14 de agosto de 2010

A Maldição de Conall

Trilogia Medieval Guerreiros

Escócia, 1076

Sedução sem fronteiras...
Eve Godewin parte da Inglaterra sonhando em recomeçar a vida.

O destino, porém, tem outros planos. De repente, ela se vê sozinha e perdida numa floresta, ameaçada por lobos e pela chegada do inverno.
Determinada a sobreviver da melhor maneira possível, Eve se abriga numa cabana abandonada, no coração da floresta.
Quando Conall chega à cabana e a acusa de invasão, Eve inventa uma mentira da qual ela sabe que se arrependerá um dia.
E então, para sua grande surpresa, ela se vê apaixonada por aquele homem... Conall MacKerrick acredita que seu clã seja amaldiçoado, e quando conhece Eve, ele acha que ela sabe como anular a maldição.
Precisa casar-se com ela, ou, pelo menos, engravidá-la. Seduzir a encantadora inglesinha é a única maneira de salvar seu povo e seu orgulho.
E quando Conall começa a suspeitar de que Eve representa a cura não só para o seu clã, mas também para o seu coração, ele descobre o segredo que poderá destruir aquele recém-descoberto amor...

Capítulo Um

Dezembro de 1077
Conall MacKerrick caminhava com esforço pela floresta, através da neve, à altura das canelas, os olhos analisando a paisagem branca, em busca de rastros de animais, o coração pesado e exausto dentro do peito.
Olhou atentamente para as marcas de um pequeno veado deixadas na trilha.
As marcas dos cascos eram leves nas bordas e cheias de neve até a metade.
Aquele animal havia passado por ali horas atrás.
Persegui-lo seria inútil.
Um vento uivante soprava em volta das árvores e queimava-lhe a pele através da fina lã, levando-o a encolher-se e a puxar seu xale mais firme sobre o peito, enfiando-o um pouco mais por baixo do cinto e das tiras de sua pequena bolsa, presa à cintura. Apertou o nó e deu um puxão na corda que trazia o pequeno cordeiro atrás de si.
O animal baliu e debateu-se, tentando recuperar o controle.
Conall sentia-se entorpecido não apenas pela amarga cobertura gelada de suas terras montanhosas.
Ali estava ele, um MacKerrick, chefe de seu clã, abandonando sua cidade e sua gente, cuja proteção era encarregado.
Aquilo era para o bem deles mesmos.
Estava satisfeito por seu pai não mais estar vivo, para que pudesse testemunhar o fracasso do filho.
Sua esposa e filha estavam mortas. Havia a lua mudado de fase apenas uma vez desde que elas haviam partido? Mãe e filha, ambas pequenas e fracas demais para suportar a vida nas duras terras escocesas.
Fora seu irmão, Duncan, que, com um sorriso frouxo, anunciara o nascimento, esgueirando-se para fora da casa de Conall, o rosto fino, cinzento e cheio de dor.
— Era uma menininha — dissera, após um piscar de olhos pesarosos. — Nonna não conseguiu...
Mas Conall ali nem parou para ouvir o restante da notícia que dizia seu gêmeo. Precipitara-se para dentro da baixa casa de barro e escancarara a porta, seguindo instintivamente para a cama, que estava ao fundo.
Não ouvira nenhum choro de bebê, mas talvez Deus tivesse misericórdia, nem que fosse apenas daquela vez.
— Nonna — chamara gentilmente. — Nonna.
Uma trouxa de xale xadrez havia sido colocada ao lado da esposa e, ainda enquanto ouvia Duncan adentrar a casa por trás de si, enquanto as mulheres da cidade se lamentavam, reunidas além da porta, ele já sabia.
Estavam ambas mortas.
— Eu lamento, Conall — Duncan sussurrara. Deus não tinha misericórdia de Conall MacKerrick. O vento soprou novamente e o cordeiro baliu sofrido, por trás de si, o que levou Conall de volta ao presente.
Fungou e assoou o nariz.
Havia partido antes que os primeiros frágeis raios de sol avançassem sobre a cidade dos Mackerrick, apesar dos protestos de Duncan e de sua própria mãe.
Não suportaria deixar seu povo, já doente e faminto, sem os cuidados de seu chefe durante o inverno mais rigoroso que jamais havia testemunhado.
Era, no mínimo, um caçador habilidoso.
Enfrentaria as intempéries sozinho e buscaria sua presa nas profundezas da floresta. Caso conseguisse sair vitorioso, retornaria ao vilarejo.
E se fracassasse, passaria fome sem dúvida.


Trilogia Medieval Guerreiros
1 - Guerreiro Amante
2 - Não Conte a Ninguém
3 - A Maldição de Conall
Trilogia Concluída

O Príncipe Serpente

Trilogia dos Príncipes
Lucy Craddock-Hayes, uma cândida donzela das cercanias de Kent, não esperava encontrar com um homem maltratado e completamente nu!
A poucos passos de sua casa. Tampouco supunha que este se apresentaria como Simon Iddesleigh, um importante visconde, um cavalheiro londrino não isento de humor e sedutoras maneiras, habituado à arte da conquista.
E muito menos suspeitava que este pícaro nobre cairia a seus pés, cativado por sua serena beleza e suas doces maneiras.
Mas, além das brincadeiras e hospedagens, Lucy intui uma alma atormentada, um espírito errante consumido por uma vingança do passado.
Pouco a pouco começa a sentir por ele um desejo irrefreável.
Entre bandagens e curas, os dois jovens beiram os limites de sua paixão, enquanto pouco a pouco descobrem o destino do “príncipe serpente”...

Capítulo Um

Maiden Hill, Inglaterra
Novembro de 1760.

O homem que jazia morto aos pés de Lucinda Craddock-Hayes parecia um deus caído.
O deus Apolo ou, mais provavelmente, Marte, o causador de guerras, tinha tomado forma humana e caído do céu para que o encontrasse uma jovem solteira no caminho a sua casa.
Embora claro, os deuses não sangram.
Nem morrem, se for por isso.
— Senhor Hedge — chamou Lucy, por cima do ombro.
Olhou a ambos os lados do caminho que levava do povoado de Maiden Hill à casa Craddock-Hayes, estava igual a antes que encontrasse o homem, estava deserto, além dela, do criado que vinha resfolegando atrás e do cadáver que jazia na sarjeta.
O céu invernal estava coberto por nuvens cinza.
Já começava a escurecer, embora ainda não eram as cinco da tarde.
As árvores sem folhas que bordeavam o caminho se viam silenciosas e frias.
Tiritando pelo frio e o vento, amassou mais a capa que tinha deslizado pelos ombros. O homem morto estava atirado na sarjeta, nu, tudo machucado e de barriga para baixo. Os largos contornos de suas costas estavam cobertos de sangue, que emanava do ombro direito; mais abaixo os magros quadris, as pernas musculosas e peludas, e os pés ossudos, curiosamente elegantes.
Pestanejou e voltou a olhar a face.
Até estando morto, era bonito; a cabeça girada para um lado deixava ver um perfil patrício, um nariz largo, maçãs do rosto altas e uma boca larga.
Uma sobrancelha sobre o olho fechado estava partida por uma cicatriz; o cabelo claro muito curto caía liso sobre o crânio nos lugares onde não estava emaranhado e condensado pelo sangue.
Tinha a mão esquerda sobre a cabeça e no indicador se via uma marca que indicava que aí devia levar um anel; seus assassinos teriam roubado junto com todo o resto.
Ao redor do corpo o barro estava revolto e perto do quadril se via um fundo rastro do salto de uma bota.
Além disso, não havia nenhum sinal que indicasse quem o deixou atirado aí como quem atira restos.
Sentiu a ardência de tolas lágrimas nos olhos.
Parecia um insulto terrível que seus assassinos o tivessem deixado aí dessa maneira: nu, degradado.


