sua passagem a América!
Mas inventou rapidamente um plano desesperado... dará a esse descarado o que deseja, depois tomará seu ouro e fugirá como o diabo foge da cruz. 

O que não se imagina é que escapar será a última coisa que lembrará no momento em que ele a iniciar ao êxtase do amor.
Ele não pode resistir a ela...
Embora Jason Stuart nunca tenha conhecido a sua prometida, reconheceu o brasão da família em seu anel quase tão rapidamente como sucumbiu à sua beleza triste. 
Certamente não tem nenhum interesse em contrair um matrimônio apoiado em pouco mais que um trato comercial. Mas agora que viu a sua futura esposa, não tem a menor intenção de deixá-la partir. E, uma vez que a tenha, será sua para sempre.
Marcará sua sedosa pele com o fogo de sua paixão, domará seu espírito rebelde com o feitiço do êxtase e a vinculará a ele para sempre com os inquebráveis laços do desejo e o engano.

Capítulo Um

Londres, 1812
Vozes furtivas, rumor de passos, uma ordem cortante.
Ao olhar para trás cheia de receio, Lauren DeVries divisou ao longe a silhueta de três homens, e aquela visão a fez estremecer; inclusive em meio da escuridão, reconhecia as figuras corpulentas que avançavam lentamente pela rua maior do Wapping detendo-se na soleira de cada porta e registrando todos os becos à medida que se aproximavam dos moles, como aves de rapina em busca de sua presa.
Os homens de seu guardião.
E era a ela a quem queriam dar caça.
Tratando desesperadamente de evitar que a descobrissem, Lauren deslizou entre as sombras de uma ruela estreita; tinha a respiração entrecortada de correr e seu corpo estava exausto depois de tantos dias escondendo-se.
Cobriu o rosto com o capuz da capa e se colou à imunda parede de tijolo, rezando para que passassem reto sem vê-la.
O som das botas sobre o calçamento de pedras foi aumentando à medida que se aproximavam e Lauren esteve a ponto de dar um salto quando ouviu a voz justo à volta da esquina:
— A moça tem que estar perto, esse marinheiro velho há dito que estão perguntando pelo preço d'uma passagem…
— Pois de momento nos enganou. Vamos procurar rio acima, se por acaso há chegou até a Torre.
Lauren conteve a respiração: o fedor que vinha do rio Tâmisa lhe revolvia o estômago.
Sabia que os homens de Burroughs tinham sido capazes de dar com ela porque, em que pese que tivesse tido a precaução de ocultar sua brilhante cabeleira loira com o capuz, não podia dissimular sua excepcional altura, como tampouco podia trocar o tom aveludado de sua voz.
Certamente foi assim como tinham conseguido lhe seguir a pista desde Cornuália até Reading, onde a tinham descoberto pela primeira vez e Matthew…
- Que Deus tivesse piedade dele!

7 de janeiro de 2010

Paixão Perigosa








Quando a casa de seus ancestrais é atacada por um perigoso bando de saqueadores, lady Ebony Moffat teme pela segurança do seu filho pequeno.

Num momento de frenesi, a viúva faz um acordo com o líder dos homens: ela oferece seu corpo pela vida do menino.
Sem que ela saiba, sir Alex Somers invadiu o Castelo Kells em busca de traidores, por ordem do Rei da Escócia.
E embora jamais fosse fazer mal ao menino, não resiste à oferta tentadora daquela beldade. Mas sabe, instintivamente, que fazer amor com Ebony jamais bastará - a não ser que ela, além do corpo, lhe entregue também a própria alma!