Trilogia dos Príncipes
1 - O Princípe Corvo
2 - Príncipe Leopardo
3 - O Príncipe Serpente
3.5 - A Princesa de Gelo
Trilogia Concluída

Lorde Proibido

Trilogia dos Lordes
Jordan Willis, o conde de Blackmore, brincou com o coração de uma série de belas mulheres da alta sociedade. 

No entanto, um único beijo roubado impulsivamente dos lábios suaves e irresistíveis da filha de um reitor será suficiente para se aproximar da perdição. 
A reação suave e peculiarmente inocente de Emily Fairchild desperta no dom Juan um desejo voraz que o impedirá de esquecê-la. 
Meses depois, Jordan conhece Lady Emma Campbell, uma insolente debutante com imensa vontade de namorar. Curiosamente, a lindíssima atrevida tem uma semelhança inquietante com a sua doce Emily. Emily não pode revelar a razão pela qual aceitou colaborar numa farsa tão escandalosa — para salvar a sua própria vida, tem que se fazer passar por uma nobre insolente chamada lady Campbell. — Apesar disso, nenhuma máscara poderá encobrir a perigosa atração que sente pelo conde Blackmore, Emily se arriscará a perder o amor da sua vida, revelando que não é uma dama de nobre linhagem, mas sim uma simples moça da província? 
Às minhas maravilhosas companheiras escritoras da associação Heart of Carolina Romance Writers, e, especialmente, a Judy, Judith e Theresa por sua crítica literária desta obra. Muitíssimas graças a todas por sua cálida acolhida.

Capítulo Um

Derbyshire, Inglaterra Março de 1819
«Estar aqui é como brincar às escondidas num circo », pensou Emily Fairchild enquanto perscrutava o salão de baile na casa que a marquesa de Dryden possuía no condado de Derby. O salão estava abarrotado de pessoas; centenas de convidados — no mínimo, quatrocentos — a maioria com os rostos ocultos atrás de máscaras, e embelezados com exóticos disfarces, indiscutivelmente muito caros, que distavam muito dos trajes que Emily podia comprar.
Mas entre eles não se encontrava lady Sophie, a sua prezada amiga, Onde tinha se metido? Emily não podia abandonar o baile sem encontrá-la antes; Sophie se sentiria absolutamente defraudada se não obtivesse o elixir que Emily tinha preparado especialmente para ela.
Achou, Lawrence? — perguntou Emily ao seu primo elevando a voz para que este pudesse ouvi-la por cima das notas da magnífica orquestra. — É suficientemente alto para vê-la.
Lawrence franziu a testa e ergueu mais a cabeça.
— Já a vejo, está ali, absorta naquela atividade absurda e carente de todo o sentido que ela define como entretida. Noutras palavras, Sophie estava dançando. Um sorriso instantâneo desenhou-se nos lábios de Emily. Pobre Lawrence. Tinha percorrido um longo caminho de Londres para visitá-los, a ela e a seu pai em Willow Crossingpela primeira vez depois de muitos anos e, em troca, o seu pai o tinha obrigado a escoltá-la a um baile de máscaras, um evento que Lawrence considerava «estúpido, de um absurdo inquestionável». Bom, pelo menos o pobre não teria que sofrer a tortura de dançar com ela. Para Emily, a decência a proibia de dançar, visto que se encontrava nas últimas semanas, de luto pela morte da sua mãe. Sem dúvidas, era a única convidada que vestia um insosso vestido preto, com uma máscara prateada como única concessão à temática lúdica da noite.
— Com quem é que a Sophie está dançando? — inquiriu Emily.
— Creio que o seu par desta vez é lorde Blackmore.
— Lord Blackmore? Está dançando com ele? — Um homem realmente importante. O conde de Blackmore era o irmão da nora dos Dryden.
Emily sentiu-se invadida por uma onda de inveja, que desapareceu tão rápido como tinha aparecido. Que estúpida invejar Sophie por um direito que a sua amiga ostentava desde que nascera. Estava convencida de que jamais gozaria da oportunidade de dançar com o conde, simplesmente porque era a filha de um reitor sem parentes nobres.
Apesar de tudo, ainda tinha que agradecer por estar ali. Lady Dryden só a havia convidado como recompensa por um pequeno serviço que Emily lhe tinha feito. A marquesa não tinha motivos para apresentar Emily a nenhuma das damas nem lordes ricos que se deslocaram de Londres para a ocasião.
Entretanto, perguntou-se o que sentiria ao dançar com um conde tão famoso como lorde Blackmore. Certamente uns terríveis nervos no estômago, especialmente porque parecia muito bonito. Ou não? Colocou-se na ponta dos pés para examiná-lo através dos dois orifícios da sua máscara, infelizmente não conseguiu distinguir nada mais do que muitas perucas e tocados que se agitavam formando um redemoinho confuso ao seu redor.
— Conte-me o que vê, Lawrence. Estão dançando uma valsa? E lorde Blackmore, diria que está satisfeito?
— Satisfeito? Como pode estar satisfeito! Primeiro porque está dançando, e segundo porque tem Sophie como par. Aquele homem merece alguém melhor.
— Porque diz isso?

Trilogia dos Lordes
1 - Lorde Pirata
2 - Lorde Proibido
3 - O Lorde Perigoso
Trilogia Concluída

O Diabo das Highlanders

Série Highlanders 
Escócia medieval, 1273

As pessoas o chamam de Diabo, o lorde mais notório de toda Escócia.
Cullen, é o novo Lorde de Donnachaidh, só quer agora uma família.
Ele só se preocupa com a sobrevivência do seu clã, e para isso ele precisa de uma esposa.
Ele quer alguém que seja forte e lhe dê muitos filhos.
Ele quer uma mulher flexível que não o questione e o obedeça sem pestanejar.
Ele também quer que seja uma mulher apaixonada para aquecer a sua cama...Se conseguir que ela tenha ao menos uma entre as três qualidades não seria mau.
Evelinde viveu sujeita a crueldade de sua madrasta por muito tempo. É a única explicação para sua ânsia de casar com o Diabo da Região Montanhosa da Escócia. Ela está determinada a ser uma boa esposa, mas esse Diabo tem que aprender que existem mais coisas num matrimônio do que o que acontece no quarto do casal...

Capítulo Um

Inglaterra do norte, 1273
— Minha senhora!
O grito ansioso fez com que Evelinde fizesse uma pausa no que dizia ao cozinheiro e olhasse ao seu redor.
Sua criada atravessava rapidamente a cozinha e vinha em sua direção, com uma expressão zangada e muito preocupada.
Essa combinação usualmente era causada pelas ações da sua madrasta Edda.
Perguntou-se qual seria a confusão que Edda teria aprontado agora, Evelinde rapidamente prometeu ao cozinheiro que terminariam a conversa sobre o cardápio mais tarde, e saiu apressada ao encontro de sua criada.
Mildrede pegou suas mãos no momento que se aproximaram.
Sua boca se curvou para baixo quando anunciou, — Sua madrasta lhe chama.
Evelinde fez uma careta e suspirou. Sua madrasta só mandava procurá-la quando estava de péssimo humor, o que era normal para Edda, e queria animar-se maltratando um pouco a sua desafortunada enteada, o que sempre fazia.
Por um momento, Evelinde considerou ignorar o chamado e buscar uma tarefa fora da fortaleza pelo resto do dia.
Mas isso só pioraria o mau humor da mulher e seus subseqüentes abusos.
— Devo ir ver que quer então, — Evelinde disse e apertou as mãos do Mildrede reconfortando-a antes de passar ao lado dela.
— Ela está sorrindo , — Mildrede advertiu , seguindo-a.
Evelinde fez uma breve pausa com a sua mão apoiada no puxador porta do grande salão, com um temor, invadindo-a.
Uma Edda sorridente não era uma boa coisa.
Usualmente isso queria dizer que Evelinde estava a ponto de sofrer.
A verdade era que a mulher nunca se atrevera a bater-lhe, mas existiam coisas bem piores para sofrer, existiam tarefas tão desagradáveis que Evelinde às vezes quase preferiria receber uma bordoada. Mordendo o lábio com preocupação, ela perguntou, sabe o que a tirou do sério dessa vez?
— Não, — Mildrede disse desculpando-se. — Estava gritando para Mac que escovasse bem a égua quando um mensageiro do rei chegou, ela leu a mensagem, sorriu, e mandou a chamá-la.
— OH, — Evelinde ofegou fracamente e endireitou seus ombros, levantou o queixo, e abriu a porta.
Era a única coisa que podia fazer, se aprumar e rezar para que algum dia pudesse livrar do controle férreo e dos abusos de sua madrasta.



Série Highlanders 
1 - O Diabo das Highlands
2 - Domando a Noiva
3 - A Diabinha e o Highlander
Série Concluída

13 de agosto de 2010

O Príncipe Leopardo

Trilogia dos Príncipes
Enriquecida, Lady Georgina Maitland não quer um marido, embora não lhe seria nada mal um administrador que cuide de suas propriedades.
Ao pôr a vista em cima de Harry Pye, e Georgina sabe que não só está tratando com um servente, mas também com um homem
Harry conheceu muitos aristocratas... incluindo um em particular que é seu inimigo jurado.
Mas Harry jamais conheceu uma formosa dama tão independente, desinibida e ansiosa por estar em seus braços.
Contudo, é impossível manter uma aventura discreta quando o envenenamento de ovelhas, assassinato de aldeãos e um magistrado raivoso têm alvoroçado o condado inteiro. Os aldeãos culpam Harry de tudo. Georgina não demorará em fazer algo para poder manter a ela mesma salva e salvar Harry da forca... sem perder-se noutra noite de amor.

Capítulo Um

Yorkshire, Inglaterra
Setembro de 1760

Depois do acidente da carruagem e um pouco antes que os cavalos fugissem, Lady Georgina Maitland reparou que o administrador de suas terras era um homem.
Bom, quer dizer, naturalmente que sabia que Harry Pye era um homem.
Não tinha a falsa ilusão de que fosse um leão ou um elefante, nenhuma baleia, nem certamente nenhum outro membro do reino animal (se podia chamar-se animal a uma baleia e não simplesmente um peixe muito grande). O que queria ela dizer era que sua masculinidade se tornara de repente muito evidente.
George enrugou a testa enquanto estava em pé na deserta estrada que conduzia a East Riding, em Yorkshire.
A seu redor, as colinas cobertas de plantas se estendiam até o horizonte cinza. Estava anoitecendo rapidamente cedo devido à tormenta.
Poderiam ter estado nos limites da Terra.
—Você acredita que a baleia é um animal ou um peixe muito grande, senhor Pye? —gritou ela ao vento.
Harry Pye encolheu os ombros.
Uns ombros cobertos unicamente por uma empapada camisa de linho que tinha grudada a ele de um modo esteticamente agradável.
Tirou previamente o casaco e o colete para ajudar ao John, o cocheiro, a desemparelhar os cavalos da carruagem quebrada.
—Um animal, minha Lady. —A voz do Senhor Pye era, como sempre, uniforme e profunda, com uma espécie de tom grave no final.
George não o tinha ouvido elevar a voz nem manifestar nenhum tipo de paixão.
Nem quando tinha insistido em acompanhá-lo a seu imóvel em Yorkshire; nem quando tinha começado a chover, reduzindo a velocidade de sua viagem a um lento arrasto; nem quando a carruagem tinha quebrado fazia vinte minutos.
«Que irritante era!»
—Acredita que poderá concertar a carruagem? —George puxou a sua capa empapada até cobrir o queixo enquanto contemplava os restos de seu veículo.
A porta pendurava de uma dobradiça, que batia por causa do vento; duas rodas estavam esmagadas, e o eixo traseiro tinha ficado em um estranho ângulo.
Era uma pergunta totalmente estúpida.
O Senhor Pye não indicou nem por ação nem por palavras que estivesse a par da estupidez de sua pergunta.
—Não, Milady.
George suspirou.
Em realidade, era quase um milagre que nem eles nem o cocheiro tivessem ficados feridos nem tivessem morrido.


Trilogia dos Príncipes
1 - O Príncipe Corvo
2 - Príncipe Leopardo
3 - O Príncipe Serpente
3.5 - A Princesa de Gelo
Trilogia Concluída

Série Irmãos Conover

3- Um jogador Apaixonado


    
Yale adorava as emoções do jogo. Apesar disso, nunca se considerara um proscrito, enbora zombasse da lei dos homens. 

Preferia rotular-se como um individuo que vivia segundo as próprias leis.
Quis o destino que Yale, movido por seu alto senso de justiça, decidisse ajudar uma viúva e seus dois filhos a escapar de um bando de criminosos. 

E, para sua surpresa, ela era Caroline McKinnon, a jovem que fora obrigado a abandonar. 
 Caroline, que se tornara uma mulher cativante e corajosa, o fez ansiar por um lar e pelo amor de uma boa esposa, objetivos que ele sempre descartara. Mas o amor reacendido sobreviveria a uma escalada de perigos?



2- Corações Indômitos

Sempre vestida com trajes masculinos de pele de gamo e com os cabelos loiros e encaracolados presos sob um chapéu de aba larga, ela era conhecida por sua tenacidade em perseguir, por semanas a fio, os rastros de cavalos selvagens. 

Dormia tão bem ao relento, sob as estrelas, quanto no calor de uma cama. Distinguia as rochas pelo formato, conhecia os picos das montanhas um por um e cada curva das trilhas. 
Acima de tudo, ela aprendera a esperar o inesperado e a resolver qualquer contratempo.
Mas Bo Chandler foi uma surpresa que pegou Kitty desprevenida. Depois de salvar a vida de Bo, ela começou a sentir os primeiros e inegáveis sintomas do verdadeiro amor. E não ficou nem um pouco satisfeita com isso!
Ela entendia de cavalos, mas os homens eram uma espécie bem mais complicada. Kitty não estava disposta a confiar seu coração a um desconhecido que acendia nela faíscas mais eletrizantes do que os relâmpagos de uma tempestade de verão!



1- Direito à Esperança

Ele era sério demais. Ela era enlouquecedora! 

Qualquer que fosse o problema naquela cidade, todos se apressavam em chamar o xerife Gabe Conover. 
Não fora somente a habilidade de ser um bom atirador que lhe garantira a notoriedade de xerife mais respeitado da região. 
Fora sobretudo a fama de ser um homem consciente, dedicado, honesto e respeitador da lei, que não fazia nenhuma concessão. 
Mandara mais bandidos para julgamento do que qualquer outro xerife do Território de Dakota. Gabe reconhecia uma situação difícil de longe. E Billie Calley era um problema, e dos grandes. 
As complicações começaram no momento em que ela chegou à cidade. Mas o alvoroço que envolvia Billie no Red Dog Saloon era mínimo se comparado à luta que Gabe enfrentava com sua atração por aquela mulher misteriosa! 
Quando Billie foi acusada de assassinato, o xerife correto teve de decidir quem seguiria: alei... ou seu coração? 

Série Irmãos Conover
1- Direito à Esperança
2- Um jogador apaixonado
3 -Corações indômitos

Série Concluída

Brumas do Passado





Um mundo de escuridão e mistério...

Foi isso que Olívia St. John descobriu ao chegar em Blackthorne para trabalhar como preceptora. Mas ela estava determinada a desvendar os segredos que cercavam as terras de Lord Quenton Stamford e arrancá-lo daquela melancolia voluntária.
Quenton Stamford jurara que jamais confiaria em uma mulher novamente. Até que Olívia St. John surgiu em sua vida. 