Capítulo Um

Galloway, Escócia. 1319
O solo seco da floresta abafava qualquer ruído feito pelos pés que, durante a última hora, haviam descansado nos estribos para chegar ao Castelo Kells ao amanhecer.
Na noite anterior, sir Alex Somers e seus homens avistaram o castelo imponente, na margem oposta do lago, reluzindo cor-de-rosa e laranja, e contemplaram pelo íngreme penhasco a superfície espelhada do lago.
Era seguramente isolado em dois lados, enquanto, nos fundos, montanhas e florestas protegiam-no como um manto dos ventos do norte.
Mais além do vale, a terra declinava para verdes pastos onde perambulavam pôneis escuros, e uma fumaça azul subia reto de uma aglomeração de pequenas cabanas cobertas de colmo.
Agora o viam a uma distância considerável, ruas bem escondidas, com um riacho ao lado que caía em cascata entre os pedregulhos num profundo lago uns seis metros abaixo, rugindo baixinho em sintonia com os pinheiros.
— Podemos esperar aqui o momento adequado — disse sir Alex ao companheiro — se ficarmos bem atrás nas árvores. Não acredito que ele vá demorar muito a retornar.
Seu leve sotaque das planícies da Baixa Escócia fazia as palavras soarem mais como observação que ameaça.
O companheiro, Hugh de Leyland, nem tão alto, nem tão largo ou musculoso, mas ágil como uma doninha, retirou uma migalha do colete marrom desbotado e desprendeu uma botija de couro do cinturão.
Aceitou a estratégia sem questionar, mas alguns detalhes práticos precisavam ser esclarecidos antes que começasse a ação.
Ele tomou um gole de água e enxugou a boca com as costas da mão.
— Você disse que ele tem um filho?
— Tinha — respondeu Alex, enigmático — morto num ataque repentino alguns anos atrás. Mas tem um neto pequenino.
— Morando aqui, com sir Joseph?
— Creio que sim.
Enquanto ele falava os ávidos olhos azuis buscavam por qualquer sinal de movimento perto da casa fortificada acima do portal do castelo, ou pelo caminho que levava à distante mata.
A dupla formava uma visão impressionante, como um par de leões fulvos que conheciam o jeito um do outro, que não eram avessos a uma rixa amigável numa descarga de excesso de energia, mas que defenderiam um ao outro até a morte, como fariam os homens que esperavam silenciosamente atrás dos dois.
No auge de seu vigor, aos 31 anos, sir Alex Somers era robusto, de ombros largos, tórax profundo, além de ter um rosto que invadia os sonhos das mulheres em situações em que nenhum dos dois tinha quaisquer motivos para estar.
Cor de avelã-escuro, os cabelos volumosos saltavam em incontroláveis pontas que lhe tocavam a testa e enrolavam-se para cima em volta do pescoço musculoso.
Mas eram os olhos que enfraqueciam os joelhos femininos, pois tinham o mesmo e intenso azul de um céu límpido, porém menos inocentes.
— Isso talvez nos seja útil — disse Hugh de Leyland, seu segundo em comando.
— Pegamos o meninote e o usamos como isca, refém, ou qualquer coisa do gênero.
Um fedelho esganiçado vai sempre conseguir torcer a calça do avô. Ele tem mãe?
— Em geral, todos têm, Hugh.
— Eu vou descobrir. Deixe isso comigo.
Sir Alex não achava nada divertido a previsível eficiência de Hugh em encontrar uma mulher. Os dois eram habeis nisso. Mas alguns, como sir Joseph Moffat do Castelo Kells em Galloway, por exemplo, não dariam a menor importância em sacrificar os de sua própria família, se necessário.
Ouviram bastante sobre o sujeito para fazê-los pensar assim, juiz de paz local, proprietário de terras, criador de cavalos, líder de ataques surpresas, libertino e ladrão, e estes eram os aspectos mais honráveis de sua personalidade.
Sir Joseph não ficava acordado à noite por problema de consciência.
— Mas é melhor não contar com isso — ele avisou. — Será necessário muito para assustar um homem como Moffat. Ele já teve mais anos de prática do que a maioria nessas partes.