A determinação dela em vencer as próprias dificuldades despertou-o de seu longo pesadelo. Mas como podia seguir seu exemplo e aprender a amar novamente?

Capítulo Um

Cornualha, 1662.
As sombras do entardecer projetavam-se sobre as colinas ondulantes e as campinas verdes pontilhadas de ovelhas. Camponeses arrendatários, cansados após um dia nas plantações, pararam as atividades para ver ao longe uma elegante carruagem dirigindo-se ao castelo.
— O coração de pedra voltou. — Um homem velho apoiou-se no cajado e virou-se para o filho. — Não bastou ter matado a esposa e jogado o irmão do penhasco, deixando-o mudo e paralítico. Nem partir para a Inglaterra, levando uma vida de crime nos mares, deixando o avô para cuidar do caos aqui. Ainda deve achar que sua amizade com o rei lhe dá o direito de voltar e reclamar a herança, como se nada tivesse acontecido.
— Quem vai detê-lo? — resmungou o mais jovem.
— Quem... Os ricos vivem sob suas próprias regras. — O velho estreitou o olhar e observou a carruagem parar no pátio distante. — É ruim que nosso suor e sangue contribuam para tanta riqueza, mas seria ainda pior morar no castelo Blackthorne, como aqueles serviçais...
— Louvado seja! O lorde chegou! — A sra. Thornton, governanta de Blackthorne, o domínio do lorde Quenton Stamford, bateu as mãos para chamar a atenção dos serviçais, conclamando-os com sua voz aguda e desafinada.
Quanto mais agitada, mais alto falava: — Edlyn, sua lambari retardada e imprestável! Pare de se embonecar e vá logo com os outros!
Enquanto os serviçais saíam pela porta da frente e perfilavam-se no pátio a governanta e Pembroke, o mordomo, tomavam seus lugares um pouco à frente. Formavam uma dupla cômica, a sra. Thornton rechonchuda de avental manchado e lenço sobre os cachos grisalhos, Pembroke alto e magro como uma vara, com os cabelos pretos meticulosamente arrumados e a roupa igualmente engomada. A voz dela lembrava articulações enferrujadas, enquanto a dele era tão afetada quanto a usada pela realeza.
O cocheiro freou a composição, desceu e abriu a porta da carruagem. Uma figura de capa saltou, mal olhando para a equipe reunida.
— Bem-vindo ao lar, senhor — declarou Pembroke, após pigarrear ruidosamente.
— Espero que a viagem tenha sido aprazível — acrescentou a governanta.
— Permita-me apresentar-lhe os seus criados, senhor. — Pembroke voltou-se e viu as moças já na devida postura de reverência, enquanto os rapazes tiravam os bonés.
Lorde Stamford saudou-os com um movimento de cabeça quase imperceptível e voltou-se para a porta da carruagem, de onde saltava um menino pequeno.
Ereto como um poste, Pembroke não externou o menor sinal de surpresa, mas olhou curioso para a criança morena, de cabelos e olhos castanho-escuros.
O menino, por sua vez, admirava a fortaleza imponente cercada de amplos jardins bem cuidados, as torres acasteladas captando os últimos raios de sol.
O cocheiro já descarregava a bagagem, deixando-as no chão. Com um estalar de dedos, Pembroke destacou alguns membros da equipe para transportar as malas e bolsas do lorde.
— Gostaria de um jantar tardio,senhor? — indagou a sra. Thornton, nervosa.
— Não, não quero nada.

Anjo


Desde quando os anjos do Natal usavam guarda-pós e chapéus de abas largas? 

Talvez fosse esse o traje que reservavam para Montana, pois Quin McAllister parecia um deles ao surgir naquela região selvagem e na vida de Cassie Montgomery e suas duas filhas. 
No entanto, ela sabia que a sua felicidade duraria pouco. 
Apaixonou-se por um homem que jamais renunciaria à liberdade de não se fixar em lugar algum. 
Quin McAllister, um jogador, começara a se apaixonar por Cassie muito antes de conhecê-la, graças às cartas do marido dela. Então, perdeu o coração quando a viu com seus próprios olhos! 
Cassie era a única mulher que o levaria a arriscar todas as suas cartas a fim de conseguir tudo quanto sempre desejara… 

Capítulo Um

Território de Montaria — 1867
A mulher corria, atravessando o pátio entre a cabana e o estábulo, nitidamente alarmada. Abrindo a porta pesada de madeira, ela entrou, levando consigo o vento gelado que carregava flocos de neve.
— Cassie! Temos problemas! Vem vindo um cavaleiro em direção a nossa casa. — Ela calou-se para recuperar o fôlego antes de prosseguir.
— Não reconheci o cavalo… Acho melhor apanhar o seu rifle, menina. A jovem mulher parou de colocar feno na manjedoura e, deixando cair o forcado, apanhou o rifle apoiado na porta.
— Voltem todas para casa. — Ela virou-se para as duas garotas que a ajudavam. — Jennifer e Rebecca… Acompanhem sua avó. Mantenha seu rifle carregado e apontado para o forasteiro através da fresta da porta, mãe.
Cassie esperou até que as três estivessem seguras dentro da cabana antes de sair do estábulo para aguardar a chegada do forasteiro. Ele descia a colina do norte, em um cavalo negro que se movia sem esforço aparente através das lufadas de vento e neve.
O cavalheiro lhe pareceu ser uma aparição fantasmagórica, vestido de branco da cabeça aos pés. Quando ele se aproximou mais, Cassie percebeu que a neve formara uma camada alva e brilhante sobre o chapéu e o guarda pó do estranho, dando-lhe uma aparência de um ser de algum outro mundo.
Ele não disse uma só palavra até parar o cavalo bem junto de Cassie.
— Bom dia, madame. — Ele tocou polidamente a aba do chapéu.
— Estou procurando por Ethan Montgomery.
Com um olhar rápido, Cassie notou a sela luxuosa e as botas brilhantes e bem cuidadas do recém chegado. Aquele forasteiro não pertencia à agreste região de Montana! Um homem tão bonito e fascinante estaria à vontade num belo salão, jogando cartas e flertando com belas mulheres ricamente vestidas.
— Ele não está aqui.
— Mas já ouviu falar dele?
— Pode ser… Ao notar o rifle mirando o seu coração, ele manteve as mãos imóveis e bem à vista da mulher. Seria loucura assustá-la com um gesto brusco pois também avistara uma outra arma, através da porta da cabana, apontada em sua direção. Os habitantes de Montana eram doentiamente cautelosos e não pretendia ser pego no meio de um fogo cruzado.
— Por acaso, estou perto da propriedade dele?
— Está dentro dela. Disfarçando a surpresa, ele reconheceu que não prestara suficiente atenção na fala macia e de sotaque nitidamente do sul da Geórgia ou nos caracóis ruivos escapando do enorme capuz do casaco. Entretanto, seria impossível imaginar que aquela criatura rústica fosse a requintada beldade de Atlanta de quem tanto ouvira falar,
— Então, você deve ser Cassie… A Sra. Montgomery.
— Exatamente. E quem é o senhor?
— Um amigo de Ethan. Seu marido me escreveu uma carta, pedindo-me que viesse juntar-me a ele. Meu nome é Quin McAllister.
— Quin… — Sem disfarçar a surpresa e o embaraço, Cassie abaixou, o rifle. — Desculpe-me, sr. McAllister. Eu não costumo receber amigos de meu marido dessa forma. O senhor deve estar gelado. Por favor, venha até nossa casa para se aquecer.
Desmontando, ele puxou o cavalo, caminhando para a cabana. A porta se abriu e uma mulher de meia idade surgiu, com o rifle ainda apontado na sua direção.
— Está tudo bem, mãe. Este homem é um amigo.
A mulher afastou-se da porta e, logo atrás dela, Quin avistou duas garotas abraçadas. A mais velha, de aproximadamente doze anos, tremia convulsivamente e a caçula, de cinco anos, segurava com força as mãos da irmã entre as suas. Ela não demonstrava nenhum temor e sim uma ávida curiosidade.
— Vocês só podem ser Jen e Becky — declarou Quin, sorrindo. — Becky… Seu pai me contou que a sua voz é angelical, digna de um coro de igreja. Falou de uma criança e vejo que já é quase uma mulher. Quanto a Jen… Ele me dizia que ainda era um pingo de gente!




O Herói do Texas



O fazendeiro Thad Conway tinha certeza de que a nova professora daquela pequena cidade do Texas não era a jovem recatada e ingênua que fingia ser. 

De acordo com ele, a “srta. Adams” representava muito bem esse papel; mas ao ser atingido pelo intenso brilho daqueles olhos verdes, Thad percebeu o fogo que queimava dentro dela, revelando uma mulher capaz de arrebatadoras paixões… 
Caroline Adams tinha um trabalho honesto numa respeitável comunidade, bem longe dos problemas que a haviam obrigado a fugir de sua terra natal. 
Pelo menos, era o que ela pensava. Até que o pesadelo de seu vergonhoso passado voltou para atormentá-la. 
Agora, correndo perigo, precisava pedir a proteção de Thad, o único homem capaz de salvá-la… ou arruiná-la! 

Capítulo Um 

México, 1885
Thad Conway ouviu um barulho na porta de entrada da cadeia. Por força do hábito, a mão dele foi até o lado direito dos quadris, onde em geral levava um revólver. Daquela vez, porém, não tinha nenhuma arma com que se defender.
No escuro, ouviu o inconfundível clique de um revólver sendo engatilhado, um som que conhecia muito bem. Então, preparou-se para o que estava por vir.
Olhando pela pequena janela gradeada ele podia ver o céu escuro e estrelado. Devia ser por volta de meia-noite, uma hora pouco própria para visitas, mesmo numa cadeia mexicana.
As dobradiças enferrujadas rangeram quando a porta da frente foi aberta. A luz mortiça de uma lanterna iluminou o ambiente à frente dele, mostrando duas figuras. O homem que segurava a lanterna também empunhava um revólver. O outro enfiou a chave na fechadura e abriu a porta da cela.
— Desculpe a demora, senor Conway — disse delegado, numa voz rouca e de forte sotaque espanhol. — Nosso mensageiro levou dois dias para ir até as terras de don Esteban e mais dois para voltar com a informação de que precisávamos.
Thad ficou esperando, sem dizer nada.
Depois de alguns segundos de pesado silêncio, o homem limpou a garganta e prosseguiu:
— Don Esteban confirmou que a égua em seu poder não era roubada. De fato, como nos disse… você a comprou a dele.
A única reação de Thad foi apertar levemente os olhos.
Como se sentisse um calor provocado pela raiva do ex-prisioneiro, o delegado deu um passo atrás.
— Espero que compreenda o nosso engano — ele se desculpou, com a voz trêmula. — Um homem como você… Todos nós já ouvimos falar da sua habilidade com o revólver. Era natural concluir que o Texano houvesse roubado a égua puro-sangue de don Esteban.
Então o mexicano se voltou para o homem atrás dele, que entregou o revólver e o cinto-cartucheira.
— Sua arma, senor.
Sem uma palavra, Thad passou a cartucheira em volta da cintura e pôs o revólver no coldre. Depois, pegou o chapéu de cima de um banquinho ali perto. Só então quebrou o silêncio que havia se imposto.
— Onde estão meus cavalos?
O carcereiro olhou para o chão, temeroso de enfrentar a frieza daqueles olhos.
— Estão lá fora.
Thad passou pelos dois homens e saiu na noite fria. Pacientemente examinou a égua, certificando-se de que ela havia sido bem cuidada na ausência dele. Depois examinou também o cavalo e verificou o conteúdo das bolsas da sela. Finalmente, apertou a cilha dos dois animais, montou no cavalo e segurou as rédeas da égua.
Sem olhar para a cadeia onde ficara confinado nos últimos quatro dias, bateu de leve com as esporas no ventre do animal e rumou para a fronteira.
Os dois mexicanos suspiraram aliviados. O famigerado homem conhecido como o Texano não era mais responsabilidade deles.
— E melhor se preparar, moça. Logo a estrada vai ficar bem ruim.

Aventureira!



Uma farsante na corte

Stephan Driscoll precisava de uma mulher não apenas por uma noite de amor... Bastava ao impetuoso lorde estalar os dedos, para que qualquer uma das damas da corte de Londres se atirasse a seus pés. 

Quando, porém, o rei Charles II decidiu, só por capricho, obrigá-lo a se casar, Stephan escolheu a desconhecida e estonteante Lady Claire.
Dessa vez Claire se metera em sérios apuros! 
Fora capturada, juntamente com um bando de ladrões, ao tentar assaltar o lorde e seus amigos. 
Sem meios de escapar, não tivera alternativa senão desempenhar seu papel na estranha encenação que o nobre idealizara. 
Mas fingir ser um respeitável dama em meio a todo aquele luxo foi bem mais fácil do que ocultar uma outra e perigosa verdade: a paixão de Claire irresistível Stephan...

Capítulo Um

Londres, 1665
Marinheiros, estivadores, artesãos e comerciantes aglomeravam-se na taverna. A uma longa mesa sentavam-se três homens, que se destacavam por suas jaquetas bem talhadas, calções de cetim e chapéus emplumados, que pen­diam de cabides na parede. Tendo consumido vários picheis de cerveja, ocupavam-se em beliscar as raparigas que serviam às mesas e trocar comentários com os outros fregueses.
Dois de seus companheiros sentavam-se a um canto mais afas­tado, as cabeças juntas, conversando em voz baixa.
— O ano que passou no Novo Mundo não o afetou, Stephan. Pensei que voltaria transformado em um bárbaro.
— Mas foi justamente o que aconteceu! — Uma gargalhada deixou à mostra os dentes alvos, que se destacavam no rosto bronzeado pelo sol e pelo sal marinho. — As colônias da América são lugares espetaculares, James. Creio que deixei lá o meu co­ração.
— Então deseja voltar?
— É o que pretendo. Assim que tiver a audiência com seu irmão e encerrar as formalidades de mais um título, ou seja, o que for que ele tiver planejado para a cerimônia em Westminster.
— O avanço da peste fez com que meu irmão deixasse Londres e fosse respirar o ar puro do campo em Hampton Court. Disse que esperava convencê-lo a passar o verão lá, na companhia dele.
O rosto fino e anguloso abriu-se em um sorriso.
— Quando o rei espera convencer alguém de alguma coisa, isso significa uma ordem real que não pode ser desobedecida. — Deu um suspiro. — Eu esperava partir dentro de no máximo um mês.
— Um mês? Acho que vai ficar de cabelos brancos antes de pôr o Ilusão para navegar novamente. Stephan. Charles tem planos para você.
Uma sobrancelha escura se arqueou.
— Planos? Que planos?
O companheiro observou-o atentamente.
— Já deve saber que ele não o chamou simplesmente para lhe conceder mais títulos, honradas e terras. Lorde Ashton.
— Sabe que detesto esse título. — Stephan fez uma pequena pausa, e prosseguiu: — Por que, então, a carta dava a entender que me convocavam de volta a Londres para receber as honradas de um rei agradecido?

Segredos de um Coração







Teria o amor forças para brotar em corações endurecidos pela guerra?