Hugh encostou-se numa árvore e observou o amigo avançando furtivamente como um grande felino, tão à vontade ao ar livre quanto nos mais elegantes salões da Europa. Acompanhava-o há nove anos, assim como qualquer outro homem do contingente de cem. Era dois anos mais moço, de cabelos encaracolados castanhos mais claros, o corpo de um atleta magro e rijo, olhos alegres e despudoradamente grato pelas mulheres que se lançavam aos seus pés com tanta boa vontade quando aos pés de Alex.
Sir Alex acocorou-se nas coxas e examinou do alto o íngreme precipício defronte, chamando Hugh com um aceno de mão para que viesse, se agachasse e fizesse silêncio.
Hugh avançou rastejando, intrigado.
— Que é? — sussurrou.
O riacho precipitava-se e esparrinhava-se nos pedregulhos musgosos e saltava sobre um filão marrom brilhante para um lago isolado, espumando dentro de um círculo escuro. Uma pilha de roupas bem-arrumada estendia-se nas pedras secas, e uma risada estridente elevou-se acima do barulho da água, arrancando sorrisos radiantes dos dois homens.
— Uma mocinha. Escute... veja! Estamos com sorte.
Enquanto ele falava, dois pares de braços róseos brilhantes surgiram no campo visual numa das pedras planas, e depois às duas cabeças com capacetes de negros cabelos molhados seguiram-se reluzentes ombros, costas e coxas.
Impulsionando-se para cima da pedra, elas derramavam água como lontras, contorcendo-se para se sentar na pedra e chutar as leves ondulações que rodopiavam em volta dos tornozelos. Torciam com as mãos as cordas de cabelos pingando para escorrer a água, lançando punhados sobre os ombros, que revelavam cada curva de seus torsos agora realçados pelo novo sol.
Douradas, róseas, macias e lustrosas, enfeitavam-se como sereias em suas grutas.
— Olhe só isso — exclamou Alex —, valeu a pena cavalgar toda essa estirada. Acha que são moças do castelo?
— Claro que devem ser — disse Hugh. — Droga, Alex. Temos tempo para isso?
— Pobre idiota. Você sabe que não temos. E precisamos ficar escondidos. Vai dar uma olhada naquela de cabelos pretos, mesmo assim? Ela é estonteante, Hugh. Fiuuu-iuuu!
— soprou entre os dentes, baixinho. — Que corpo. E um rosto também para acompanhar.
— Prefiro a mais baixa, parece uma ameixinha madura. São boas demais para serem mocinhas de aldeia e felizes demais para serem lavadeiras. Devem ser costureiras, é isso.
Caíram num silêncio aturdido, observando da conveniente cobertura de um frondoso escolopêndrio, cada perfeito detalhe daquela cena gloriosa.
E quando sentiram um movimento atrás, descobriram que um pequeno grupo de seguidores também avançara de rastos, contemplando com os olhos atentos a visão.
As mulheres levantaram-se para juntar as roupas, deslocando-se para uma posição de onde, com uma olhada acima da superfície da rocha, a platéia silenciosa seria revelada. Com grande rapidez, Alex, Hugh e cada homem retiraram-se como uma sombra coletiva, retornando aos cavalos, quase sucumbidos demais para falar.
— Bem — acabou dizendo Alex, afinal —, foi um início interessante para o dia. Suponho que terão condições de manter a mente no trabalho, não?
Hugh deu um largo sorriso.
— Talvez tenhamos condições de arrancá-las de lá quando entrarmos no castelo.
— Não haverá tempo para isso, rapaz. Os homens provavelmente isolarão as mulheres. Mesmo assim, eu gostaria de dar mais uma olhadinha naquela de cabelos escuros, vestida ou despida. Veremos.
— Ele percebeu as faixas de luz que haviam começado a filtrar-se pelas árvores onde se escondiam. — Desloque os homens de volta para as sombras agora. E mantenha um deles postado ali para vigiar a trilha e a casa do portal. É melhor que o resto de nós monte. Sabemos o que fazer, não?
— Oh, sim — disse Hugh, pondo um dos pés no estribo. — Mas que linda manhã para se atacar um castelo.