Dulcie Trenton ressurgira das cinzas da guerra determinada a construir uma vida nova. Mas o preço pela sobrevivência era alto e poderia custar-lhe o amor de Cal Jermain, cuja honestidade era tão forte e real quanto sua paixão.
Arrasado e amargurado, Cal precisava de um milagre, e a providência lhe fornecera um quando Dulcie e um grupo esfarrapado de órfãos invadiram sua ilha, acabando com a tristeza dele.
Mas poderia um homem que já tinha estado às portas do inferno algum dia esperar que pudesse ter um anjo em seus braços?

Capítulo Um

Ilha Jermain, Carolina do Sul
A tempestade não durou mais de uma hora, mas os ventos, com sua força destrutiva, tinham arrancado várias árvores e derrubado um celeiro, o qual tombara como uma armação feita com cartas de baralho. A chuva caía ainda do céu escuro, mas o pior já passara.
Cal Jermain andava pelos canteiros, observando as mudas, tombadas pelo temporal. Avaliava os estragos, percebendo que acabara de perder dias e dias de trabalho duro nos campos de sua propriedade. A plantação estava arruinada e teria de ser totalmente refeita se quisesse colher alguma coisa no final do verão.
Meneou a cabeça, entristecido e desanimado, voltando-se em direção à praia, para onde se encaminhou com passos pesados. Quando se aproximou mais, saindo da linha de arbustos que contornavam a orla, divisou um barco junto à arrebentação.
— Ora, se um homem não se importa em amarrar bem sua embarcação, deveria perdê-la, por castigo — murmurou, irritado, mais pelo que lhe acontecera do que por perceber a falta de responsabilidade do provável dono do barco.
E, mesmo aborrecido, resolveu aproximar-se e amarrá-lo. Ao chegar mais perto, sentiu que a respiração lhe faltava. Havia muitos corpos inertes no fundo do barco. Estavam amontoados, mas pôde contar sete com certeza. Mulheres e crianças. Estavam desfalecidos, alguns tinham cortes que ainda sangravam.
Cal praguejou alto, e agarrou a proa da embarcação, puxando-a para fora da água. Quando conseguiu, ouviu um gemido dolorido e, de imediato, procurou identificar o sobrevivente.
Uma moça ergueu a cabeça levemente. Seus cabelos negros, como a noite, estavam colados a sua cabeça e ombros, e contrastavam com a palidez cadavérica de seu rosto, dando-lhe um aspecto quase grotesco.
— Sara! — Cal sussurrou, em um misto de surpresa e incredulidade. — Meu Deus! Você veio!
Ajoelhando-se a seu lado, Cal levou as mãos aos ombros da moça, só então percebendo seu engano. Não se tratava de Sara; e, naquele momento, pôde ter certeza de que aquela estranha nem sequer se parecia com ela. No entanto, a voz de Cal ainda era um murmúrio rouco;
— Então, você sobreviveu... Pode se sentar? — Ele a amparava, ajudando-a a sentar-se no fundo molhado do barco.
Dulcie sentiu como se tudo se apagasse a seu redor por alguns instantes. Logo em seguida, percebeu o rosto do homem que estava a sua frente. Sua impressão foi um tanto vaga, mas pôde notar os cabelos e os olhos escuros. Era um homem alto e forte, e tinha uma expressão severa na boca de lábios finos.
Segredos De um Coração Sua primeira reação foi de afastar-se, de desvencilhar-se daqueles braços o mais rápido possível. E assim o fez.
Cal percebeu o medo nos olhos verdes dela. Eles brilhavam, talvez de febre, ou choque.
Com calma, ele se afastou um pouco, para não assustá-la ainda mais. Percebeu que ela baixava a guarda.
— Onde estamos? — perguntou, por fim, com voz cansada.
Cal notou de pronto o sotaque sulista. Aquele sotaque trazia-lhe recordações que não queria ter no momento, mas que doíam de maneira quase agradável nos ecos de seu passado. Afinal, as mulheres de sua família sempre tiveram aquele jeito suave e típico de falar.
— Esta baía é conhecida como Baía das Tormentas — respondeu, tentando ser gentil com a desconhecida. — E fica ao largo da ilha Jermain, bem afastada da costa de Charleston.
— Muito afastada?
 

Milagre de Natal





Um presente de coração Era difícil encontrar a magia do Natal no caminho para o Oeste, em 1866.

Apesar disso, Lizzy Spooner pretendia lutar para que sua família, traumatizada pela guerra, não abandonasse os antigos sonhos nem mesmo no Novo México, com intensas nevascas e homens rudes corno a terra selvagem em que viviam. 
O espírito natalino não tinha significado algum para Cody Martin, homem amargurado e “casado” com as montanhas primitivas que ele escolhera para seu lar. Então, numa noite em que a neve parecia cobrir o mundo, o brilho de uma promessa surgiu diante de seus olhos na figura de Lizzy Spooner, seu anjo de Natal…

Capítulo Um

Território do Novo México
Inverno de 1866
Concentre-se, menina! Empurre esse tronco com toda a sua força ou não sairemos mais daqui!
— Estou tentando, vovô…
Lizzy Spooner colocou todo o seu peso sobre o tronco que servia de alavanca e a carroça se ergueu ligeiramente, o bastante para que seu avô pudesse trocar a roda quebrada.
Enquanto ela e o avô trabalhavam, a irmã mais nova de Lizzy, Sara Jean, permanecia deitada sobre o capim crestado pelo frio à beira da trilha. Já nos últimos meses de gravidez, a jovem tentava encontrar uma posição que aliviasse as dores provocadas por longas horas de viagem na incômoda carroça.
A poucos passos deles, um garoto de cinco anos procurava capturar um grilo que saltava entre os arbustos secos.
— Talvez fosse melhor nos abrigarmos junto a essas árvores, vovô. — Lizzy puxou para mais perto do rosto o cobertor que retirara da bagagem para substituir o xale de lã que já não a protegia dos ventos gelados. — A cor do céu não me agrada e o ar está ficando a cada instante mais frio.
— Nós não vamos parar — resmungou Amos Spooner que terminara de prender o último parafuso da roda. — Ajude a sua irmã a voltar para a carroça, Lizzy.
Antes que ela pudesse protestar, o velho Amos acomodou-se no banco da carroça. Lizzy resignou-se a prosseguir apesar do mau tempo que se aproximava rapidamente. Aprendera, há muitos anos, que não adiantava argumentar com o avô depois que ele tomava suas decisões.
— Venha, Sara Jean — pediu Lizzy à irmã. – Levante-se.
— Como eu gostaria que ficássemos junto a estas árvores pelo menos por uma noite! — Sara Jean massageou as costas doloridas. — Não sei por quanto tempo mais vou agüentar os solavancos desta maldita trilha.
— Talvez estejamos perto de alguma cidade. — Lizzy voltou-se para o garoto que se aproximava da carroça. — Vamos, James! É hora de recomeçar a viagem.
Mal o menino havia se acomodado atrás da irmã,o velho Amos chicoteou os cavalos e a carroça começou a se mover lentamente sobre o solo acidentado.
— Nós realmente estaremos na Califórnia para festejar o dia de Natal, Lizzy? — perguntou o garoto, revelando incredulidade.
— Vovô tem certeza que sim…
Lizzy controlou as lágrimas com muito esforço. Durante vinte anos, ela passara o Natal em Willows, a antiga fazenda que pertencia à sua família há mais de um século. Pela primeira vez em toda a sua vida, não celebraria as festas natalinas no salão luxuoso mas aconchegante da imponente mansão que seu bisavô erguera na Geórgia.
— E você acha que o Natal chega até este lugar selvagem, Lizzy? — insistiu James, preocupado.
— É claro que sim…
— Pare de dar trela a James, Lizzy!

O Inimigo

Série Irmãs McAlpin

Eles não tinham o direito de se amar! 

Para salvar a vida de seu irmão gêmeo, Shaw Campbell arrombaria as portas do inferno. Mas ele não caiu nas garras do demônio e sim nas mãos de Moira Lamont — mulher fascinante e intrépida que defenderia a honra de sua família até a morte… levando Shaw consigo!
Nessa época de guerras e vinganças entre clãs, Moira não podia confiar em ninguém. 

 Contudo, nos olhos de Shaw Campbell havia algo que lhe dizia ser ele um homem de paz. Um homem que poderia facilmente conquistar e prender para sempre seu atormentado coração!

Capítulo Um

Escócia, 1315
Com licença, milorde. Um mensagei­ro acabou de chegar de Edimburgo. A sra. MacCallum, a gorda governanta de Kinloch House, a fortaleza dos Campbell, entrou na sala de jantar dizendo. Ela vinha seguida de um rapaz com as roupas úmidas e sujas, o que provava a árdua viagem que fizera pelas florestas da região. O mensageiro colocou uma carta sobre a mesa. Distraído, Dillon apanhou-a e disse à governanta:
— Dê comida e cama ao rapaz, sra. MacCallum.
— Pois não, milorde.
Dillon leu o documento e disse à esposa, sentada à outra extremidade da mesa:
— Rob insiste na minha presença em Edimburgo.
— Oh, Dillon — Leonora protestou. — Você já não fez o bastante? Lutou com valentia ao lado de Rob, deu seu sangue em Bannockburn. Mas agora as batalhas termina­ram e Robert the Bruce conseguiu tudo o que queria. Você merece um pouco de paz.
Dillon olhou para o primo Clive, e comentou:
— Sempre minha leal protetora, não acha?
Clive sorriu com sarcasmo e perguntou a Leonora:
— Você teria coragem de dizer a Rob o que acabou de falar?
— Teria, se Rob estivesse presente. Mas, uma vez que não está, como posso fazer isso?
— Diga quando o vir em Edimburgo — Dillon retrucou com um sorriso. — Porque Rob ordenou que você me acompanhasse.
— Ordenou?
Dillon levantou-se e pegou a mão da esposa.
— Foi um pedido — explicou. — Mas, como Rob agora é rei, ordenar soa melhor que pedir. Ele deseja nossa com­panhia nas festividades comemorativas da independência da nação.
— Uma ordem real. Tudo bem. — Leonora relaxou. Tendo crescido no meio da realeza inglesa, ela não estava nada encantada pela perspectiva de passar algum tempo na companhia dos homens mais influentes da Escócia. Ca­sada com um proprietário de terras escocês, acostumara-se ao ritmo de vida lento dos montanheses. Sentia-se tão à von­tade nas terras altas da Escócia como se tivesse nascido lá. Porém, com a irmã mais nova de Dillon, Flame, a situação era bem diferente. Tendo passado toda sua vida nas mon­tanhas, uma visita à movimentada Edimburgo significaria uma grande aventura.
— E eu? — Flame perguntou. — Fui incluída?
— Acho que não… Leonora interrompeu-o:
— Penso que seria boa idéia expor Flame a uma vida diferente desta nossa por aqui.
— E o que há de errado na nossa vida aqui? — Dillon estendeu as mãos e apontou para a tapeçaria das paredes, os candelabros, os elegantes arranjos que a esposa inglesa trouxera à Escócia montanhosa.
Dillon olhou também para as fileiras de mesas onde se sentaram um dia dúzias de montanheses,-usufruindo a re­feição do meio-dia, com empregados servindo iguarias fumegantes. Depois da derrota dos ingleses em Bannockburn, a vida ficou muito calma na região montanhosa da Escócia. Ou tão calma como se poderia esperar numa terra primitiva onde os clãs ainda combatiam entre si.
— Não há nada de errado em nossa vida aqui — Leonora respondeu — se você acha que a melhor coisa que uma moça deva aprender é montar a cavalo sem sela e manejar uma espada como um homem.
— Ensinar Flame coisas de mulher cabe a você, não a mim — Dillon comentou para dar um fim à conversa. Mas, vendo o olhar suplicante de sua irmã, abrandou-se e acres­centou: — Muito bem. Ela pode nos acompanhar.
— E Clive? — Flame perguntou virando-se para o primo que fora morar com eles em Kinloch Home depois da morte do pai, Thurman. — Ele não foi convidado? Afinal, Dillon, você disse que Clive lutou corajosamente a seu lado.
— E lutou. — Dillon encarou o primo. — Você gostaria de ir às festividades em Edimburgo, Clive?
O rapaz sacudiu a cabeça, dizendo:
— Não. Como meu pai, prefiro a vida simples das montanhas.
— Está louco?! 


Série Irmãs McAlpin
1 - A Prisioneira do Castelo
2 - Uma Rebelde na Corte
3 - Prisioneira do Esquecimento
4 - Coração Highland
5 - Guerreiro Amante
6 - O Inimigo
Série Concluída

Marcas do Destino





Quando o pai de Madeline Oxley informou-a de que Adam Coats a pedira em casamento, ela pensou que fosse um sonho. Afinal, sempre acreditara que Adam fosse apaixonado por Diana, sua irmã! 

 Feliz, Madeline viajou ao encontro de Adam. Mas ao chegar à América descobriu que tudo não passara de um plano maquiavélico de seu pai. 
Desolada, Madeline resolveu voltar para casa; porém, para sua surpresa, Adam decidiu que ela deveria ficar e se casar com ele! Mas qual seria a verdadeira razão para ele ter mudado de idéia?

Capítulo Um

Yorkshire, Inglaterra, 1775
Madeline Oxley agasalhou-se melhor com o manto e atravessou a charneca obscura e úmida, na volta ao seu lar. Espiou através da névoa que escondia a pequena casa de pedra incrustada no vale, a pocilga também erguida com fragmentos de rocha e as outras edificações. Parou, assustada.
“Oh, não podia ser!” Madeline piscou devagar e olhou novamente. Era a mais pura verdade. Tratava-se da carruagem de seu pai estacionada no pátio. Ele voltara.
Nervosa, sentiu a respiração acelerar-se. Não gostava de surpresas. Nos últimos dias, com a ausência do pai, desfrutara a satisfação de ser livre. Na verdade, o pai não a constrangia no sentido de ir e vir conforme sua própria determinação. la sempre fora livre para fazer o que quisesse. Madeline pensou em liberdade no sentido mais estrito da palavra. om o pai fora de casa, não tivera de preocupar-se com as costumeiras expressões de censura e desapontamento. Um olhar que sempre a atingia como uma pancada e normalmente na hora das refeições, quando ambos se encontravam.
Suspirou, resignada. Desceu a colina e atravessou o jardim pavimentado com pedras arredondadas. Passou pelo galinheiro, pela cocheira e rodeou o coche vazio parado diante da entrada. Abriu o fecho do manto e entrou em casa. O calor das chamas fortes que crepitavam na lareira da sala de estar tocou-lhe as faces coradas pelo frio.
Ela ouviu o ruído da porta fechar-se atrás de si. Tirou o manto, dobrou-o e entrou na sala. O pai estava sentado diante da lareira.
— Olá, papai. Como foi a viagem a Thirsk?
Ele dobrou uma carta, guardou-a no bolso do colete e fitou-a por cima dos óculos de aros dourados.
— Muito agradável. E muito mais proveitosa do que eu poderia imaginar.
— Que ótimo. O que aconteceu por lá? — Madeline procurou manter o tom alegre e descontraído.
— Tenho a impressão de que um fardo foi retirado de minhas costas. Recebi uma oferta muito generosa de um homem que eu não via há muitos anos.
Curiosa, mas inquieta, Madeline engoliu em seco.
— Que tipo de oferta?
O pai ergueu a cabeça, como se estivesse à procura das frases corretas para a resposta.
— Sente-se, Madeline. Precisamos trocar algumas palavras.
Madeline sentiu uma opressão no peito. Uma sensação que a acompanhava sempre que o pai queria "trocar algumas palavras" com ela. Ainda com o manto dobrado no braço, Madeline sentou-se na poltrona em frente à do pai.
— São boas notícias para nós dois. — Ele recostou-se no espaldar estofado e cruzou as pernas. — Minha filha, acredito que, apesar de tudo, apareceu-lhe uma oportunidade para casar-se. Irrecusável, diga-se de passagem.
Madeline retesou-se e passou a língua nos lábios secos.

— Eu poderia saber...
 

Uma Luz na Escuridão


Sem um centavo no bolso, desesperada mas apesar de tudo decidida, Maggie Stanley está desabrigada em uma noite de Inverno, com o seu bebê aconchegado a ela, tentando fugir a um passado perigoso, que tanto a magoou. 

Mas nessa hora de extrema solidão, na fase mais sombria que jamais viveu, a compaixão de um desconhecido, muito atraente mas pobre como ela, surge como uma luz na escuridão e proporciona-lhe o conforto e o carinho que sempre desejou e nunca teve. 
Contudo, apesar de toda a ternura que jaz encoberta no coração de Rafe Kendrick, Maggie consegue adivinhar nos olhos dele uma alma tão magoada como a sua, assim sendo ela tem a absoluta certeza de que não deve voltar a confiar em nenhum outro homem. Rafe, porém, é bem mais do que aquilo que parece. 
É um homem enigmático e reservado, que poderia dar a Maggie o céu e a terra, não fora a circunstância de ter jurado a si próprio viver sozinho o resto da sua vida. Mas às vezes, sem aviso prévio, o amor consegue transformar o mundo mais frio e implacável num verdadeiro paraíso. 

Capítulo Um 

Levado pelo vago irrealismo dos sonhos, Rafe Kendrick rendeu-se as imagens que lhe passavam devagar pela mente. Quanto mais mergulhava no sono, mais nitidez adquiriam os pormenores, mais reais se tornavam. Sorria de maneira sonolenta. 
Estava na margem do lago, pensava ele, não muito longe da primeira casa do rancho. Por entre os troncos de árvores de folha persistente, conseguia ver a vastidão descontrolada de tijolo revestido de hedra que era a casa da família, com três das chaminés recortadas no céu azul de Verão. 
A brisa suave trouxe o relincho de um garanhão, vindo do pasto ao norte, por trás dos estábulos. Lar. Até certo ponto, sabia que era apenas um sonho, mas parecia maravilhosamente real, uma recordação viva de tudo o que tinha perdido. Pedrinhas desgastadas pela água escapavam por baixo dos pés a medida que seguia a curva da margem. 
O agitar da água acalmava-o. Inspirou fundo, identificando os odores outrora tão vulgares que mal dava por eles. Abeto e pinheiro. Relva aquecida pelo sol e terra fértil. Um arrepio provocado pela brisa, mesmo num dia de Verão, aquela lagoa de grande altitude estava cercada de picos cobertos de neve. 
O passo abrandou a medida que avançava numa ligeira subida. A sua frente, num pequeno bosque com sombras, viu uma égua castanhoavermelhado e um cavalo castrado amarelo-acinzentado. Pastavam, satisfeitos, com as rédeas presas descuidadamente em ramos de carvalhos jovens. 
Ali perto, jaziam na relva duas selas adornadas com mantas. Uma sensação de “déjà vu” invadiu Rafe. Recordou esse dia. Ele e Susan tinham levado os filhos a dar um pequeno passeio a cavalo pela floresta. E, depois, tinham voltado ali, para um piquenique junto ao lago. 
Tinham se divertido cantando canções estúpidas que compunham quando andavam juntos, para entreter o filho de três anos, Keefer. Tinha sido um passeio quase perfeito e tinham-no terminado ali porque gostavam muito de estar perto da água. 
Olhou avidamente a clareira, tão ansioso de vislumbrar a família que prendeu a respiração. Atraído por uma toalha de chá vermelha axadrezada que ondulava ao vento, o seu olhar acabou por pousar primeiro no cesto de verga de piquenique. 
A tampa articulada estava parcialmente levantada por causa do gargalo de uma garrafa de vinho que saía do cesto onde a sua ama e governanta, Becca, a tinha metido para acompanhar a refeição... 4 Ah, sim..., se lembrava tão claramente de tudo, Susan, de jeans justos desbotados e blusa de algodão cor-de-rosa, o cabelo loiro apanhado em cima com uma mola caindo sobre os seus ombros numa chuva de seda. 

Uma Dama Honrada

















Capítulo Um

A enorme Barriga postiça tinha uma vantagem, con­cluiu Joan de Hawes enquanto sacolejava no lombo do cavalo, a cabeça baixa, na frente de seu raptor. Ela amortecia o corpo. Desistira de espernear e berrar.
Tudo que conseguira fora uma dor na garganta. Seu raptor a tratava como se fosse um saco de batatas, ignorando-a por completo — a não ser pela mão que a segurava pelo cinto, impedindo-a de cair, acidental­mente ou de propósito.
A despeito da raiva e do medo, ela se sentia grata por aquele aperto firme. 
Eles estavam descendo uma trilha na floresta a galope, e ela não pretendia morrer daquele jeito. Mas, afinal, quem a arrancara do burro e por quê? li logo agora, quando causaria tanto problema? De re­pente, o cavaleiro puxou as rédeas do cavalo, o fez pa­rar e á suspendeu como uma trouxa. Antes que ela gri­tasse, ele a virou, a colocou sentada de lado, em frente a ele no cavalo. Quando a cabeça de Joan parou de gi­rar, eles já estavam cavalgando novamente, e ela só conseguiu ver de relance um capuz escuro. Agora, po­rém, era possível ver outros cavaleiros por perto. Cava­leiros estranhos, que corriam como sombras ligeiras e diabólicas através da mata enregelada. Um pouco antes, eles se haviam precipitado sobre a vila em silêncio, como se fossem falcões negros vindos do céu...
— Nossa Senhora, me proteja! — suplicou ela. Será que havia sido levada pelas forças das trevas?
Ela se virou para tentar ver se o raptor tinha um rosto humano, mas só enxergou a escuridão. Um estranho tremor percorreu seu corpo, mas ela recobrou o bom senso. Ele era quente como um homem e tinha cheiro de homem: uma mistura de suor, lã e cavalo. Conse­guiu ver que seu capuz estava à frente do rosto para es­condê-lo melhor, e a pele era queimada de sol também. Ou seja, um cavaleiro como outro qualquer.
Então, percebeu algo mais. Este cavalo galopante não tinha sela, e seu dono não vestia cota de malha. As rédeas e os freios eram simples cordas. Portanto, eles não eram demônios sobrenaturais, e sim homens co­muns que não tinham colocado arreios nos cavalos nem vestido suas malhas para evitar qualquer ruído. E os cavalos eram escuros também. Não era à toa que pare­ciam surgir do nada. Eram — só podiam ser — os de Graves, os inimigos mais terríveis de seu tio, aprovei­tando a oportunidade para arruinar a mais sagrada cerimônia da família de Montelan. Mesmo assim, ela ad­mirava o plano e sua execução. Afinal, adorava um trabalho bem feito.
Mas por que, puxa, por que, tinham escolhido logo este ano para tamanha maldade, quando causaria tantos, m problemas terríveis? Sua prima Nicolette estava escalada para representar a Virgem e ninguém podia saber que ela e Joan havia trocado de lugar.
Talvez eles logo a soltassem. Tinham conseguido Interromper a cerimônia, e não havia necessidade de mantê-la presa. Se fosse assim, será que ela poderia voltar para o castelo antes que Nicolette fosse desco­berta lá? Provavelmente... se ele a deixasse descer agora.
— Senhor! Ele a ignorou.
— Senhor!